Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Araujo, Daniela, 1987-
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1633511
Resumo: Orientador: Leda Maria Caira Gitahy
id UNICAMP-30_debb07f9445ae174f84811720926c09f
oai_identifier_str oai::996067
network_acronym_str UNICAMP-30
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
repository_id_str
spelling Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologiaFeminismo and hacker culture : intersections between politics, gender and technologyFeminismoDireito a privacidadeViolência contra a mulherAutonomia (Psicologia) - Aspectos políticosTecnologia da informação - Sistemas de segurançaFeminismRight of privacyWomen Violence againstAutonomy (Psychology) - Political AspectsInformation technology - SecurityOrientador: Leda Maria Caira GitahyTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de GeociênciasResumo: Esta tese se insere nos Estudos Feministas em Ciência e Tecnologia (EFCT), e concentra-se nas intersecções entre o feminismo e a cultura hacker. O problema de pesquisa parte da observação de um movimento organizado de mulheres que se manifesta em eventos e projetos relacionados à tecnologia da informação (TI), cultura digital e cultura hacker, todos marcados pela majoritária presença masculina. Assim, me propus a responder como essas mulheres estão se organizando, considerando as motivações, os principais temas pautados e sob quais perspectivas debatem sobre tecnologia. O estudo foi delimitado por três iniciativas: o Hackathon Gênero e Cidadania, a Cryptorave e a MariaLab Hackerspace. O Hackathon Gênero e Cidadania foi uma maratona de programação realizada pelo Laboratório Hacker e a Secretaria da Mulher da Câmara Federal, em novembro de 2014. Várias equipes se inscreveram e foram selecionadas para desenvolver protótipos de ferramentas digitais que abordassem a violência de gênero e políticas públicas para mulheres. A Cryptorave, por sua vez, é um evento que tem como objetivo disseminar conhecimentos sobre criptografia, privacidade e vigilância na Internet. Acontece anualmente, desde 2014, na cidade de São Paulo. Por fim, a MariaLab Hackerspace é um coletivo feminista que reúne mulheres para a promoção de projetos em torno da interface entre feminismo e tecnologia. Aborda questões que englobam o espaço e visibilidade da mulher como profissional do setor de TI e promovem cursos voltados para segurança da informação e privacidade. Adoto a observação participante como estratégia metodológica e, dessa forma, me inseri no campo através da participação em eventos, reuniões e projetos até finalmente assumir o papel de militante feminista e integrante da MariaLab. A partir da experiência em campo identifiquei atoras, categorias e conceitos que me permitiram estabelecer a análise e a caracterização desse movimento. O texto parte da emergência da cultura hacker e os sentidos atribuídos a esta expressão, observando seus desdobramentos na defesa de direitos civis e no envolvimento com outros movimentos sociais. Apresento uma síntese das controvérsias em torno da definição do termo hacker, resgatando as principais obras que abordam o tema. Também faz parte dessa contextualização inicial uma descrição do modo como a cultura hacker se articula no Brasil, identificando alguns atores e as conexões que culminaram nas iniciativas que analiso no campo empírico desta pesquisa. A partir daí, o texto se dedica a responder algumas questões de pesquisa, a começar por quem são as feministas a frente dessas iniciativas. Elas fazem parte de uma geração de feministas jovens que têm usado a Internet como plataforma para comunicação e articulação da militância, mas problematizam as vulnerabilidades recorrentes nesse meio e buscam alternativas tecnológicas para viabilizar a atuação de coletivos. Os principais temas que emergem do campo se concentram no debate sobre violência de gênero, apontando para a necessidade de reconhecer e mapear as violações sofridas também em meios digitais. Questionam ainda o modo como princípios de autonomia e horizontalidade têm sido apropriados no discurso e na prática hacker, problematizando a forma como alguns grupos sociais permanecem às margens da participação tecnopolítica. Sugerem ainda, a abordagem interseccional como estratégia para visibilizar marcadores da desigualdade, como raça, classe, identidade sexual, que atravessam o gênero. As descobertas desta pesquisa demonstram que há, ao mesmo tempo, a colaboração e o tensionamento entre os princípios da ética hacker e a prática feminista, construindo aquilo que chamo de "ética hacker feminista". A participação das mulheres nesse movimento traz à tona a problemática em torno de ideias como liberdade, autonomia e horizontalidade, características centrais para os projetos que se enquadram na cultura hacker. Antes de encerrar, enuncio as propostas em torno das "tecnologias feministas", categoria nativa que se conecta com outras propostas de tecnologias e redes autônomas em desenvolvimento na América Latina. Em linhas gerais, o discurso acerca das "redes e tecnologias autônomas" enuncia possibilidades de resistência à vigilância massiva e ao controle das comunicações por Estados e grandes corporações. Sob a abordagem feminista, o conceito também significa resistência a um sistema e a uma infraestrutura de comunicação e informação que se constituiu em um espaço patriarcal, masculinizado, e sob o controle do norte global, estando as mulheres (mais ainda as mulheres do sul global) invisibilizadas, ou até mesmo excluídas desse processoAbstract: This research is located in Feminist Studies in Science and Technology (EFCT) and its focus remains over the intersections between feminism and hacker culture. The research problem begins with participant observation of an organized movement of women in events and projects related to information technology (IT), digital culture and hacker culture, which are all characterized by major male presence. Thus, I set out to answer how these women are organizing themselves, considering their motivations, main themes and technology perspectives. The research was bounded by three initiatives that work at the interface between gender and technology: the Hackathon Gender and Citizenship, Cryptorave and MariaLab Hackerspace. The Hackathon Gender and Citizenship is a programming marathon that was held in November of 2014 by the Hacker Laboratory and by the Women's Secretariat of the Federal Chamber. Several teams have signed up and were selected to develop digital tools to address gender violence and public policy for women. Cryptorave is an event that aims to disseminate knowledge about encryption, privacy and surveillance on the Internet. It happens annually, since 2014, in the city of São Paulo. Finally, MariaLab Hackerspace is a feminist collective that brings together women to promote initiatives on the interface between feminism and technology. It addresses issues that encompass the space and visibility of women as professionals in the information technology sector, and