Debord: crítica e crise da sociedade do espetáculo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/149961 |
Resumo: | A crítica histórica e estratégica de Guy Debord (1931-1994), o mais influente membro da Internacional Situacionista (1957-1972) – organização inscrita na corrente esquerdista do moderno movimento revolucionário europeu –, ocupa um lugar único no mapa intelectual e político da última metade do século XX. Verdadeiramente contemporânea, singularmente profética, a crítica teórica de Debord é efetivamente inseparável de sua crítica prática à sociedade do espetáculo, identificada com a modernidade capitalista e tardocapitalista em sua totalidade. O objetivo do presente estudo é apresentar a trajetória crítico-prática de Debord elucidando particularmente a forma singular com que os diagnósticos e prognósticos apresentados em seus dois principais livros teóricos de crítica social, A sociedade do espetáculo (1967) e Comentários sobre a sociedade do espetáculo (1988), seriam historicamente verificados corretos em duas conjunturas distintas, primeiramente na/pela crise explosiva de 1968 e, mais tarde, na/pela crise implosiva de 1989. A hipótese central é a de que existe uma continuidade teórica e metodológica entre os textos de 1967 e 1988, diferentemente de outras interpretações acadêmicas que, ao assinalarem uma suposta “ruptura” das teses “pós-modernas” de 1988 com o “marxismo” das teses originais de 1967, indicam a existência de uma descontinuidade entre elas. Demonstra-se como há, entre as teses sessentistas e oitentistas de Debord, uma descontinuidade que é, contudo, de ordem estritamente temática, condicionada pelo desenrolar do próprio processo histórico ao qual se vinculam concretamente. Demonstra-se, além disso, como o texto de 1988 reflete criticamente as soluções regressivas encontradas pelo capital e pelo Estado na gestão e resolução da crise revolucionária detonada internacionalmente em torno de 1968, particularmente na França e na Itália. Apesar de concentrar-se nos dois textos considerados os principais do ponto de vista de seu acabamento teórico-conceitual, o presente estudo apreende a obra de Guy Debord como uma substância sem partes, isto é: desde um ponto de vista que suprime radicalmente a separação entre estética e política, teoria e prática, biografia e história. Para tanto, procede-se à uma investigação heurística que se vale de modo equivalente tanto dos textos teóricos como políticos de Debord, de seus filmes, bem como das suas volumosas correspondências, especialmente aquelas dos anos 1960, 1970 e 1980: período este que, afinal, delimita historicamente o arcabouço teórico e temático compreendido nesta pesquisa. |
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Debord: crítica e crise da sociedade do espetáculoDebord: critique and crisis of the society of the spectacleDebord: critique et crise de la société du spectacleDebord, GuyEspetáculoCríticaCriseEsquerdismoSituacionismoSpectacleCritiqueCrisisLeftismSituationismGauchismeSituationnismeA crítica histórica e estratégica de Guy Debord (1931-1994), o mais influente membro da Internacional Situacionista (1957-1972) – organização inscrita na corrente esquerdista do moderno movimento revolucionário europeu –, ocupa um lugar único no mapa intelectual e político da última metade do século XX. Verdadeiramente contemporânea, singularmente profética, a crítica teórica de Debord é efetivamente inseparável de sua crítica prática à sociedade do espetáculo, identificada com a modernidade capitalista e tardocapitalista em sua totalidade. O objetivo do presente estudo é apresentar a trajetória crítico-prática de Debord elucidando particularmente a forma singular com que os diagnósticos e prognósticos apresentados em seus dois principais livros teóricos de crítica social, A sociedade do espetáculo (1967) e Comentários sobre a sociedade do espetáculo (1988), seriam historicamente verificados corretos em duas conjunturas distintas, primeiramente na/pela crise explosiva de 1968 e, mais tarde, na/pela crise implosiva de 1989. A hipótese central é a de que existe uma continuidade teórica e metodológica entre os textos de 1967 e 1988, diferentemente de outras interpretações acadêmicas que, ao assinalarem uma suposta “ruptura” das teses “pós-modernas” de 1988 com o “marxismo” das teses originais de 1967, indicam a existência de uma descontinuidade entre elas. Demonstra-se como há, entre as teses sessentistas e oitentistas de Debord, uma descontinuidade que é, contudo, de ordem estritamente temática, condicionada pelo desenrolar do próprio processo histórico ao qual se vinculam concretamente. Demonstra-se, além disso, como o texto de 1988 reflete criticamente as soluções regressivas encontradas pelo capital e pelo Estado na gestão e resolução da crise revolucionária detonada internacionalmente em torno de 1968, particularmente na França e na Itália. Apesar de concentrar-se nos dois textos considerados os principais do ponto de vista de seu acabamento teórico-conceitual, o presente estudo apreende a obra de Guy Debord como uma substância sem partes, isto é: desde um ponto de vista que suprime radicalmente a separação entre estética e política, teoria e prática, biografia e história. Para tanto, procede-se à uma investigação heurística que se vale de modo equivalente tanto dos textos teóricos como políticos de Debord, de seus filmes, bem como das suas volumosas correspondências, especialmente aquelas dos anos 1960, 1970 e 1980: período este que, afinal, delimita historicamente o arcabouço teórico e temático compreendido nesta pesquisa.Guy Debord (1931-1994) is the most influential member of the International Situationist (1957-1972) – a political organization inscribed in the leftist current of the modern