A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2012 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Avaliação (Campinas. Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/840 |
Resumo: | Por meio deste texto apresentamos alguns elementos e reflexões, visando evidenciar que as interlocuções entre a pós-graduação (PG) e a educação básica (EB) caracterizam-se como (des)encontros históricos e que, no limite, vêm garantindo a manutenção do apartheid socioeducacional desde o Brasil Colônia. A primazia da opção pela educação das elites e a inexistência ou postergação de iniciativas voltadas à educação popular é uma marca dessa trajetória. Do descobrimento, até recentemente, sequer podemos falar em Sistema de Educação, no Brasil, se o entendemos como relação orgânica entre os diversos níveis de ensino, partindo do pré-escolar, passando pela EB, Educação Superior (ES), incluindo a PG. Nossa hipótese é de que, no Brasil, desde os primórdios, sempre se optou e foram mais eficazes as iniciativas para dar conta das necessidades educacionais daqueles que se encontravam/am no ápice da pirâmide social, do que àqueles que se situavam/am nos estratos intermediários e muito menos para o grande contingente que compõe a base da pirâmide. Somente em anos mais recentes, particularmente a partir da redemocratização do país é que percebemos sinais cada vez mais concretos de preocupações com a materialização de um Sistema de Educação, com a dilatação do período obrigatório de escolaridade avançando inclusivamente na direção dos extremos (PG – EB), mas sem deixar de evidenciar que as prioridades que passam a ganhar contornos mais nítidos são, preponderantemente, do ápice para a base, exemplarmente representados pelo surgimento da CAPES, para a ES, na década de 1950 e apenas no início dos anos 2000 é que passa a haver uma preocupação com os estratos sociais/escolaresinferiores, com a criação da Nova CAPES para a EB. Antes disso predominam dualidades estruturais que evidenciam a inclusão mais qualificada de poucos privilegiados e o abandono ou secundamento de muitos que ficaram de fora ou foram incluídos marginalmente. É esse privilegiamento ou primazia, em termos educacionais - mas não só! – de atenção àqueles que ocupam os estratos superiores do sistema educacional brasileiro, que nos autoriza a falar de baixa ou inexistente interlocução entre a PG e a EB e a caracterizarmos esse movimento como uma história de desencontros ou também da manutenção de um apartheid socioeducacional. Os dados sobre o pouco feito e o muito a fazer são inequívocos. |
id |
UNISO-1_91b2c94604f4f32a14369ba9afeace31 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.periodicos.uniso.br:article/840 |
network_acronym_str |
UNISO-1 |
network_name_str |
Avaliação (Campinas. Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacionalPor meio deste texto apresentamos alguns elementos e reflexões, visando evidenciar que as interlocuções entre a pós-graduação (PG) e a educação básica (EB) caracterizam-se como (des)encontros históricos e que, no limite, vêm garantindo a manutenção do apartheid socioeducacional desde o Brasil Colônia. A primazia da opção pela educação das elites e a inexistência ou postergação de iniciativas voltadas à educação popular é uma marca dessa trajetória. Do descobrimento, até recentemente, sequer podemos falar em Sistema de Educação, no Brasil, se o entendemos como relação orgânica entre os diversos níveis de ensino, partindo do pré-escolar, passando pela EB, Educação Superior (ES), incluindo a PG. Nossa hipótese é de que, no Brasil, desde os primórdios, sempre se optou e foram mais eficazes as iniciativas para dar conta das necessidades educacionais daqueles que se encontravam/am no ápice da pirâmide social, do que àqueles que se situavam/am nos estratos intermediários e muito menos para o grande contingente que compõe a base da pirâmide. Somente em anos mais recentes, particularmente a partir da redemocratização do país é que percebemos sinais cada vez mais concretos de preocupações com a materialização de um Sistema de Educação, com a dilatação do período obrigatório de escolaridade avançando inclusivamente na direção dos extremos (PG – EB), mas sem deixar de evidenciar que as prioridades que passam a ganhar contornos mais nítidos são, preponderantemente, do ápice para a base, exemplarmente representados pelo surgimento da CAPES, para a ES, na década de 1950 e apenas no início dos anos 2000 é que passa a haver uma preocupação com os estratos sociais/escolaresinferiores, com a criação da Nova CAPES para a EB. Antes disso predominam dualidades estruturais que evidenciam a inclusão mais qualificada de poucos privilegiados e o abandono ou secundamento de muitos que ficaram de fora ou foram incluídos marginalmente. É esse privilegiamento ou primazia, em termos educacionais - mas não só! – de atenção àqueles que ocupam os estratos superiores do sistema educacional brasileiro, que nos autoriza a falar de baixa ou inexistente interlocução entre a PG e a EB e a caracterizarmos esse movimento como uma história de desencontros ou também da manutenção de um apartheid socioeducacional. Os dados sobre o pouco feito e o muito a fazer são