Silêncios e mitos numa perspectiva interseccional: do controle informal de corpos ao controle penal de mulheres negras

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Elaine Cristina Pimentel
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: Cavalcante, Nathália Maria Wanderley
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Brasileira de Políticas Públicas (Online)
Texto Completo: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/view/6857
Resumo: O silêncio é uma condição constante na história das mulheres. Silenciadas e controladas pela perspectiva opressora dos sistemas patriarcais, as mulheres foram representadas e descritas através de mitos, para atender a identidades fantasiadas, construídas a partir dos olhares dos homens, o que deixou marcas irreparáveis no imaginário coletivo, reduzindo as possibilidades do exercício das liberdades. Entretanto, os processos de opressão que levaram ao silenciamento e à construção de identidades pela força dos mitos, alheios às percepções das próprias mulheres, não atingiu a todas da mesma forma. Condições históricas de desigualdades de raça e de classe levaram a experiências distintas, sobretudo para mulheres negras, que foram estigmatizadas como hiperssexuadas e mais propensas ao desvio e ao cometimento de crimes, tornando-se, assim, mais vulneráveis ao controle penal. O presente texto, amparado em revisão bibliográfica das criminologias críticas e das diversas perspectivas do feminismo negro interseccional, problematiza como o silenciamento histórico e os mitos em torno das mulheres exigem uma abordagem interseccional, que agregue gênero, raça e classe, além de outras condições de opressão vivenciadas por mulheres, como elementos analíticos indissociáveis, no contexto de suas diferenças. Assim, o texto evidencia, em seus resultados, as razões pelas quais é necessária uma compreensão mais aproximada da realidade histórica de mulheres negras acerca das práticas de controle informal sobre seus corpos, que estão nas bases opressoras e patriarcais do controle formal, exercido por um sistema penal alicerçado no racismo estrutural.
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