promote courses focused on information security and privacy. The participant observation was the methodological strategy adopted. The first approach to the fieldwork research was made through direct participation in events, meetings and projects. As time did goes by I did became more active within hacker feminist community to the point of assuming the coordination of MariaLab Hackerspace. The fieldwork experience provided me the opportunity not only to describe and analyze the hackfeminist movement but also to contribute to its development from within. The first section of this thesis introduces the emergence of hacker culture and the meanings related to this notion considering its effects over civil rights and other social movements. I present a summary of controversies on hacker's definition highlighting the main references related to the subject. It is still in the first section a brief history of hacker culture in Brazil. Following, the text move to answer research questions such as who are the feminists in the front of these initiatives. They are part of a generation of young feminists who are intensively making use of the Internet for political and private purposes but not without raising questions on vulnerabilities of this environment and, concurrently, looking for technological alternatives that foster collective action. They are mainly concerned with the debate on gender violence pointing to the need to recognize and map such violence in digital media. They are questioning how the principles of autonomy and horizontality have been appropriated in hacker practice and discourse by problematizing the fact that many social groups remain on the margins of technopolitical participation. They also suggest the intersectional approach as a strategy to visualize inequality markers, such as race, class, and gender identity, that cross gender. The research outcome demonstrate there is synergy and tension between the principles of hacker ethics and feminist practice, building what I name "the hacker feminist ethic". The participation of women brings up discussions about freedom, autonomy and horizontality, characteristics central to projects that fall into the hacker culture. To conclude I point out to the propositions of "feminist technologies". That is a native category shaped by the relation between feminist movement and different projects of autonomous networks in Latin America. In general, the discourse of autonomous networks raise possibilities of resistance to vigilantism and communication control. Specifically in the feminist approach the discourse stress the importance of resisting to a communication and information system that is built within a patriarchal and mannish approachDoutoradoPolítica Científica e TecnologicaDoutora em Política Científica e TecnológicaCAPES[s.n.]Gitahy, Leda Maria Caira, 1949-Castro, BárbaraKanashiro, Marta MourãoManica, Daniela TonelliSardenberg, Cecilia Maria BacellarUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de GeociênciasPrograma de Pós-Graduação em Política Científica e TecnológicaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASAraujo, Daniela, 1987-20182018-02-23T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf1 recurso online (147 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/1633511ARAUJO, Daniela. Feminismo e cultura hacker: intersecções entre política, gênero e tecnologia. 2018. 1 recurso online (147 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1633511. Acesso em: 3 set. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/996067Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDFporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2018-05-16T16:30:16Zoai::996067Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2018-05-16T16:30:16Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false
dc.title.none.fl_str_mv Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia
Feminismo and hacker culture : intersections between politics, gender and technology
title Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia
spellingShingle Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia
Araujo, Daniela, 1987-
Feminismo
Direito a privacidade
Violência contra a mulher
Autonomia (Psicologia) - Aspectos políticos
Tecnologia da informação - Sistemas de segurança
Feminism
Right of privacy
Women Violence against
Autonomy (Psychology) - Political Aspects
Information technology - Security
title_short Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia
title_full Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia
title_fullStr Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia
title_full_unstemmed Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia
title_sort Feminismo e cultura hacker : intersecções entre política, gênero e tecnologia
author Araujo, Daniela, 1987-
author_facet Araujo, Daniela, 1987-
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Gitahy, Leda Maria Caira, 1949-
Castro, Bárbara
Kanashiro, Marta Mourão
Manica, Daniela Tonelli
Sardenberg, Cecilia Maria Bacellar
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
dc.contributor.author.fl_str_mv Araujo, Daniela, 1987-
dc.subject.por.fl_str_mv Feminismo
Direito a privacidade
Violência contra a mulher
Autonomia (Psicologia) - Aspectos políticos
Tecnologia da informação - Sistemas de segurança
Feminism
Right of privacy
Women Violence against
Autonomy (Psychology) - Political Aspects
Information technology - Security
topic Feminismo
Direito a privacidade
Violência contra a mulher
Autonomia (Psicologia) - Aspectos políticos
Tecnologia da informação - Sistemas de segurança
Feminism
Right of privacy
Women Violence against
Autonomy (Psychology) - Political Aspects
Information technology - Security
description Orientador: Leda Maria Caira Gitahy
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018
2018-02-23T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://hdl.handle.net/20.500.12733/1633511
ARAUJO, Daniela. Feminismo e cultura hacker: intersecções entre política, gênero e tecnologia. 2018. 1 recurso online (147 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1633511. Acesso em: 3 set. 2024.
url https://hdl.handle.net/20.500.12733/1633511
identifier_str_mv ARAUJO, Daniela. Feminismo e cultura hacker: intersecções entre política, gênero e tecnologia. 2018. 1 recurso online (147 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1633511. Acesso em: 3 set. 2024.
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/996067
Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDF
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
1 recurso online (147 p.) : il., digital, arquivo PDF.
dc.publisher.none.fl_str_mv [s.n.]
publisher.none.fl_str_mv [s.n.]
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
instacron:UNICAMP
instname_str Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
instacron_str UNICAMP
institution UNICAMP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
repository.mail.fl_str_mv sbubd@unicamp.br
_version_ 1809189122762342400