O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2017 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Ágora Filosófica |
Texto Completo: | http://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/1008 |
Resumo: | a partir da crítica à cegueira histórico-sociológica das teorias da modernidade euronorcêntricas – utilizaremos a teoria da modernidade de Jürgen Habermas como caso exemplar –, defenderemos que o colonialismo se constitui em uma frutífera e consistente teoria da modernidade que permite a desconstrução dessa cegueira histórico-sociológica, caracterizada (a) pela formulação de um discurso filosófico-sociológico da modernidade sobre si mesma que, se por um lado é autorreferencial, auto-subsistente e endógeno, por outro, ao fim e ao cabo, descobre o gênero humano, imbricando diretamente modernização, racionalização, universalismo e gênero humano, modernização como gênero humano; (b) pela separação entre modernidade cultural e modernização econômico-social, a primeira enquanto esfera puramente normativa, a segunda como esfera basicamente lógico-técnica, instrumental, de modo que, por essa separação, a modernidade cultural aparece pura e santa, autêntico universalismo sob a forma de racionalização cultural-comunicativa e procedimentalismo imparcial, neutro, formal e impessoal, ao passo que a modernização econômico-social passa a ser a única causa das patologias psicossociais modernas – por isso, a modernidade cultural pode ser defendida em sua universalidade, contra qualquer crítica dirigida à modernização; (c) pelo apagamento e pelo silenciamento do colonialismo como parte constitutiva fundamental da teoria da modernidade, uma vez que, se ele fosse colocado como conseqüência da própria modernização, haveria a necessidade de se correlacionar modernidade cultural e modernização econômico-social, o que implodiria a pretensão de a modernidade servir como universalismo epistemológico-político, como guarda-chuva normativo de todas as diferenças, como condição da crítica, da reflexividade e da emancipação; e (d) a separação, como ponto de partida e pré-conceito político-normativo das teorias da modernidade, entre modernidade europeia como racionalização e universalismo versus todo o resto como tradicionalismo em geral, dogmático e preso ao contexto de emergência. Com isso, defenderemos que o colonialismo como teoria da modernidade permite trazer-se para dentro desta a própria voz-práxis das vítimas, dos sujeitos epistemológico-políticos e dos contextos socioculturais periferizados, colonizados, o que possibilitaria a reconstrução e a correção-complementação dessa mesma teoria da modernidade. |
id |
UNICAP-2_e28a80d62b8cc6811a3f7e090f374f1c |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs2.gavoa.unicap.br:article/1008 |
network_acronym_str |
UNICAP-2 |
network_name_str |
Revista Ágora Filosófica |
spelling |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICAa partir da crítica à cegueira histórico-sociológica das teorias da modernidade euronorcêntricas – utilizaremos a teoria da modernidade de Jürgen Habermas como caso exemplar –, defenderemos que o colonialismo se constitui em uma frutífera e consistente teoria da modernidade que permite a desconstrução dessa cegueira histórico-sociológica, caracterizada (a) pela formulação de um discurso filosófico-sociológico da modernidade sobre si mesma que, se por um lado é autorreferencial, auto-subsistente e endógeno, por outro, ao fim e ao cabo, descobre o gênero humano, imbricando diretamente modernização, racionalização, universalismo e gênero humano, modernização como gênero humano; (b) pela separação entre modernidade cultural e modernização econômico-social, a primeira enquanto esfera puramente normativa, a segunda como esfera basicamente lógico-técnica, instrumental, de modo que, por essa separação, a modernidade cultural aparece pura e santa, autêntico universalismo sob a forma de racionalização cultural-comunicativa e procedimentalismo imparcial, neutro, formal e impessoal, ao passo que a modernização econômico-social passa a ser a única causa das patologias psicossociais modernas – por isso, a modernidade cultural pode ser defendida em sua universalidade, contra qualquer crítica dirigida à modernização; (c) pelo apagamento e pelo silenciamento do colonialismo como parte constitutiva fundamental da teoria da modernidade, uma vez que, se ele fosse colocado como conseqüência da própria modernização, haveria a necessidade de se correlacionar modernidade