TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2005 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Digital Unicesumar |
Texto Completo: | http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7228 |
Resumo: | Este trabalho procurou verificar se a condição socioeconômica dos presos reclusos na Penitenciária Estadual de Maringá - PEM, no período compreendido de maio a setembro de 2004, foi determinante na perpetração dos seus primeiros crimes cometidos. Esta preocupação está diretamente ligada a pelo menos dois fatores. O primeiro relaciona-se à forma com que o sistema penal brasileiro concebe o perpetrador do crime no desenvolvimento do tratamento penal, ou seja, objeto de readaptação e o único responsável pelos seus atos, uma vez que a sua condição socioeconômica não tem ingerência na prática delituosa. O segundo fator se deu em função da necessidade de desmistificar esta concepção imediatista e ahistórica. Assim, este trabalho contribui na discussão e na busca de alternativas para o fazer profissional dos assistentes sociais no campo da execução penal. Optamos então, por um estudo na perspectiva dialética histórica, com abordagem qualitativa a nível exploratória. Para tanto contextualizamos o tratamento penal, resgatando o seu surgimento, na tentativa de desvelar os seus verdadeiros objetivos dentro da evolução histórica, bem como a atual concepção de crime. Logo em seguida, abordamos o homem e as condições materiais de sua existência. Ademais, com um corte transversal, verificamos o nível socioeconômico dos internos desta penitenciária. Através de entrevistas estruturadas e aplicadas ao universo dos internos da PEM, buscamos responder o problema em questão: a condição socioeconômica dos presos da PEM foi determinante na perpetração dos primeiros crimes? Chegamos aos seguintes resultados: As principais profissões exercidas pelos pais destes presos eram a de lavrador com 43,14%; seguidas da de pedreiro com 10,57%; servente de pedreiro com 6,57% e motorista com 6,57%. Que 38,98% das mães dos presos eram doméstica/diarista; 26,41% eram lavradoras e 11,95% costureiras. Estes resultados nos sugerem que os pais destes presos possuem status inferiorizado com poucas possibilidades de dar uma educação formal que permitam a profissionalização de seus filhos, o que é confirmado nas próprias profissões exercidas por estes presos quando cometeram o primeiro delitos, ou seja, 16% eram lavradores, 8,86% ajudantes gerais, 8,29% pedreiros, 6,29% motoristas e 5,71% vendedores. Contudo, os setores econômicos que possuem mais presos era o de serviços com 34,57%, seguidos pelos da construção civil com 22 % e o da agricultura com 20,57%. O nível de escolaridade dos mesmos também era muito baixo, já que, 76,92% dos estupradores eram analfabetos ou cursam até 4ª série do ensino fundamental; que 77,96% dos que furtaram pela primeira vez eram analfabetos ou cursavam até 5ª série do ensino fundamental e que 70,21% dos homicidas eram analfabetos ou cursaram até a 5ª do ensino fundamental. Com relação à remuneração dos presos, 36,01% não tinham nenhuma renda quando cometeram o primeiro crime. Que apesar de 63,99% dos mesmos estarem trabalhando quando cometeram o primeiro crime, 79,90% recebiam até dois salários mínimos e meio. Sendo assim, concluímos que, apesar de não descartar outras teorias que explicam a perpetração dos crimes, a condição socioeconômica tem ingerência maior ou menor em todos os primeiros crimes praticados pelos presos da PEM, ou seja, não é a determinante, mas é a condição ideal na perpetração do crime, uma vez que quase todos os requisitos para uma construção humanizada do ente caracterizam-se um espaço ocupado pelo mercado, ou seja, a alimentação, vestuário, moradia, transportes, meio ambiente, educação, lazer, cultura, o tempo junto com a família, dentre outros, são escassos e inacessíveis para esta parte da população. |
id |
UNICESU-1_61512d134b28c4c0c97430d831a2da75 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:rdu.unicesumar.edu.br:123456789/7228 |
network_acronym_str |
UNICESU-1 |
network_name_str |
Repositório Digital Unicesumar |
repository_id_str |
|