inequívocos.Unicamp; Uniso2012-11-10info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/840Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior; Vol. 17 No. 3 (2012)Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior; v. 17 n. 3 (2012)1982-57651414-4077reponame:Avaliação (Campinas. Online)instname:Universidade de Sorocaba (UNISO)instacron:UNISOporhttps://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/840/841Copyright (c) 2014 Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superiorinfo:eu-repo/semantics/openAccessRistoff, DilvoBianchetti, Lucídio2018-06-05T22:00:38Zoai:ojs.periodicos.uniso.br:article/840Revistahttps://periodicos.uniso.br/avaliacao/PUBhttps://periodicos.uniso.br/avaliacao/oai||revistaavaliacao@uniso.br1982-57651414-4077opendoar:2018-06-05T22:00:38Avaliação (Campinas. Online) - Universidade de Sorocaba (UNISO)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional |
title |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional |
spellingShingle |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional Ristoff, Dilvo |
title_short |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional |
title_full |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional |
title_fullStr |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional |
title_full_unstemmed |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional |
title_sort |
A PÓS-GRADUAÇÃO E SUAS INTERLOCUÇÕES COM A EDUCAÇÃO BÁSICA (Des)encontros históricos e manutenção do apartheid socioeducacional |
author |
Ristoff, Dilvo |
author_facet |
Ristoff, Dilvo Bianchetti, Lucídio |
author_role |
author |
author2 |
Bianchetti, Lucídio |
author2_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Ristoff, Dilvo Bianchetti, Lucídio |
description |
Por meio deste texto apresentamos alguns elementos e reflexões, visando evidenciar que as interlocuções entre a pós-graduação (PG) e a educação básica (EB) caracterizam-se como (des)encontros históricos e que, no limite, vêm garantindo a manutenção do apartheid socioeducacional desde o Brasil Colônia. A primazia da opção pela educação das elites e a inexistência ou postergação de iniciativas voltadas à educação popular é uma marca dessa trajetória. Do descobrimento, até recentemente, sequer podemos falar em Sistema de Educação, no Brasil, se o entendemos como relação orgânica entre os diversos níveis de ensino, partindo do pré-escolar, passando pela EB, Educação Superior (ES), incluindo a PG. Nossa hipótese é de que, no Brasil, desde os primórdios, sempre se optou e foram mais eficazes as iniciativas para dar conta das necessidades educacionais daqueles que se encontravam/am no ápice da pirâmide social, do que àqueles que se situavam/am nos estratos intermediários e muito menos para o grande contingente que compõe a base da pirâmide. Somente em anos mais recentes, particularmente a partir da redemocratização do país é que percebemos sinais cada vez mais concretos de preocupações com a materialização de um Sistema de Educação, com a dilatação do período obrigatório de escolaridade avançando inclusivamente na direção dos extremos (PG – EB), mas sem deixar de evidenciar que as prioridades que passam a ganhar contornos mais nítidos são, preponderantemente, do ápice para a base, exemplarmente representados pelo surgimento da CAPES, para a ES, na década de 1950 e apenas no início dos anos 2000 é que passa a haver uma preocupação com os estratos sociais/escolaresinferiores, com a criação da Nova CAPES para a EB. Antes disso predominam dualidades estruturais que evidenciam a inclusão mais qualificada de poucos privilegiados e o abandono ou secundamento de muitos que ficaram de fora ou foram incluídos marginalmente. É esse privilegiamento ou primazia, em termos educacionais - mas não só! – de atenção àqueles que ocupam os estratos superiores do sistema educacional brasileiro, que nos autoriza a falar de baixa ou inexistente interlocução entre a PG e a EB e a caracterizarmos esse movimento como uma história de desencontros ou também da manutenção de um apartheid socioeducacional. Os dados sobre o pouco feito e o muito a fazer são inequívocos. |
publishDate |
2012 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2012-11-10 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/840 |
url |
https://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/840 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/840/841 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2014 Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2014 Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Unicamp; Uniso |
publisher.none.fl_str_mv |
Unicamp; Uniso |
dc.source.none.fl_str_mv |
Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior; Vol. 17 No. 3 (2012) Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior; v. 17 n. 3 (2012) 1982-5765 1414-4077 reponame:Avaliação (Campinas. Online) instname:Universidade de Sorocaba (UNISO) instacron:UNISO |
instname_str |
Universidade de Sorocaba (UNISO) |
instacron_str |
UNISO |
institution |
UNISO |
reponame_str |
Avaliação (Campinas. Online) |
collection |
Avaliação (Campinas. Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Avaliação (Campinas. Online) - Universidade de Sorocaba (UNISO) |
repository.mail.fl_str_mv |
||revistaavaliacao@uniso.br |
_version_ |
1800219606594355200 |