FILOSOFIA E TEMPO LIVRE

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SILVA, Edson Barbosa da
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Digital Unicesumar
Texto Completo: http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7071
Resumo: Este ensaio pretende tratar do tema Filosofia e Tempo Livre a partir da Filosofia Antiga e o início das lutas pela redução da jornada de trabalho pós-Rev. Industrial, sob a ótica de Paul Lafargue no Direito à Preguiça e, nos dias de hoje, Domênico de Masi no Ócio Criativo. Que concepção de trabalho tem em mente aqueles que projetam sua vida a partir trabalho para ganhar dinheiro e, por último, ser feliz? Tudo indica que é a concepção de trabalho moderno, resultado da Rev. Industrial. Tal visão constitui uma nova forma de ver a atividade produtiva como nunca se viu na história da humanidade. Ela é extremamente diferente da visão de trabalho dos povos antigos e medievais. Os gregos nos tempos áureos, “sentiam desprezo pelo trabalho: apenas aos escravos era permitido trabalhar; o homem livre conhecia apenas os exercícios corporais e os jogos da inteligência”, seg. Lafargue. Veja que tanto em Platão, quanto Aristóteles, no que se refere ao trabalho, suas concepções eram muito semelhantes e gostariam que os cidadãos de suas repúblicas ideais vivessem no maior lazer, repudiando assim o trabalho e, juntamente com muitos filósofos e poetas romanos, não se cansavam de proclamar o ócio. O ócio era visto como um valor indispensável para a vida livre e feliz, para o exercício da nobre atividade política, para o cultivo do espírito (artes e ciências) e para o cuidado com o vigor e a beleza do corpo, vendo o trabalho como pena, castigo que cabe aos escravos e desonra que cai sobre homens livres pobres. Os vocábulos ergon (em grego) e o opus (em latim) referem-se às obras produzidas e não à atividade de produzí-las. Enfim, não é demais lembrar que a palavra latina que dá origem ao nosso vocábulo ‘trabalho’ é tripalium. Instrumento de tortura para empalar escravos rebeldes e derivado de palus, estaca, poste onde se empalam os condenados. E labor (em latim) significa esforço penoso, dobrar-se sob o peso de uma carga, dor, sofrimento, pena e fadiga. Não é significativo, aliás, que muitas línguas modernas derivadas do latim, ou que sofreram sua influência, recuperem a maldição divina lançada contra Eva usando a expressão ‘trabalho de parto”, seg. Marilena Chauí. Hoje podemos ter muito tempo livre, inclusive mais que na antiguidade, devido à evolução tecnológica na produção e conservação de alimentos. Produzimos infinitamente mais do que precisamos. A produção robotizadas com suporte em computadores avançados possibilitam a cada ano substituir o trabalho braçal por máquinas. Mas não é isto que está acontecendo em muitas sociedades capitalistas modernas, como no Brasil. Sem ter todo desenvolvimento tecnológico na produção e conservação de alimentos como hoje. Em 1874 na França e na Inglaterra, por outros caminhos, alguns industriais e intelectuais, já percebiam que, diminuindo o tempo de produção, os funcionários obtinham mais resultados na atividade produtiva.O conceito de trabalho visto a partir do Tempo Livre e não da produção possibilita ao homem libertar-se do reino da necessidade. A expressão banal: “parar para pensar” é, a esse respeito, muito significativa. Os animais nunca param para pensar, porque quando param, não pensam, mas adormecem. Para poder pensar é indispensável romper o circuito das determinações, quebrar a corrente da necessidade a que estão presos todos os seres naturais, a fim de ascender ao nível da consciência e atingir a liberdade plena.
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