Estudo sobre a gestão dos estoques das Lojas Hoje: giro do estoque, GM-ROI e cobertura

• Autor(a) principal: Schafer, Tânia Maria Arnold
• Data de Publicação: 2015
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIJUI
• Texto Completo: http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/3249
• topic: Ciências Sociais Aplicadas; Administração; Gestão de estoques; Giro; Cobertura; GM-ROI; Varejo

A competitividade de forma global é a palavra chave no mercado, onde empresas de todos os setores estão incessantemente buscando sua atualização e melhor inserção no mercado, bem como a eficiência (tanto nos produtos, como nos serviços oferecidos), através da qualidade. E nesta busca constante pela satisfação do cliente e qualidade dos produtos, que as empresas começam a rever e reestruturar seus conceitos de estoques, buscando para isso, soluções imediatas e também de longo prazo, através de planejamento, gerenciamento e recursos, que podem ser disponibilizados de acordo com sua necessidade e capacidade. Contudo, deverá ter apoio de todos os departamentos para que possa desenvolver um trabalho que permita garantir ao cliente um nível de satisfação adequado ao que a empresa se propõe e ao que o cliente procura. Por isso Braga (1989) diz que as funções administrativas são classificadas em planejamento, organização, direção e controle, onde planejar é escolher uma entre várias alternativas, organizar é atribuir responsabilidade e autoridade, dirigir é executar a autoridade e controla é avaliar os resultados das atividades. Este estudo foi desenvolvido dentro de uma loja de varejo do ramo de moda, mais especificadamente de confecções e calçados, e pretende detectar possíveis falhas que estejam acontecendo na gestão dos estoques das Lojas Hoje, trazendo informações sobre giro, GM-ROI e cobertura, para que a empresa consiga através destes indicadores obter melhor desempenho de seus estoques. Para isso estudou, entre outras características, um sistema adequado de gestão de estoque, através de ferramentas que permitem prever antecipadamente as necessidades de compra e venda, bem como um controle rigoroso dos estoques. A coleta de dados deu-se através de pesquisa bibliográfica e documental. Bibliográfica para ter o embasamento teórico necessário sobre o tema e para aprofundar conceitos para realização e construção do estudo. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos, (GIL, 2002). Documental para identificar os dados sobre os estoques da empresa, onde foram utilizados materiais documentais descritivos da organização objeto de estudo. A pesquisa documental é realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos, registros, anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balancetes, comunicações informais, filmes, microfilmes, fotografias, vídeo - tape, informações em disquetes, diários, cartas pessoais e outros, (VERGARA, 2004). Foi também aplicada uma entrevista com a compradora da empresa Sra. Marta Theisen, onde a principal finalidade foi obter subsídios para análise das possíveis deficiências que ocorreram na trajetória das compras e controles dos estoques. Para a análise das informações obtidas referente ao diagnóstico dos estoques das Lojas Hoje, utilizou-se a análise de conteúdo. Os dados coletados receberam um tratamento quantitativo. Uma vez coletados através de registros históricos da organização, os dados foram classificados, tabulados e analisados em planilhas do Excel e apresentados em quadros ilustrativos, tabelas e gráficos. A entrevista serviu como apoio a análise do comportamento do estoque no decorrer da trajetória da empresa, e focado no período estudado. Dados obtidos na empresa revelam a situação dos estoques, faturamento, GM-ROI e cobertura das lojas Hoje em três períodos: Final de 2012, 2013 e 2014. Com os dados coletados, conseguiu-se obter a evolução dos estoques de acordo com o crescimento orgânico da organização, a evolução do faturamento também levando em conta este crescimento. Segundo Ballou (1930), a armazenagem de mercadorias exige investimentos por parte da organização. O ideal seria a perfeita sincronização entre oferta e demanda. Entretanto é impossível prever exatamente a demanda futura, e nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento. Por isso deve-se assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos de estoque. Os dados sobre os estoques das lojas Hoje revelam que a maior parte do custo da mercadoria vendida (CMV), está no grupo de confecções femininas, o qual em todos os períodos está a frente dos demais grupos, somando em 2012 45,4% do total dos estoques, em 2013 47,5% e 2014 representando 50,3% do mix da empresa. Em seguida, vem o grupo da confecção masculina, que corresponde a 27,4% dos estoques em 2012, 24,8% em 2013 e 23,2% em 2014. Na sequencia, o grupo que fecha os três principais focos de venda da empresa, vem os calçados femininos, que representaram em 2012 13,6% dos estoques, em 2013 15,3% e 2014 13,9% dos produtos em estoque nas Lojas Hoje. Pode-se perceber que a empresa concentra seu foco no público feminino, pois a participação das confecções femininas e dos calçados femininos, somam respectivamente nos anos de 2012, 2013 e 2014 os seguintes resultados: 59%, 62,8% e 64,2% . A segunda percepção é de que o foco também está mais na venda de confecções, pois somando os estoques dos grupos de confecções femininas e masculinas, temos os seguintes resultados: Em 2012 estes dois grupos representam 72,8% dos estoques, em 2013 72,3% e 2014 73,5% dos produtos estão nestes grupos. Ballou (1930) diz que controlar os níveis de estoque é como apostar em um jogo de azar: nunca se tem certeza da quantidade demandada, e quando chegarão os suprimentos. Sobre vendas, Parente (2009) descreve que as previsões podem ser feitas no nível total da empresa ou elaboradas para diferentes períodos de tempo como anual, mensal, semanal e diária. Em geral, iniciam-se do nível mais geral da empresa e por período anual, para depois serem detalhados em níveis mais específicos como categorias e períodos menores que é o caso de mês e dia. Sobre o faturamento da empresa em 2012, os resultados mostram que as lojas 01 e 02 somaram juntas 38,54% das vendas gerais da empresa. Em seguida, as vendas das lojas 04 (13,58%) a loja 05 (10,6%) e a loja 08 (6,56%) somaram 30,74% do faturamento no mesmo período. As lojas que estavam ativas durante todo ano de 2012 faturaram 69,28% das vendas das Lojas hoje, ficando por conta das lojas inauguradas no decorrer do ano os outros 30,72%. Em 2013 o comportamento das vendas das lojas 01 e 02 representam 16,01% e 14,45% respectivamente, totalizando 30,46% do total das vendas da empresa. A loja 04 e 06 aparecem em seguida com 12,23% e 10,87% do faturamento, totalizando 23,1% da venda. Assim sendo, essas quatro lojas representam 53,56% do total do faturamento da empresa em 2013, o que demonstra que as 08 lojas restantes foram responsáveis pelos outros 46,44% da vendas da Lojas Hoje. Em 2014, o comportamento das vendas foi mais homogêneo, e a participação ficou mais dividida. As lojas 01 com 10,68% e 02 com 11,61%, continuam liderando as vendas, porém a participação das lojas 04 com 9,97%, loja 05 com 8,65%, loja 06 com 7,87% e a loja 11 com 6,78% foram as mais fortes em 2014, onde foi necessário a venda de 06 lojas para fazer 55,56% do faturamento da empresa. Os demais 44,44% das vendas ficou a cargo das outras nove lojas, pois em 2014 a empresa fechou o ano com 15 lojas o total. De uma forma geral, percebe-se que as lojas mais maduras perderam representatividade no faturamento de 2014, em relação a 2013, representando 32,26% do geral da empresa neste ano contra 42,69% em 2013, ou seja, houve uma queda na participação de 24,43%, enquanto que outras lojas elevaram seu faturamento. Segundo Parente (2009), o giro de estoque reflete a relação entre volume de vendas e estoque, e indica o número de vezes que o estoque médio é vendido durante um período de tempo. O giro de estoque das Lojas Hoje apresenta resultados insatisfatórios em 2012, onde apenas o grupo dos acessórios teve um giro melhor, de 3,65 vezes no ano, e o grupo com menor índice foi dos calçados unissex, com giro de 0,4 vezes no ano. Os demais grupos tiveram giro em torno de 1,4 vezes em 2012, mas o grupo das confecções femininas teve giro de 1,99 vezes. Em 2013, de um modo geral ouve uma melhor performance no giro, onde o grupo de cama e banho teve giro 4,47 vezes, acessórios 3,28, confecções femininas 2,15, calçados femininos 1,74, confecções masculinas 1,5, calçados masculinos 1,23 e o grupo dos tapetes, muito abaixo dos demais, com giro de apenas 0,84 vezes em 2013. Em 2014, o grupo de cama