spelling |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIALTratamento penalCondição socioeconômicaCrimeEste trabalho procurou verificar se a condição socioeconômica dos presos reclusos na Penitenciária Estadual de Maringá - PEM, no período compreendido de maio a setembro de 2004, foi determinante na perpetração dos seus primeiros crimes cometidos. Esta preocupação está diretamente ligada a pelo menos dois fatores. O primeiro relaciona-se à forma com que o sistema penal brasileiro concebe o perpetrador do crime no desenvolvimento do tratamento penal, ou seja, objeto de readaptação e o único responsável pelos seus atos, uma vez que a sua condição socioeconômica não tem ingerência na prática delituosa. O segundo fator se deu em função da necessidade de desmistificar esta concepção imediatista e ahistórica. Assim, este trabalho contribui na discussão e na busca de alternativas para o fazer profissional dos assistentes sociais no campo da execução penal. Optamos então, por um estudo na perspectiva dialética histórica, com abordagem qualitativa a nível exploratória. Para tanto contextualizamos o tratamento penal, resgatando o seu surgimento, na tentativa de desvelar os seus verdadeiros objetivos dentro da evolução histórica, bem como a atual concepção de crime. Logo em seguida, abordamos o homem e as condições materiais de sua existência. Ademais, com um corte transversal, verificamos o nível socioeconômico dos internos desta penitenciária. Através de entrevistas estruturadas e aplicadas ao universo dos internos da PEM, buscamos responder o problema em questão: a condição socioeconômica dos presos da PEM foi determinante na perpetração dos primeiros crimes? Chegamos aos seguintes resultados: As principais profissões exercidas pelos pais destes presos eram a de lavrador com 43,14%; seguidas da de pedreiro com 10,57%; servente de pedreiro com 6,57% e motorista com 6,57%. Que 38,98% das mães dos presos eram doméstica/diarista; 26,41% eram lavradoras e 11,95% costureiras. Estes resultados nos sugerem que os pais destes presos possuem status inferiorizado com poucas possibilidades de dar uma educação formal que permitam a profissionalização de seus filhos, o que é confirmado nas próprias profissões exercidas por estes presos quando cometeram o primeiro delitos, ou seja, 16% eram lavradores, 8,86% ajudantes gerais, 8,29% pedreiros, 6,29% motoristas e 5,71% vendedores. Contudo, os setores econômicos que possuem mais presos era o de serviços com 34,57%, seguidos pelos da construção civil com 22 % e o da agricultura com 20,57%. O nível de escolaridade dos mesmos também era muito baixo, já que, 76,92% dos estupradores eram analfabetos ou cursam até 4ª série do ensino fundamental; que 77,96% dos que furtaram pela primeira vez eram analfabetos ou cursavam até 5ª série do ensino fundamental e que 70,21% dos homicidas eram analfabetos ou cursaram até a 5ª do ensino fundamental. Com relação à remuneração dos presos, 36,01% não tinham nenhuma renda quando cometeram o primeiro crime. Que apesar de 63,99% dos mesmos estarem trabalhando quando cometeram o primeiro crime, 79,90% recebiam até dois salários mínimos e meio. Sendo assim, concluímos que, apesar de não descartar outras teorias que explicam a perpetração dos crimes, a condição socioeconômica tem ingerência maior ou menor em todos os primeiros crimes praticados pelos presos da PEM, ou seja, não é a determinante, mas é a condição ideal na perpetração do crime, uma vez que quase todos os requisitos para uma construção humanizada do ente caracterizam-se um espaço ocupado pelo mercado, ou seja, a alimentação, vestuário, moradia, transportes, meio ambiente, educação, lazer, cultura, o tempo junto com a família, dentre outros, são escassos e inacessíveis para esta parte da população.UNIVERSIDADE CESUMARBrasilUNICESUMAR2021-02-05T10:54:27Z2005-10-192021-02-05T10:54:27Z2005-10-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfPresencialhttp://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7228porBRITO, James Simoes DeROSSI, Luiz Alexandre SolanoLIMA, Éber Ferreira Silveirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Digital Unicesumarinstname:Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR)instacron:UniCesumar2021-02-06T06:01:47Zoai:rdu.unicesumar.edu.br:123456789/7228Repositório InstitucionalPRIhttp://rdu.unicesumar.edu.br/oai/requestopendoar:2021-02-06T06:01:47Repositório Digital Unicesumar - Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL |
title |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL |
spellingShingle |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL BRITO, James Simoes De Tratamento penal Condição socioeconômica Crime |
title_short |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL |
title_full |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL |
title_fullStr |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL |
title_full_unstemmed |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL |
title_sort |
TRATAMENTO PENAL E EXCLUSÃO SOCIAL |
author |
BRITO, James Simoes De |
author_facet |
BRITO, James Simoes De ROSSI, Luiz Alexandre Solano LIMA, Éber Ferreira Silveira |
author_role |
author |
author2 |
ROSSI, Luiz Alexandre Solano LIMA, Éber Ferreira Silveira |
author2_role |
author author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
BRITO, James Simoes De ROSSI, Luiz Alexandre Solano LIMA, Éber Ferreira Silveira |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Tratamento penal Condição socioeconômica Crime |
