Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas.
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIPAMPA |
Texto Completo: | http://dspace.unipampa.edu.br/jspui/handle/riu/482 |
Resumo: | O estatuto dos nomes nus singulares (NNS) do português brasileiro (PB) tem sido amplamente discutido na literatura recente em semântica formal. Este trabalho insere-se neste debate a partir da interface sintaxe-semântica, através da análise do comportamento sintático e semântico dos NNS em posição argumental de orações passivas. É sabido que o PB vem perdendo a marcação redundante de número, mas não de gênero, no interior do NP e em construções passivas e predicativas (Scherre, 1991): (1) a. As revistaØ fininhaØ. b. *O revista fininha. (2) a. As revistaØ são fininhaØ. b. As revistaØ foram compradaØ. Simioni (2010) mostra que a concordância de gênero no particípio depende da posição pré ou pós-verbal do argumento: argumentos in situ permitem concordância default nos elementos verbais, ao contrário de elementos em [Spec,IP]: (3) a. Foram compradaØ as revistaØ. b. Foi comprado as revistaØ. (4) a. As revistaØ foram compradaØ. b. *As revista Ø foi comprado. Schmitt e Munn (2002) analisam os NNS como DPs que projetam gênero, mas não número. Isto é: em princípio, deveriam poder disparar concordância de gênero em estruturas semelhantes a (3). No entanto, isto não acontece; mesmo falantes altamente escolarizados rejeitam categoricamente sentenças como (5a), preferindo as versões sem concordância como (5b): (5) a. *Foi comprada revista b. Foi comprado revista. Tomamos este comportamento como evidência de que os NNS não são DPs, mas sim NPs, seguindo Müller (2002). Como tais, os NNS não ocupam posições argumentais: são topicalizados quando em (aparente) posição de sujeito e pseudo-incorporados quando em posição de complemento verbal. A ausência da camada DP explicaria a impossibilidade de concordância. Além disso, a hipótese da pseudo-incorporação é plenamente compatível com o comportamento semântico dos NNS nessas posições. |
id |
UNIP_f37a7710242d0787ede33f1f4489b6dc |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.unipampa.edu.br:riu/482 |
network_acronym_str |
UNIP |
network_name_str |
Repositório Institucional da UNIPAMPA |
repository_id_str |
|
spelling |
2016-08-30T17:58:14Z2016-08-30T17:58:14Z2014-11-27SIMIONI, Leonor. Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passiva. In: Congresso Internacional de Letras da Universidade de Buenos Aires, VI, 2014, Buenos Aires, Argentina.http://dspace.unipampa.edu.br/jspui/handle/riu/482O estatuto dos nomes nus singulares (NNS) do português brasileiro (PB) tem sido amplamente discutido na literatura recente em semântica formal. Este trabalho insere-se neste debate a partir da interface sintaxe-semântica, através da análise do comportamento sintático e semântico dos NNS em posição argumental de orações passivas. É sabido que o PB vem perdendo a marcação redundante de número, mas não de gênero, no interior do NP e em construções passivas e predicativas (Scherre, 1991): (1) a. As revistaØ fininhaØ. b. *O revista fininha. (2) a. As revistaØ são fininhaØ. b. As revistaØ foram compradaØ. Simioni (2010) mostra que a concordância de gênero no particípio depende da posição pré ou pós-verbal do argumento: argumentos in situ permitem concordância default nos elementos verbais, ao contrário de elementos em [Spec,IP]: (3) a. Foram compradaØ as revistaØ. b. Foi comprado as revistaØ. (4) a. As revistaØ foram compradaØ. b. *As revista Ø foi comprado. Schmitt e Munn (2002) analisam os NNS como DPs que projetam gênero, mas não número. Isto é: em princípio, deveriam poder disparar concordância de gênero em estruturas semelhantes a (3). No entanto, isto não acontece; mesmo falantes altamente escolarizados rejeitam categoricamente sentenças como (5a), preferindo as versões sem concordância como (5b): (5) a. *Foi comprada revista b. Foi comprado revista. Tomamos este comportamento como evidência de que os NNS não são DPs, mas sim NPs, seguindo Müller (2002). Como tais, os NNS não ocupam posições argumentais: são topicalizados quando em (aparente) posição de sujeito e pseudo-incorporados quando em posição de complemento verbal. A ausência da camada DP explicaria a impossibilidade de concordância. Além disso, a hipótese da pseudo-incorporação é plenamente compatível com o comportamento semântico dos NNS nessas posições.Universidade de Buenos AiresSingular nuConcordânciaPseudo-incorporaçãoLíngua portuguesaContra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas.info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisSimioni, Leonorporreponame:Repositório Institucional da UNIPAMPAinstname:Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)instacron:UNIPAMPAinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALartigo_BsAs.pdfartigo_BsAs.pdfArtigo Leonor Simioniapplication/pdf233753https://repositorio.unipampa.edu.br/jspui/bitstream/riu/482/1/artigo_BsAs.pdfb78e6ba9e7e70f701d72b148e39ae1a6MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.unipampa.edu.br/jspui/bitstream/riu/482/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTartigo_BsAs.pdf.txtartigo_BsAs.pdf.txtExtracted texttext/plain28433https://repositorio.unipampa.edu.br/jspui/bitstream/riu/482/3/artigo_BsAs.pdf.txtbb3df10398749b45dc7dc23dad77d7b2MD53riu/4822021-03-12 14:17:20.522oai:repositorio.unipampa.edu.br:riu/482Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttp://dspace.unipampa.edu.br:8080/oai/requestsisbi@unipampa.edu.bropendoar:2021-03-12T17:17:20Repositório Institucional da UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas. |
