Ensino de física e possibilidades de mobilização do saber

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Néryla Vayne Alves
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/204231
Resumo: A presente pesquisa foi desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP. De natureza qualitativa, teve como objeto de estudo uma turma de estudantes do 2º ano do ensino médio público, a professora de Física da turma e as aulas ministradas durante um ano letivo. No intuito de compreender como as relações estabelecidas em sala de aula influenciam na atitude e na mobilização dos alunos para a aprendizagem, investigando o comprometimento e interesse dos alunos face ao conhecimento, a prática e o cotidiano docente. Se constituíram como objetivos específicos: compreender quais as concepções de escola presentes entre alunos e professora investigados; compreender se existem práticas realizadas em sala de aula que deixam os alunos mais mobilizados em relação aos conhecimentos de Física; verificar como o uso de diferentes recursos metodológicos em atividades voltadas para investigação e descoberta, mobiliza os saberes e influenciam nas atitudes dos alunos, no desejo em aprender; compreender como atividades diferenciadas do método tradicional contribuem para um ambiente sociável e facilitador da aprendizagem nas aulas de Física; compreender se uma pesquisa com a participação da professora da turma, oportuniza o entendimento desta realidade e decisão das atividades, bem como o processo de formação continuada. Nossos dados foram gerados por meio de registros da observação, grupos focais e entrevista semiestruturada. No processo analítico tivemos como aportes a Teoria da Enunciação, de Mikhail Bakhtin, e os pressupostos da mobilização do saber de Bernard Charlot. Nossas análises mostram que a relação do estudante com a Física, ou seja, os processos de mobilização do saber, sofrem influências de distintas naturezas. A escola permanece com uma dinâmica que faz pouco sentido ao aluno; as aulas de Física com práticas descontextualizadas, pouco uso de recursos didáticos, favorecem a memorização e pouco contribuem para a compreensão dos conceitos. A ausência de um espaço de diálogo não permite que os estudantes estabeleçam réplicas em relação aos conceitos, mantendo-os afastados em relação à disciplina e os conteúdos trabalhados, que prejudica os processos de mobilização. Outro ponto importante é a relação que o estudante mantém com a escola, quase sempre vinculada a aprovação (tirar notas), a certificação e o acesso ao mercado de trabalho; pouco relacionada à construção dos conhecimentos. Por outro lado, a professora de Física vivenciando formação inicial tradicional, precárias condições de trabalho, um caminho profissional solitário e poucas possibilidades de processos (efetivos) de formação continuada, tende a manter uma prática tradicional, reforçando uma relação professor-aluno-conhecimento que acaba se constituindo como cumprimento de obrigações, e não uma relação com o saber. Embora os desafios pareçam intransponíveis defendemos a tese de que é possível mobilizar os alunos (nas aulas de física) a partir de um processo de reorganização da relação professor-aluno-conhecimento, a partir de elaboração de aulas problematizadas e dialógicas, com uso de diferentes recursos didáticos, que façam mais sentido ao estudante. Sabendo que esse é um grande desafio, considerando a realidade que vive a maioria das escolas e as sofríveis condições que envolvem a vida profissional dos professores, por isso, defendemos ainda que são possíveis mudanças na prática docente, concebendo um trabalho que visa a mobilização do saber, a partir de iniciativas concretas de formação continuada, geridas por uma efetiva parceria universidade-escola. De outro lado, o contato com a escola poderia oportunizar à universidade uma aproximação importante para que ela entendesse quais são os problemas da escola e do ensino de Física e promovesse mudanças na formação dada nas licenciaturas. Esse parece ser um caminho que ofereça possibilidades de tratamento do conhecimento da Física nas aulas, práticas mais contextualizadas e o conhecimento mais acessível.