european revolutionary movement. Debord's historic and strategic critique occupies a singular place in the political and intellectual map in the last half of 20th century. Truly contemporary, singularly prophetic, his theoretical critique is effectively inseparable from his practical critique of the society of the spectacle, which is identified to the capitalist and tardo capitalist modernity in its totality. The aim of this work is to present Debord's critical and practical path elucidating, particularly, the singular form with which the diagnosis and the prognosis presented in his two main theoretical books on social critique, The Society of the Spectacle (1967) and Comments on the Society of the Spectacle (1988), would be historically verified as correct in two distinct conjunctures: at first in/through the explosive crisis of 1968 and, later, in/through the implosive crisis of 1989. The central hypothesis is that there is a theoretical and methodological continuity between his works from 1967 and 1988, differently of other academic interpretations that, by pointing out a supposed “rupture” between the “postmodern” theses of 1988 and the “marxism” of the original theses of 1967, indicated the existence of a discontinuity between them. It is demonstrated that there is, between the 1967 and 1988 theses, a discontinuity that is, however, strictly thematic, conditioned by the course of the historical process to which it is concretely linked. Furthermore it is demonstrated how the 1988 text reflects critically the regressive solutions found by the capital and by the government in the management and resolution of the revolutionary crisis internationally detonated in 1968, particularly in France and Italy. In spite of concentrating in the two axes considered the main ones from the point of view of their theoretical-conceptual final touch, this study tries to learn Guy Debord's work as substance with no parts, i.e., since a point of view that suppress radically the separation between aesthetic and politics, theory and practice, biography and history. Therefore, it was preceded an heuristic investigation that uses in an equivalent way both Debord's theoretical and political texts, his films, as well as his voluminous correspondences, specially the ones from the 1960's, 1970's and 1980's: a period that, after all, delimits historically the theoretical and thematic framework of this research.La critique historique et stratégique de Guy Debord (1931-1994), le plus influent membre de l’Internationale Situationniste (1957-1972) – une organisation qui appartient au courant gauchiste du mouvement révolutionnaire européen moderne –, occupe une place unique dans la carte intellectuel et politique de la dernière moitié du XXe siècle. Vraiment contemporaine, singulièrement prophétique, la critique théorique de Debord est effectivement inséparable de sa critique pratique de la société du spectacle, identifiée à la modernité capitaliste et tardo-capitaliste dans sa totalité. L’objectif du présent étude est de présenter la trajectoire critique-pratique de Debord, en élucidant particulièrement la forme singulière dont les diagnostics et pronostics présents dans ses principaux livres théoriques de critique sociale, La société du spectacle (1967) et les Commentaires sur la société du spectacle (1988), seraient historiquement vérifiés comme corrects dans deux conjonctures distinctes, premièrement dans/pour la crise explosive de 1968 et, plus tard, dans/pour la crise implosive de 1989. L’hypothèse centrale est qu’il y a une continuité théorique et méthodologique parmi les textes de 1967 et 1988, à la différence d’autres interprétations académiques qui, en relevant une “rupture” supposée des thèses “postmodernes” de 1988 avec le “marxisme” des thèses originales de 1967, indiquent l’existence d’une discontinuité parmi eux. On montre l'existence, parmi les thèses de Debord des années soixante et quatre-vingt, d'une discontinuité qui est, cependant, d’ordre strictement thématique, conditionnée par le déroulement du propre procès historique auquel elles se sont concrètement liées. On démontre, en outre, comme le texte de 1988 reflète critiquement les solutions régressives trouvées par le capital et l’État dans la gestion et la résolution de la crise révolutionnaire qui a explosé internationalement autour de 1968, particulièrement en France et en Italie. Bien qu’on concentre l’analyse dans les deux textes considérés les principaux du point de vue de son achèvement théorique et conceptuel, cette étude appréhende l’œuvre de Guy Debord comme une substance sans parties, c’est-à-dire: d’un point de vue qui supprime radicalement la séparation entre esthétique et politique, théorie et pratique, biographie et histoire. Pour le faire, on procède à une investigation heuristique qui utilise de façon équivalente tant des textes théoriques que politiques de Debord, ses films, aussi bien que ses volumineuses correspondances, spécialement celles des années 1960, 1970 et 1980: une période qui, après tout, délimite historiquement le cadre théorique et thématique de cette recherche.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)CNPq: 133435/2015-6Universidade Estadual Paulista (Unesp)Valle, Maria Ribeiro do [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Corrêa, Erick Quintas [UNESP]2017-03-24T20:17:20Z2017-03-24T20:17:20Z2017-01-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/14996100088274733004030017P75248547959046886porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-11T18:47:16Zoai:repositorio.unesp.br:11449/149961Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T16:51:40.721062Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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