ESPECIALIZAÇÃO E GÊNERO: “A PREFERÊNCIA PELAS MULHERES” PARA O CURSO DE VISITADORAS SOCIAIS NO DISTRITO FEDERAL (1927-1943)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza da Silva, Luana Christina
Data de Publicação: 2010
Outros Autores: da Silva Junior, Osnir Claudiano
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online
Texto Completo: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1023
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As fontes utilizadas até o momento foram livros e artigos científicos sobre enfermagem, história da Enfermagem e História da EEAP em publicações impressas e eletrônicas, dissertações e teses acadêmicas integrantes de acervos localizados no Rio de Janeiro. A análise busca interpretar os dados obtidos através da categoria de gênero, nas concepções de Joan Scott (1991) e Michelle Perrot (2007).   RESULTADOS: A primeira escola de enfermagem do Brasil, fundada em 1890, destinava-se à formação de enfermeiros e enfermeiras. Contudo, já na proposta de fundação são apresentadas as vantagens da mulher no exercício desta profissão. Ao longo das primeiras décadas do século XX, são apresentados vários discursos sobre a conveniência ou superioridade das características femininas na enfermagem: doçura, delicadeza, meiguice, caridade, espírito de sacrifício e sinceridade, atividade de mulheres, nas falas dos médicos e outros que incentivavam a formação da enfermagem. 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O estudo inicia-se no ano 1927 quando ocorreu a reformulação no currículo da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras e criação do curso e como limite temporal final 1943, ano de aparente encerramento do curso de especialização de visitadoras sociais indicado pelo livro de registro de emissão de diplomas depositado no Arquivo Setorial Enfermeira Maria de Castro Pamphiro. A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, atual Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) foi criada no Rio de Janeiro pelo decreto nº 791 de 27/09/1890, aprovado pelo Chefe do Governo Provisório da República, Marechal Deodoro da Fonseca. A instituição, segundo o decreto de criação, tinha por fim preparar profissionais de ambos os sexos para que atuassem nos hospícios e hospitais civis e militares, funcionando nas dependências do Hospício Nacional dos Alienados, antigo Hospício de Pedro II (1852), situado na Praia da Saudade. Em 1921 ocorreu uma reforma na estrutura da Escola. Foram criadas as seções “Mixta”, no Hospital Psiquiátrico e Feminina na colônia do Engenho de Dentro.(MOREIRA,2010). Em 1927, foi introduzido um terceiro ano para a formação de Visitadoras Sociais, exclusivamente para mulheres que se destacassem entre as melhores. Este detalhe reforça a idéia da enfermagem como profissão feminina ou preferencialmente feminina veiculada em discursos de criação da Enfermagem moderna por Florence Nightingale e pelos precursores da profissionalização da enfermagem no Brasil, no início do século XX.   OBJETIVOS: Os objetivos deste estudo são: Identificar os discursos da preferência feminina para a enfermagem e Analisar a exclusividade pelo gênero feminino para o curso de visitadoras sociais da EEAP.   METODOLOGIA: O estudo é de natureza histórico-social (BARROS, J. A.; 2004), descritivo é de análise bibliográfica. As fontes utilizadas até o momento foram livros e artigos científicos sobre enfermagem, história da Enfermagem e História da EEAP em publicações impressas e eletrônicas, dissertações e teses acadêmicas integrantes de acervos localizados no Rio de Janeiro. A análise busca interpretar os dados obtidos através da categoria de gênero, nas concepções de Joan Scott (1991) e Michelle Perrot (2007).   RESULTADOS: A primeira escola de enfermagem do Brasil, fundada em 1890, destinava-se à formação de enfermeiros e enfermeiras. Contudo, já na proposta de fundação são apresentadas as vantagens da mulher no exercício desta profissão. Ao longo das primeiras décadas do século XX, são apresentados vários discursos sobre a conveniência ou superioridade das características femininas na enfermagem: doçura, delicadeza, meiguice, caridade, espírito de sacrifício e sinceridade, atividade de mulheres, nas falas dos médicos e outros que incentivavam a formação da enfermagem. José Cesário de Faria Alvim (1890), Adolpho Possolo (1920); que indicam a separação entre as características do pensamento e ação objetivas masculinas (médicos) e os atributos mais subjetivos para as enfermeiras (mulheres). CONCLUSÃO: A profissionalização da enfermagem no Brasil se iniciou indistintamente para ambos os sexos no campo da psiquiatria. Contudo, desde os seus primeiros momentos, foram enunciados discursos sobre a preferência do exercício da enfermagem por mulheres. A criação de uma seção feminina da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras em 1921 no Rio de Janeiro foi o ponto de partida para a implantação de um curso de especialização só para mulheres em 1927. Os discursos médicos sobre as características “naturais” das mulheres sustentam ideologicamente a preferência das mulheres para a enfermagem e a exclusividade destas num nível mais alto ou especializado da profissão. Este estudo demonstrou até o momento a operacionalização dos elementos constitutivos da categoria de gênero na definição de Joan Scott: gênero têm como núcleo a conexão entre relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e uma forma primeira de significar as relações de poder.( SCOTT,1991). REFERÊNCIAS: BARROS, J. D’ASSUNÇÃO. O campo da história: especialidades e abordagens. 3 ed. -Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. BRASIL. Decreto nº791, de 27 de setembro de 1890. In: Decretos do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brazil, 9º fasc., set. 1890. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1890. (BCCBB) MOREIRA, A. A origem da enfermagem brasileira. In GEOVANINI, T. et al. História da enfermagem: versões e interpretações. 3 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. PERROT, M. Minha história das mulheres. – São Paulo: Contexto, 2007. POSSOLLO.A. Curso de Enfermeiros. Rio de Janeiro: Editora Leite Ribeiro & Murillo, 1920.   SCOTT, Joan. (1991), Gênero: uma categoria útil de análise histórica. (Tradução de Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila). Recife, SOS Corpo. (sd)
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