Percepções de vida de adolescentes em situação de conflito com a lei

• Autor(a) principal: Cunha, Nayara Cristina de Faria
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Cruzeiro do Sul
• Texto Completo: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/453
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE; Adolescência; Ato infracional; Políticas públicas; Habilidades pessoais

O objetivo deste estudo foi conhecer as percepções de vida de adolescentes que cumprem medida socioeducativa em um Centro de Referência Especializada de Atenção Social - CREAS. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, descritivoexploratório. Participaram deste estudo cinco adolescentes, todos do sexo masculino, na faixa etária de 14 a 17 anos, que estavam em acompanhamento no CREAS, em medida socioeducativa por terem cometido ato infracional. Foram realizadas entrevistas individuais e uma grupal, ambas seguiram um roteiro semiestruturado. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo para tratamento dos dados, que geraram duas categorias; “conhecendo a realidade dos adolescentes em conflito com a lei”, e “habilidades pessoais, sonhos e perspectivas futuras’. Os dados mostraram que os adolescentes tinham cometido ato infracional similar ao crime de roubo, viviam em bairros periféricos da cidade, junto aos familiares, estavam fora da escola, faziam uso frequente de maconha. Quanto aos atos infracionais cometidos e as medidas socioeducativas, a maior parte dos adolescentes revelou distanciamento entre o ato cometido e a medida gerada, não se sentindo implicados no que fizeram. A medida socioeducativa era vista, pela maioria, como punição e não como nova oportunidade de aprendizado, demonstrando pouca motivação diante da oportunidade de aprendizado de diferentes atividades artísticas. Para um participante apenas, a medida se mostrou oportunidade de mudanças, reconhecendo que há caminhos melhores a serem seguidos que o ‘mundo do crime’. Paradoxalmente alimentavam sonhos futuros de se tornarem advogados, veterinários e terem outras profissões, além de demonstrarem o sonho de ter uma casa própria. Reconheciam algumas habilidades artísticas – como pintura e desenho, e interesse em capoeira entre outras atividades. As percepções dos adolescentes levaram a entender a possibilidade de se trabalhar com duas formas de intervenções: a) intervenções educativas mais significativas para os jovens e b) intervenções construídas, especialmente, junto à família. Para tanto, as medidas devem considerar seu território, com fragilidades e potencialidades, sabendo-se que é neste que os adolescentes se encontram inseridos, com todas as suas problemáticas, vínculos, desafios e vicissitudes. Levá-los, portanto, a sonhar com possibilidades passa, necessariamente pelo reconhecimento destas singularidades, e a partir deste deve-se propor ações e medidas que ressignifiquem os sentidos dos atos, para que deixem de ser infrações e sejam proposições de vida.