Políticas do primitivismo na América Latina : raça, nação e utopia em Amauta e na Revista de Antropofagia
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/20.500.12733/253 |
Resumo: | Orientador: Elena Brugioni |
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Políticas do primitivismo na América Latina : raça, nação e utopia em Amauta e na Revista de AntropofagiaPolitics of primitivism in Latin America : race, nation and utopia in Amauta and Revista de AntropofagiaLiteratura experimentalDecolonizaçãoRepresentação (Linguística)LiteraturaBranquitudeAvant-garde literatureDecolonialityRepresentationLiteratureWhiteness (Race identity)Orientador: Elena BrugioniTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: No início do século XX, com o advento das tecnologias de reprodução técnica da imagem e o avanço global do imperialismo e do capitalismo, a representação burguesa do homem entrou em crise. Diante do contraste entre a modernização urbana e industrial e zonas rurais e provincianas tradicionais, em muitas das grandes cidades do mundo surgiram movimentos artísticos de vanguarda, frequentemente reunidos em revistas de publicação periódica. Essas vanguardas conjugavam imaginações utópicas sobre a humanidade a críticas sobre as convenções artísticas tradicionais. Uma das tendências mais importantes dessas vanguardas, em diálogo com os movimentos globais de colonização e modernização capitalista em zonas de contato, foi o primitivismo, que buscou pôr em relevo figuras universalistas do humano, segundo perspectivas utópicas e críticas, mas o fez através da apropriação de formas e técnicas de povos colonizados, reproduzindo simbolicamente o circuito colonial de exploração de terras e povos nativos. Nas condições coloniais particulares da América Latina, em revistas como Amauta (1926-1930), no Peru, e Revista de Antropofagia (1928-1929), no Brasil, as dinâmicas do primitivismo apresentaram características distintas e peculiares, derivadas da necessidade de formulação de identidades nacionais modernas em países com históricos singulares de colonização e tensão racial. A construção da figura do antropófago na Revista de Antropofagia se contrapunha a discursos politicamente conservadores da época, mas, semelhante a alguns deles, tomava o indígena como substrato corporal da identidade nacional em contato síncrono com a subjetividade branca e europeia que se tornava sua enunciadora, apagando, ao mesmo tempo, a contribuição cultural e material da população negra, bem como as reivindicações dos povos indígenas contemporâneos. O indigenismo de Amauta, por sua vez, reconhecia o direito à terra dos indígenas, mas recusava sua agência histórica e sua cultura no presente, formulando a nação peruana em continuidade com a cultura incaica pré-colombiana e concebendo o indígena contemporâneo apenas como corpo apto ao trabalho para o desenvolvimento da nação moderna, na medida em que seria capaz de absorver a cultura "ocidental". Dessa forma, o indigenismo peruano e a antropofagia contribuíram, no início do século XX, para a manutenção simbólica da divisão racial do trabalho que fundamenta a modernidade colonial capitalista, através de figurações de corpos indígenas e negros como corpos de trabalho e da extração de valor total desses povos a serviço da hegemonia da branquitudeAbstract: In the beginning of the 20th century, with the advent of the technical reproduction of images and the global progress of imperialism and capitalism, the bourgeois representation of man entered a crisis. Amidst the contrast between urban and industrial modernization and traditional rural and provincial zones, artistic avant-garde movements emerged in many of the world’s big cities, frequently gathered around periodically published magazines. These avant-gardes conjugated utopian imaginings about humanity and criticism against traditional artistic conventions. One of the most important avant-garde tendencies, in dialogue with global colonizing and modernizing movements in contact zones, was primitivism, which sought to express universalist figurations of the human, according to critical and utopian perspectives, but appropriated forms and techniques of colonized peoples, symbolically reproducing the colonial circuit of exploration of native lands and peoples. In the particular colonial conditions of Latin America, in magazines such as Amauta (1926-1930), in Peru, and Revista de Antropofagia (1928-1929), in Brazil, the dynamics of primitivism displayed distinctive and peculiar characteristics, related to the necessity of formulating modern national identities in countries with singular histories of colonization and racial tension. The construction of the image of the anthropophagus in Revista de Antropofagia opposed politically conservative discourses at the time but, like some of them, it took the indigenous to be the bodily substrate of the national identity in synchronous contact with the white European subjectivity which then became its enunciator, thus erasing the cultural and material contribution of the black population as well as the claims of the contemporary indigenous peoples. Amauta’s indigenismo, on the other hand, recognized indigenous rights to land, but refused their historical agency and culture in the present, formulating the Peruvian nation in continuity with pre-Columbian Incaic culture and conceiving the contemporary indigenous only as an apt to work body in service of the development of the modern nation, and with the condition of its absorbing "western" culture. In that manner, both Peruvian indigenismo and anthropophagy contributed, in the beginning of the 20th century, to the symbolic maintenance of the racial division of labor that constitutes capitalist colonial modernity, through figurations of black and indigenous bodies as work bodies and the extraction of total value from these peoples for the benefit of white hegemonyDoutoradoTeoria e Crítica LiteráriaDoutor em Teoria e História LiteráriaCAPES001[s.n.]Brugioni, Elena, 1979-Gelado, VivianaHonorato, SueneRuggieri, MarianaNatali, Marcos PiasonUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da LinguagemPrograma de Pós-Graduação em Teoria e História LiteráriaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASCardoso, Rodrigo Octávio, 1987-20212021-08-25T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf1 recurso online (238 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/253CARDOSO, Rodrigo Octávio. Políticas do primitivismo na América Latina: raça, nação e utopia em Amauta e na Revista de Antropofagia. 2021. 1 recurso online (238 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/253. Acesso em: 3 set. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1231115Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDFporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-11-10T10:49:05Zoai::1231115Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2021-11-10T10:49:05Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false |
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