cultural e modernização econômico-social, o que implodiria a pretensão de a modernidade servir como universalismo epistemológico-político, como guarda-chuva normativo de todas as diferenças, como condição da crítica, da reflexividade e da emancipação; e (d) a separação, como ponto de partida e pré-conceito político-normativo das teorias da modernidade, entre modernidade europeia como racionalização e universalismo versus todo o resto como tradicionalismo em geral, dogmático e preso ao contexto de emergência. Com isso, defenderemos que o colonialismo como teoria da modernidade permite trazer-se para dentro desta a própria voz-práxis das vítimas, dos sujeitos epistemológico-políticos e dos contextos socioculturais periferizados, colonizados, o que possibilitaria a reconstrução e a correção-complementação dessa mesma teoria da modernidade. Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)Danner, Leno FranciscoDanner, FernandoBavaresco, Agemir2017-07-29info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/100810.25247/P1982-999X.2017.v1n1.p149-201Revista Ágora Filosófica; v. 1, n. 1 (2017): A Filosofia na pluralidade das suas vozes; 149-2011982-999X1679-538510.25247/P1982-999X.2017.v1n1reponame:Revista Ágora Filosóficainstname:Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)instacron:UNICAPporhttp://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/1008/868Direitos autorais 2017 Ágora Filosóficainfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-08-04T10:42:22Zoai:ojs2.gavoa.unicap.br:article/1008Revistahttp://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/oai1982-999X1679-5385opendoar:null2020-08-04 10:42:24.013Revista Ágora Filosófica - Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA |
title |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA |
spellingShingle |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA Danner, Leno Francisco |
title_short |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA |
title_full |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA |
title_fullStr |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA |
title_full_unstemmed |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA |
title_sort |
O COLONIALISMO COMO TEORIA DA MODERNIDADE: ESBOÇO DE UMA PESQUISA INTERDISCIPLINAR EM TEORIA SOCIAL CRÍTICA |
author |
Danner, Leno Francisco |
author_facet |
Danner, Leno Francisco Danner, Fernando Bavaresco, Agemir |
author_role |
author |
author2 |
Danner, Fernando Bavaresco, Agemir |
author2_role |
author author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
|
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Danner, Leno Francisco Danner, Fernando Bavaresco, Agemir |
dc.subject.none.fl_str_mv |
|
dc.description.none.fl_txt_mv |
a partir da crítica à cegueira histórico-sociológica das teorias da modernidade euronorcêntricas – utilizaremos a teoria da modernidade de Jürgen Habermas como caso exemplar –, defenderemos que o colonialismo se constitui em uma frutífera e consistente teoria da modernidade que permite a desconstrução dessa cegueira histórico-sociológica, caracterizada (a) pela formulação de um discurso filosófico-sociológico da modernidade sobre si mesma que, se por um lado é autorreferencial, auto-subsistente e endógeno, por outro, ao fim e ao cabo, descobre o gênero humano, imbricando diretamente modernização, racionalização, universalismo e gênero humano, modernização como gênero humano; (b) pela separação entre modernidade cultural e modernização econômico-social, a primeira enquanto esfera puramente normativa, a segunda como esfera basicamente lógico-técnica, instrumental, de modo que, por essa separação, a modernidade cultural aparece pura e santa, autêntico universalismo sob a forma de racionalização cultural-comunicativa e procedimentalismo imparcial, neutro, formal e impessoal, ao passo que a modernização econômico-social passa a ser a única causa das patologias psicossociais modernas – por isso, a modernidade cultural pode ser defendida em sua universalidade, contra qualquer crítica dirigida à modernização; (c) pelo apagamento e pelo silenciamento do colonialismo como parte constitutiva fundamental da teoria da modernidade, uma vez que, se ele fosse colocado como conseqüência da própria modernização, haveria a necessidade de se correlacionar modernidade cultural e modernização econômico-social, o que implodiria a pretensão de a modernidade servir como universalismo epistemológico-político, como guarda-chuva normativo de