e banho teve o teve o melhor índice de giro, com 4,47 vezes no ano, seguido dos acessórios com 4,32, após as confecções femininas com giro de 2,26 vezes, as confecções masculinas com 2,08, calçados masculinos com 1,4 e femininos com giro de 1,38 vezes no ano. De um modo geral, o giro dos estoques das Lojas Hoje não está satisfatório, ficando muito abaixo dos índices indicados para o varejo de confecções. Quanto ao GM-ROI, Parente (2009) define como sendo o retorno sobre investimento da margem bruta, e reflete a relação entre volume de margem bruta e estoques. Na análise do GM-ROI da empresa, percebe-se que a loja 01 teve um retorno de 136,16% no decorrer de 2012, em 2013 passou a 200,39%, e em 2014, o índice chegou a 182,68%. A loja 02 teve um desempenho em 2012 de 205,62%, em 2013 passou para 250,06%, e em 2014 atingiu 215,01% de retorno sobre os investimentos em estoques. A loja 04 é a loja que consegue obter o melhor GM-ROI da empresa, onde no ano de 2012 a loja obteve um retorno sobre seu estoque de 223,82%, em 2013 conseguiu 317% de retorno, e em 2014 atingiu sua eficiência máxima, chegando a 337,23% de retorno. A loja 05 teve também um bom desempenho nos 03 períodos, onde em 2012 teve um retorno de 159,88%, em 2013 196,5%, melhorando em 22,9% seu desempenho, mantendo praticamente a mesma performance em 2014, onde teve 199,33% de retorno de margem bruta sobre seus estoques médios. A loja 06 teve seu desempenho um pouco abaixo das anteriores onde em 2012 deu de retorno em 135,35%, em 2013 passou a 151, 84%, e teve seu menor desempenho em 2014, onde teve retorno de 126,07% sobre o investimento em estoques. Na loja 07 os resultados apresentados mostram que em 2012 a loja teve um retorno de 98,81%, em 2013 melhorou um pouco, passando a 119,08% e chegando em 2014 com 120,46% de retorno, o que comparado com as maioria das lojas, está abaixo da média. A loja 08 no ano de 2012 atingiu um retorno de 136,44%, em 2013 elevou para 214,74% , e em 2014 manteve um percentual de 206,3% sobre o investimento em seus estoques médios. A loja 09 tem um alto investimento em estoques, por isso, o retorno de margem bruta sobre o investimento em seu estoque médio apresenta os seguintes resultados: Em 2012 foi de 104,05%, melhorando um pouco em 2013, passando para 135,25%, e quase manteve esse percentual em 2014, mas com pequena queda de 7,32%, fechando em 128,37% de GM-ROI. A loja 10 foi a loja que teve o pior de desempenho de toda a empresa e em todos os anos conseguindo atingir em 2012 apenas 52% de GM-ROI, conseguiu praticamente dobrar em 2013, passando para 103,6% e 2014 atingiu 109,24% de retorno em margem bruta sobre o investimento em seus estoques. A loja 11 iniciou suas atividades em 2013, em março de 2013 e já no primeiro ano teve um retorno em margem bruta sobre os seus estoques médios de 151,96% e manteve praticamente o mesmo índice em 2014, com 155,56% de retorno. A loja 12 iniciou suas atividades em junho de 2013, e não teve o mesmo desempenho que a loja 11, tendo um retorno de 85,89% de margem bruta sobre o estoque médio de 2013, e em 2014 com 146,73% de retorno. A loja 13 foi inaugurada em setembro de 2013 em estoques dando um retorno sobre o investimento em estoques já no primeiro ano de 186,28%, mas em 2014, esse retorno teve queda de 14,47%, chegando a 159,33. A loja 14 foi inaugurada em março de 2014 e neste ano deu um retorno em margem bruta sobre o investimento em seus estoques médios de 150,75%. A loja 15 teve inicio em maio de 2014 e já no primeiro ano deixou um retorno de margem bruta equivalente a 150,75%. È uma loja promissora, segundo a compradora Marta Theisen. A Loja 16 inaugurou em outubro de 2014. Esta loja logo nos 03 meses de vendas, deu um retorno de 185,47% sobre o investimento em estoques médios. De um modo geral, percebe-se que a empresa consegue fazer uma boa margem bruta no seu faturamento. O índice de cobertura dos estoques é a indicação do período de tempo que o estoque, em determinado momento, consegue cobrir as vendas futuras, sem que haja suprimento. Este índice é, muitas vezes, calculado de maneira errônea, com uma fórmula baseada em média de vendas passadas (PARENTE, 2009). O cálculo da cobertura dos estoques por coleções na Lojas Hoje só é possível a partir de 2015 por causa de uma nova configuração controle dos estoques no software utilizado