Uma perspectiva despatologizante de atendimentos psicoterapêuticos com crianças com diagnóstico de autismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Leite, Marina Pereira, 1993-
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1641372
Resumo: Orientador: Kelly Cristina Brandão da Silva
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spelling Uma perspectiva despatologizante de atendimentos psicoterapêuticos com crianças com diagnóstico de autismoA depathologizing perspective on psychotherapeutic care of children diagnosed with autismPsicoterapiaSaúde mentalSaúde públicaPsicologia infantilPsicopatologiaDesenvolvimento infantilAutismoPsychotherapyMental healthPublic healthPsychology childPsychopathologyChild developmentAutismOrientador: Kelly Cristina Brandão da SilvaDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências MédicasResumo: No contexto atual do campo da Saúde Mental, usualmente, estão presentes orientações de cuidado centralizadas no diagnóstico. Assumimos que essas perspectivas possibilitam um cenário patologizante, embasado em discursos biomédicos, que desconsideram particularidades e idiossincrasias do sujeito. Afim de discutir a problemática "O que pode o psicólogo quando ele se propõe a pensar/atuar para além dessa perspectiva patologizante?" Esse trabalho se organiza a partir de algumas referências, entre elas destacamos: os conceitos de práticas de saber e de poder de Michel Foucault; elaborações da Associação Americana de Psiquiatria (como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais); cartilhas elaboradas pelo Ministério da Saúde; e proposições elaboradas por alguns grupos de profissionais a favor da despatologização. Nesse cenário, esse trabalho objetiva discutir o processo terapêutico psicológico de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (T.E.A.). Com esse intuito, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa, de intervenção, longitudinal por um período de 17 meses, a coleta do material foi realizada a partir de atendimentos individuais. Os participantes foram duas crianças (2 e 3 anos) com diagnóstico de T.E.A.. Os atendimentos foram realizados em um ambulatório infantil do Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação da UNICAMP. A análise do material baseou-se no paradigma indiciário de Carlos Ginzburg. Essa pesquisa nos permitiu valorizar a perspectiva despatologizante, pois essa possibilita o encontro entre o profissional, a família e a criança, para além das características descritas generalizadamente nos diagnósticos de psicopatologia. Nesse sentido, esse trabalho valida-se pela importância de pensar a naturalização das práticas e discursos patologizantes no campo da Saúde Mental e apresentar uma possibilidade, ou ainda, uma proposta de atendimento para esse público. Entre os resultados dessa pesquisa, destacamos a aproximação dos pais com a criança, narrativas paternas, antes embasadas em sintomas do quadro, passaram a considerar contextos e aspectos particulares das crianças e da família. A partir de ressignificações nas percepções dos pais, as crianças deixaram de ocupar um lugar deficitário e patologizado de uma "criança autista". Notamos que as crianças começaram a apresentar outras formas e maneiras de interagir com as brincadeiras, com os espaços físicos e com a terapeuta, apontando mudanças também em características dos diagnósticos de autismo. A presente pesquisa problematizou os processos de normatização e de patologização incidentes nos pais e nos próprios profissionais. A análise sobre os gestos, corpos e detalhes presentes nas ações e nos atendimentos das crianças constatou uma perspectiva distinta ao olhar patologizante e normativo, a compreensão de um outro corpo, outras relações de tempo-espaço, outras interações por parte das crianças. Nessa linha, as crianças ocupam um lugar distinto ao lugar deficitário, tão presente na Saúde Mental. Concluímos com esse estudo que podemos traçar algumas linhas acerca das possibilidades terapêuticas para além dos processos de patologização, uma proposta de resistência aos jogos e discursos normativos de poder. Salientamos ainda que a linha de possibilidade terapêutica aqui apresentada não objetiva criar formas de intervenções específicas com crianças com diagnóstico de T.E.A., mas para toda e qualquer criança em sofrimento, no campo da Saúde MentalAbstract: In the current context of Mental Health, usually, there are care guidelines centralized on diagnosis. We assume that these perspectives provide a pathologizing scenario, based on biomedical discourses, which do not considerate particularities and idiosyncrasies of the subject. In order to discuss the problematic "what can the psychologist do when one sets out to think/act beyond the pathologizing perspective?" This work is organized out of a few references, which among these are: the knowledge practices and power concepts, from Michel Foucault; elaborations from the American Psychiatric Association (such as the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders); primers elaborated by Ministério da Saúde; and propositions elaborated by a few groups of professionals in favour of depathologization. In this scenario, this work aims to discuss the psychological therapeutic process of children diagnosed with Autism Spectrum Disorder (A.S.D.). For this purpose, we developed a qualitative research, interventional, longitudinal for a 17 months period, the material collection was performed in individual appointment. The participants were two children (2 and 3 years old) diagnosed with A.S.D. The appointments were performed in a children’s outpatient of the Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação of UNICAMP. The analysis of the material was based on Carlos Ginzburg’s indiciary paradigm. This research allowed us to value the depathologizing perspective, because it enables the encounter between the professional, the family and the child, beyond the characteristics generally described in psychopathology diagnostics. In this direction, this work is validated by the importance of thinking the naturalization of the pathologizing practices and discourses in the field of Mental Health, and show a possibility, or even a proposal of care for the patients. Among the results of the research, we highlight the approach of the parents to the child, paternal narratives, previously grounded on the condition symptoms, started to considerate contexts and particular aspects of the children and the family. As from resignifications in the perceptions of the parents, the children leave a deficit and pathologized place of an "autistic child". We notice that the children begin to present other ways of interacting with the games, with the physical space and with the therapist, pointing changes also in characteristics of the autism diagnosis. This research problematized the processes of normalization and pathologization appurtenant to the parents and the professionals. The analysis on the gestures, the bodies and the details present in the actions and in the appointments of the children found a distinct perspective to the normative and pathologizing look, the comprehension of another body, other spatiotemporal relations, other interactions by the children. In this way, the children occupy a distinct place in comparison to the deficit place, still very present in Mental Health. By means of this study, we conclude that we may trace a few lines around the therapeutic possibilities to beyond the processes of pathologization, a proposal of resistance to the normative games and discourses of power. We highlight that the line of therapeutic possibility here presented does not aim to create ways of specific interventions for children diagnosed with A.S.D., but for any and all child in suffering, in the field of Mental HealthMestradoInterdisciplinaridade e ReabilitaçãoMestra em Saúde, Interdisciplinaridade e ReabilitaçãoFuncamp2196/18[s.n.]Silva, Kelly Cristina Brandão da, 1972-Christofoletti, RafaelBagarollo, Maria FernandaUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências MédicasPrograma de Pós-Graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e ReabilitaçãoUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASLeite, Marina Pereira, 1993-20202020-02-12T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdf1 recurso online (121 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/1641372LEITE, Marina Pereira. Uma perspectiva despatologizante de atendimentos psicoterapêuticos com crianças com diagnóstico de autismo. 2020. 1 recurso online (121 p.) Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1641372. Acesso em: 3 set. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1164617Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDFporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-05-18T15:12:59Zoai::1164617Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2021-05-18T15:12:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false
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