topic |
Tratamento penal Condição socioeconômica Crime |
description |
Este trabalho procurou verificar se a condição socioeconômica dos presos reclusos na Penitenciária Estadual de Maringá - PEM, no período compreendido de maio a setembro de 2004, foi determinante na perpetração dos seus primeiros crimes cometidos. Esta preocupação está diretamente ligada a pelo menos dois fatores. O primeiro relaciona-se à forma com que o sistema penal brasileiro concebe o perpetrador do crime no desenvolvimento do tratamento penal, ou seja, objeto de readaptação e o único responsável pelos seus atos, uma vez que a sua condição socioeconômica não tem ingerência na prática delituosa. O segundo fator se deu em função da necessidade de desmistificar esta concepção imediatista e ahistórica. Assim, este trabalho contribui na discussão e na busca de alternativas para o fazer profissional dos assistentes sociais no campo da execução penal. Optamos então, por um estudo na perspectiva dialética histórica, com abordagem qualitativa a nível exploratória. Para tanto contextualizamos o tratamento penal, resgatando o seu surgimento, na tentativa de desvelar os seus verdadeiros objetivos dentro da evolução histórica, bem como a atual concepção de crime. Logo em seguida, abordamos o homem e as condições materiais de sua existência. Ademais, com um corte transversal, verificamos o nível socioeconômico dos internos desta penitenciária. Através de entrevistas estruturadas e aplicadas ao universo dos internos da PEM, buscamos responder o problema em questão: a condição socioeconômica dos presos da PEM foi determinante na perpetração dos primeiros crimes? Chegamos aos seguintes resultados: As principais profissões exercidas pelos pais destes presos eram a de lavrador com 43,14%; seguidas da de pedreiro com 10,57%; servente de pedreiro com 6,57% e motorista com 6,57%. Que 38,98% das mães dos presos eram doméstica/diarista; 26,41% eram lavradoras e 11,95% costureiras. Estes resultados nos sugerem que os pais destes presos possuem status inferiorizado com poucas possibilidades de dar uma educação formal que permitam a profissionalização de seus filhos, o que é confirmado nas próprias profissões exercidas por estes presos quando cometeram o primeiro delitos, ou seja, 16% eram lavradores, 8,86% ajudantes gerais, 8,29% pedreiros, 6,29% motoristas e 5,71% vendedores. Contudo, os setores econômicos que possuem mais presos era o de serviços com 34,57%, seguidos pelos da construção civil com 22 % e o da agricultura com 20,57%. O nível de escolaridade dos mesmos também era muito baixo, já que, 76,92% dos estupradores eram analfabetos ou cursam até 4ª série do ensino fundamental; que 77,96% dos que furtaram pela primeira vez eram analfabetos ou cursavam até 5ª série do ensino fundamental e que 70,21% dos homicidas eram analfabetos ou cursaram até a 5ª do ensino fundamental. Com relação à remuneração dos presos, 36,01% não tinham nenhuma renda quando cometeram o primeiro crime. Que apesar de 63,99% dos mesmos estarem trabalhando quando cometeram o primeiro crime, 79,90% recebiam até dois salários mínimos e meio. Sendo assim, concluímos que, apesar de não descartar outras teorias que explicam a perpetração dos crimes, a condição socioeconômica tem ingerência maior ou menor em todos os primeiros crimes praticados pelos presos da PEM, ou seja, não é a determinante, mas é a condição ideal na perpetração do crime, uma vez que quase todos os requisitos para uma construção humanizada do ente caracterizam-se um espaço ocupado pelo mercado, ou seja, a alimentação, vestuário, moradia, transportes, meio ambiente, educação, lazer, cultura, o tempo junto com a família, dentre outros, são escassos e inacessíveis para esta parte da população. |
publishDate |
2005 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2005-10-19 2005-10-19 2021-02-05T10:54:27Z 2021-02-05T10:54:27Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
Presencial http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7228 |
identifier_str_mv |
Presencial |
url |
http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7228 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
UNIVERSIDADE CESUMAR Brasil UNICESUMAR |
publisher.none.fl_str_mv |
UNIVERSIDADE CESUMAR Brasil UNICESUMAR |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Digital Unicesumar instname:Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR) instacron:UniCesumar |
instname_str |
Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR) |
instacron_str |
UniCesumar |
institution |
UniCesumar |
reponame_str |
Repositório Digital Unicesumar |
collection |
Repositório Digital Unicesumar |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Digital Unicesumar - Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1813098709807792128 |