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Se constituíram como objetivos específicos: compreender quais as concepções de escola presentes entre alunos e professora investigados; compreender se existem práticas realizadas em sala de aula que deixam os alunos mais mobilizados em relação aos conhecimentos de Física; verificar como o uso de diferentes recursos metodológicos em atividades voltadas para investigação e descoberta, mobiliza os saberes e influenciam nas atitudes dos alunos, no desejo em aprender; compreender como atividades diferenciadas do método tradicional contribuem para um ambiente sociável e facilitador da aprendizagem nas aulas de Física; compreender se uma pesquisa com a participação da professora da turma, oportuniza o entendimento desta realidade e decisão das atividades, bem como o processo de formação continuada. Nossos dados foram gerados por meio de registros da observação, grupos focais e entrevista semiestruturada. No processo analítico tivemos como aportes a Teoria da Enunciação, de Mikhail Bakhtin, e os pressupostos da mobilização do saber de Bernard Charlot. Nossas análises mostram que a relação do estudante com a Física, ou seja, os processos de mobilização do saber, sofrem influências de distintas naturezas. A escola permanece com uma dinâmica que faz pouco sentido ao aluno; as aulas de Física com práticas descontextualizadas, pouco uso de recursos didáticos, favorecem a memorização e pouco contribuem para a compreensão dos conceitos. A ausência de um espaço de diálogo não permite que os estudantes estabeleçam réplicas em relação aos conceitos, mantendo-os afastados em relação à disciplina e os conteúdos trabalhados, que prejudica os processos de mobilização. Outro ponto importante é a relação que o estudante mantém com a escola, quase sempre vinculada a aprovação (tirar notas), a certificação e o acesso ao mercado de trabalho; pouco relacionada à construção dos conhecimentos. Por outro lado, a professora de Física vivenciando formação inicial tradicional, precárias condições de trabalho, um caminho profissional solitário e poucas possibilidades de processos (efetivos) de formação continuada, tende a manter uma prática tradicional, reforçando uma relação professor-aluno-conhecimento que acaba se constituindo como cumprimento de obrigações, e não uma relação com o saber. Embora os desafios pareçam intransponíveis defendemos a tese de que é possível mobilizar os alunos (nas aulas de física) a partir de um processo de reorganização da relação professor-aluno-conhecimento, a partir de elaboração de aulas problematizadas e dialógicas, com uso de diferentes recursos didáticos, que façam mais sentido ao estudante. Sabendo que esse é um grande desafio, considerando a realidade que vive a maioria das escolas e as sofríveis condições que envolvem a vida profissional dos professores, por isso, defendemos ainda que são possíveis mudanças na prática docente, concebendo um trabalho que visa a mobilização do saber, a partir de iniciativas concretas de formação continuada, geridas por uma efetiva parceria universidade-escola. De outro lado, o contato com a escola poderia oportunizar à universidade uma aproximação importante para que ela entendesse quais são os problemas da escola e do ensino de Física e promovesse mudanças na formação dada nas licenciaturas. Esse parece ser um caminho que ofereça possibilidades de tratamento do conhecimento da Física nas aulas, práticas mais contextualizadas e o conhecimento mais acessível.This research was carried out in conjunction with the Graduate Program in Education at the Faculty of Science and Technology - UNESP. Of a qualitative nature, the object of study was a group of students from the 2nd year of public high school, the class Physics teacher and the classes taught during an academic year. In order to understand how the relationships established in the classroom influence in the attitude and mobilization of students for learning, investigating the commitment and interest of students in the face of knowledge, practice and everyday teaching. Specific objectives were constituted: to understand which concepts of school are present among students and teacher investigated; understand if there are practices carried out in the classroom that leave students more mobilized in relation to the knowledge of Physics; verify how the use of different methodological resources in activities aimed at research and discovery, mobilizes knowledge and influences students' attitudes, the desire to learn; understand how activities differentiated from the traditional method contribute to a sociable environment that facilitates learning in Physics classes; understand if a survey with the participation of the class teacher, provides an opportunity to understand this reality and decide the activities, as well as the process of continuing education. Our data were generated through observation records, focus groups and semi-structured interviews. In the analytical process we had as inputs the Theory of Enunciation, by Mikhail Bakhtin, and the assumptions of the mobilization of knowledge by Bernard Charlot. Our analyzes show that the student's relationship with Physics, that is, the processes of knowledge mobilization, suffer influences of different natures. The school remains with a dynamic that makes little sense to the student; Physics classes with out-of-context practices, little use of didactic resources, favor memorization and contribute little to the understanding of concepts. The absence of a space for dialogue does not allow students to establish replicas in relation to the concepts, keeping them at a distance in relation to the discipline and the contents worked on, which impairs the mobilization processes. Another important point is the relationship that the student has with the school, almost always linked to approval (taking grades), certification and access to the labor market; little related to the construction of knowledge. On the other hand, the Physics teacher experiencing traditional initial training, precarious working conditions, a lonely professional path and few possibilities for (effective) continuing education processes, tends to maintain a traditional practice, reinforcing a teacher-student-knowledge relationship that it ends up constituting fulfillment of obligations, and not a relationship with knowledge. Although the challenges seem insurmountable, we defend the thesis that it is possible to mobilize students (in physics classes) based on a process of reorganizing the teacher-student-knowledge relationship, based on the elaboration of problematized and dialogical classes, using different resources. didactic, that make more sense to the student. Knowing that this is a great challenge, considering the reality that most schools live and the suffering conditions that involve the professional life of teachers, therefore, we also defend that changes in teaching practice are possible, conceiving a work that aims to mobilize the to know, based on concrete continuing education initiatives, managed by an effective university-school partnership. On the other hand, contact with the school could provide the university with an important approach so that it understands the problems of the school and the teaching of Physics and promotes changes in the training given in undergraduate courses. This seems to be a path that offers possibilities for treating knowledge of Physics in class, more contextualized practices and more accessible knowledge.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Gomes, Alberto Albuquerque [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Dias, Néryla Vayne Alves2021-03-30T13:28:08Z2021-03-30T13:28:08Z2021-03-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/20423133004129044P6porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-20T13:00:50Zoai:repositorio.unesp.br:11449/204231Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-06-20T13:00:50Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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