todas as diferenças, como condição da crítica, da reflexividade e da emancipação; e (d) a separação, como ponto de partida e pré-conceito político-normativo das teorias da modernidade, entre modernidade europeia como racionalização e universalismo versus todo o resto como tradicionalismo em geral, dogmático e preso ao contexto de emergência. Com isso, defenderemos que o colonialismo como teoria da modernidade permite trazer-se para dentro desta a própria voz-práxis das vítimas, dos sujeitos epistemológico-políticos e dos contextos socioculturais periferizados, colonizados, o que possibilitaria a reconstrução e a correção-complementação dessa mesma teoria da modernidade. |
description |
a partir da crítica à cegueira histórico-sociológica das teorias da modernidade euronorcêntricas – utilizaremos a teoria da modernidade de Jürgen Habermas como caso exemplar –, defenderemos que o colonialismo se constitui em uma frutífera e consistente teoria da modernidade que permite a desconstrução dessa cegueira histórico-sociológica, caracterizada (a) pela formulação de um discurso filosófico-sociológico da modernidade sobre si mesma que, se por um lado é autorreferencial, auto-subsistente e endógeno, por outro, ao fim e ao cabo, descobre o gênero humano, imbricando diretamente modernização, racionalização, universalismo e gênero humano, modernização como gênero humano; (b) pela separação entre modernidade cultural e modernização econômico-social, a primeira enquanto esfera puramente normativa, a segunda como esfera basicamente lógico-técnica, instrumental, de modo que, por essa separação, a modernidade cultural aparece pura e santa, autêntico universalismo sob a forma de racionalização cultural-comunicativa e procedimentalismo imparcial, neutro, formal e impessoal, ao passo que a modernização econômico-social passa a ser a única causa das patologias psicossociais modernas – por isso, a modernidade cultural pode ser defendida em sua universalidade, contra qualquer crítica dirigida à modernização; (c) pelo apagamento e pelo silenciamento do colonialismo como parte constitutiva fundamental da teoria da modernidade, uma vez que, se ele fosse colocado como conseqüência da própria modernização, haveria a necessidade de se correlacionar modernidade cultural e modernização econômico-social, o que implodiria a pretensão de a modernidade servir como universalismo epistemológico-político, como guarda-chuva normativo de todas as diferenças, como condição da crítica, da reflexividade e da emancipação; e (d) a separação, como ponto de partida e pré-conceito político-normativo das teorias da modernidade, entre modernidade europeia como racionalização e universalismo versus todo o resto como tradicionalismo em geral, dogmático e preso ao contexto de emergência. Com isso, defenderemos que o colonialismo como teoria da modernidade permite trazer-se para dentro desta a própria voz-práxis das vítimas, dos sujeitos epistemológico-políticos e dos contextos socioculturais periferizados, colonizados, o que possibilitaria a reconstrução e a correção-complementação dessa mesma teoria da modernidade. |
publishDate |
2017 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2017-07-29 |
dc.type.none.fl_str_mv |
|
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/1008 10.25247/P1982-999X.2017.v1n1.p149-201 |
url |
http://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/1008 |
identifier_str_mv |
10.25247/P1982-999X.2017.v1n1.p149-201 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
http://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/1008/868 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Direitos autorais 2017 Ágora Filosófica info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Direitos autorais 2017 Ágora Filosófica |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.coverage.none.fl_str_mv |
|
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista Ágora Filosófica; v. 1, n. 1 (2017): A Filosofia na pluralidade das suas vozes; 149-201 1982-999X 1679-5385 10.25247/P1982-999X.2017.v1n1 reponame:Revista Ágora Filosófica instname:Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) instacron:UNICAP |
reponame_str |
Revista Ágora Filosófica |
collection |
Revista Ágora Filosófica |
instname_str |
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) |
instacron_str |
UNICAP |
institution |
UNICAP |
repository.name.fl_str_mv |
Revista Ágora Filosófica - Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1674119801866289153 |