pela empresa. Por ser uma empresa de moda, as Lojas Hoje sentiram a necessidade de analisar a cobertura das estações, pois os produtos de coleção são geralmente peças mais de moda fast fashion, que deveriam ter uma cobertura menor, pois saem mais facilmente da moda. Assim este indicador mostra que ao iniciar 2015 a empresa possuía cobertura na coleção de inverno para 4,37 meses, na coleção de verão para 6,14 meses, meia estação 6,61 meses e permanente para 6,28 meses. As coleções de inverno e verão são as que mais preocupam quando tem uma cobertura alta, pois são sazonais. A cobertura de estoque para 2015, por grupos de produtos, mostra que o grupo de linha intima está muito acima tendo cobertura para 13,98 meses, o grupo dos calçados masculinos com 8,93 meses, seguido dos calçados femininos com 6,53 meses. O grupo de confecções masculinas possui estoque para 6,26 meses, confecções femininas cobertura de 5,31 meses, acessórios para 5,47 meses e cama e banho pra 3,81 meses. No geral, ao iniciar 2015 as Lojas Hoje já possuíam estoque para 5,92 meses de venda. A competitividade acirrada das organizações de todos os setores, faz com que as empresas reavaliem seus processos e sua gestão empresarial, na busca por maior eficiência e melhores resultados. O presente trabalho teve seu objetivo principal na busca da melhoria e efetividade na gestão dos estoques das Lojas Hoje, pois estes são um dos ativos mais importantes da empresa. A maneira como os suprimentos são controlados e administrados, tem impacto direto em quase todas as áreas da organização, como compras, vendas, marketing e financeiro. Assim sendo quanto mais ajustados estiverem os estoques, menor os impactos financeiros e comerciais, uma vez que os produtos precisam girar de forma equilibrada, para que não sobre ou falte produto e impacte na área de venda. Até o momento a gestão dos estoques não estava tendo a atenção merecida na organização, o que influenciou diretamente na produtividade e resultados da empresa. Assim sendo, constatou-se a importância do gestor de estoques ter uma visão realista do andamento dos processos e do desempenho da área de compras, aperfeiçoando ferramentas e indicadores que auxiliarão as compradoras a efetuarem os suprimentos de forma mais assertiva, bem como implementando medidores de desempenho como o giro, o GM-ROI, a cobertura, além da análise de participação de cada loja no faturamento e nos estoques da empresa. O uso eficaz das ferramentas analisadas neste trabalho contribuirá para que haja melhor desempenho nos estoques das Lojas Hoje. Assim sendo, o presente estudo possibilita algumas sugestões e recomendações. Para lojas muito semelhantes, adotar padrão de nível de estoque, bem como estipular metas de vendas que provoquem um giro mais rápido dos produtos, onde, lojas distintas devem ser analisadas observando suas especificidades, pois estas tem capacidade maior de faturamento. O indicador do giro mostra um índice muito baixo, fazendo com que a empresa perca rentabilidade, por isso é necessário acertar mais nas compras para aumentar o giro. Aperfeiçoar o indicador da cobertura de estoques, observando as coleções e grupos e determinar verbas de compras, metas de venda, com base nestes dois critérios. O gestor dos estoques deverá dominar a ferramenta de cobertura e giro, agindo com mais controle e trazendo alternativas que revertam esses índices. Fazer um estudo aprofundado no ponto de venda e das informações obtidas no sistema para detectar quais os produtos de menor giro. Neste caso, recomenda-se um estudo dos estoques com base na curva ABC tanto a nível corporativo quanto nas filiais. Introduzir a ferramenta do GM-ROI nas Lojas Hoje de forma efetiva, para medir o retorno dos investimentos em estoque. Fazer o remanejo dos produtos mais rapidamente, através de controles e análises de giro, bem como redistribuir os estoques nas lojas, para que tenham uniformidade. As ações promocionais devem ter mais agilidade, principalmente em produtos de menor giro. Para que a expansão das Lojas Hoje continue de forma eficaz estima-se que ao adotar algumas das recomendações aqui apresentadas poderá trazer benefícios consideráveis, uma vez que quanto maior a empresa ficar, maior será o investimento nos estoques, e maiores controles serão precisos para assegurar a rentabilidade da organização.