Transição para a mobilidade urbana inteligente: análise do contexto e de iniciativas inovadoras no sistema de mobilidade de Curitiba

• Autor(a) principal: Fryszman, Flavia
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Cruzeiro do Sul
• Texto Completo: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/1916
• topic: CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::ADMINISTRACAO; Administração; Transporte urbano - Efeito das inovações tecnológicas; Planejamento urbano - Curitiba (PR); Política de transporte urbano - Curitiba (PR)

Este estudo buscou descrever como se desenvolve a transição para a mobilidade urbana inteligente na cidade de Curitiba-PR a partir da análise da transição sociotécnica da inovação, com base nas abordagens da perspectiva multinível (MLP) e das funções do sistema de inovação (FIS). Tratou-se de um estudo de caso, de natureza qualitativa, recorte transversal e avaliação longitudinal, com a apresentação de dois casos ilustrativos de iniciativas inovadoras: Hibribus e Projeto Curitiba Eco Elétrico. A coleta de dados se deu através de entrevistas em profundidade com atores envolvidos e consulta em documentos. Confrontando o histórico do sistema de mobilidade de Curitiba com o discurso base de mobilidade inteligente adotado neste trabalho, de Zawieska e Pieriegud (2018), foi possível perceber iniciativas como sinalizações de mobilidade inteligente. Olhando sob uma perspectiva multinível o sistema de mobilidade da cidade de Curitiba, confirmou-se a existência de um regime dominado pela cultura do automóvel. A paisagem caracteriza-se por uma instabilidade política e econômica, o que se configura em obstáculos à mudança e também em oportunidade de olhar a realidade e buscar novas soluções. Nichos tecnológicos emergentes identificados pelo estudo foram: a eletromobilidade, os veículos autônomos, a conectividade, o compartilhamento/ mobility as a service e os diversos projetos encabeçados pelos atores deste sistema de inovação. Os casos ilustrativos demonstraram iniciativas pioneiras rumo à transição da tecnologia e apontam para inovações de nicho que pressionam o regime sociotécnico vigente. A transição para a mobilidade urbana inteligente depende, entre outros fatores, de engajamento dos atores nos três níveis do sistema sociotécnico. Verificando as atividades de nicho pela análise das sete FIS propostas por Hekkert et al (2007), pôde-se perceber a existência de atividades empreendedoras e formação de mercado no sistema, com a emergência de novas tecnologias; a aprendizagem como núcleo do processo de inovação, a partir do desenvolvimento de projetos; a realização de testes e existência de áreas de P&D voltadas a novas tecnologias e a pesquisa de oportunidades de mercado através do conhecimento em rede. Verificou-se também que os recursos, que advêm de diferentes fontes para os atores dentro do sistema, são sempre limitados, o que exige uma orientação da busca associada. Para este processo foram identificados gatilhos que impulsionam o desenvolvimento de um novo projeto, como, por exemplo, o papel da rede de representantes e a comunicação com autoridades locais e empresários. Por fim, no que tange à criação de legitimidade, verificou-se um reconhecimento e posicionamento dos projetos desenvolvidos no contexto, apesar de ainda não terem rompido com o regime dominante. Os resultados mostraram iniciativas de nicho como movimentos e oportunidades para a modificação do regime atual. Estas tecnologias emergentes, porém, ainda têm muito a se desenvolver para realmente gerar uma mudança de paradigma. Tais mudanças ocorrem em um horizonte de tempo de longo prazo, podendo tomar uma a duas gerações para se constituir como tecnologias dominantes no sistema.