title |
Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas. |
spellingShingle |
Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas. Simioni, Leonor Singular nu Concordância Pseudo-incorporação Língua portuguesa |
title_short |
Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas. |
title_full |
Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas. |
title_fullStr |
Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas. |
title_full_unstemmed |
Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas. |
title_sort |
Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passivas. |
author |
Simioni, Leonor |
author_facet |
Simioni, Leonor |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Simioni, Leonor |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Singular nu Concordância Pseudo-incorporação Língua portuguesa |
topic |
Singular nu Concordância Pseudo-incorporação Língua portuguesa |
description |
O estatuto dos nomes nus singulares (NNS) do português brasileiro (PB) tem sido amplamente discutido na literatura recente em semântica formal. Este trabalho insere-se neste debate a partir da interface sintaxe-semântica, através da análise do comportamento sintático e semântico dos NNS em posição argumental de orações passivas. É sabido que o PB vem perdendo a marcação redundante de número, mas não de gênero, no interior do NP e em construções passivas e predicativas (Scherre, 1991): (1) a. As revistaØ fininhaØ. b. *O revista fininha. (2) a. As revistaØ são fininhaØ. b. As revistaØ foram compradaØ. Simioni (2010) mostra que a concordância de gênero no particípio depende da posição pré ou pós-verbal do argumento: argumentos in situ permitem concordância default nos elementos verbais, ao contrário de elementos em [Spec,IP]: (3) a. Foram compradaØ as revistaØ. b. Foi comprado as revistaØ. (4) a. As revistaØ foram compradaØ. b. *As revista Ø foi comprado. Schmitt e Munn (2002) analisam os NNS como DPs que projetam gênero, mas não número. Isto é: em princípio, deveriam poder disparar concordância de gênero em estruturas semelhantes a (3). No entanto, isto não acontece; mesmo falantes altamente escolarizados rejeitam categoricamente sentenças como (5a), preferindo as versões sem concordância como (5b): (5) a. *Foi comprada revista b. Foi comprado revista. Tomamos este comportamento como evidência de que os NNS não são DPs, mas sim NPs, seguindo Müller (2002). Como tais, os NNS não ocupam posições argumentais: são topicalizados quando em (aparente) posição de sujeito e pseudo-incorporados quando em posição de complemento verbal. A ausência da camada DP explicaria a impossibilidade de concordância. Além disso, a hipótese da pseudo-incorporação é plenamente compatível com o comportamento semântico dos NNS nessas posições. |
publishDate |
2014 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2014-11-27 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2016-08-30T17:58:14Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2016-08-30T17:58:14Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/bachelorThesis |
format |
bachelorThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.citation.fl_str_mv |
SIMIONI, Leonor. Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passiva. In: Congresso Internacional de Letras da Universidade de Buenos Aires, VI, 2014, Buenos Aires, Argentina. |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://dspace.unipampa.edu.br/jspui/handle/riu/482 |
identifier_str_mv |
SIMIONI, Leonor. Contra a argumentalidade do singular nu do português brasileiro : evidência das construções passiva. In: Congresso Internacional de Letras da Universidade de Buenos Aires, VI, 2014, Buenos Aires, Argentina. |
url |
http://dspace.unipampa.edu.br/jspui/handle/riu/482 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de Buenos Aires |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de Buenos Aires |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UNIPAMPA instname:Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) instacron:UNIPAMPA |
instname_str |
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) |
instacron_str |
UNIPAMPA |
institution |
UNIPAMPA |
reponame_str |
Repositório Institucional da UNIPAMPA |
collection |
Repositório Institucional da UNIPAMPA |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.unipampa.edu.br/jspui/bitstream/riu/482/1/artigo_BsAs.pdf https://repositorio.unipampa.edu.br/jspui/bitstream/riu/482/2/license.txt https://repositorio.unipampa.edu.br/jspui/bitstream/riu/482/3/artigo_BsAs.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
b78e6ba9e7e70f701d72b148e39ae1a6 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 bb3df10398749b45dc7dc23dad77d7b2 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) |
repository.mail.fl_str_mv |
sisbi@unipampa.edu.br |
_version_ |
1801849043498827776 |