As faces do perspectivismo: estudos sobre a percepção em Gurwitsch e Merleau-Ponty

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marangoni, Pedro Henrique Santos Decanini [UNESP]
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/216139
Resumo: O propósito deste trabalho é apresentar e confrontar dois modelos distintos de fenomenologia da percepção, representados pelos pensamentos de Aron Gurwitsch e Maurice Merleau-Ponty, tecendo paralelos e localizando as divergências específicas em seus modos de teorizar a estrutura perspectiva da experiência sensível. Em ambos os autores, a investigação do perspectivismo é motivada pela elaboração filosófica do caráter paradoxal da abertura perceptiva. No discurso fenomenológico assumido pelos pensadores, a percepção lança-nos a um mundo de objetos sensíveis, apresentados na experiência direta como objetos reais, sob a condição de que esta visada seja constitutivamente inacabada e aberta. A concretude do real não se opõe ao perspectivismo da experiência: são fenômenos inextrincáveis. Em Gurwitsch e Merleau-Ponty, a operacionalização filosófica desta inextrincabilidade se perfaz na tarefa de conciliar a inesgotabilidade do percebido, o perspectivismo essencial dos objetos espaciais, cuja dimensão horizontal e fugidia é, precisamente, o que os definem enquanto objetos reais, com a inerência do sujeito a um ponto de vista, este perspectivismo evidenciado pela nossa condição de seres finitos. Nesta dupla significação do perspectivismo, a comparação das teses de Gurwitsch e Merleau-Ponty nos permite colocar em relevo a tensão entre um elemento fenomenológico, a descrição das estruturas essenciais da manifestação dos objetos à consciência, e um elemento antropológico, marcado pela ênfase na finitude, na encarnação e no enraizamento do sujeito perceptivo em suas situações concretas. Nossa investigação busca retraçar e entrecruzar os percursos que conduzem os autores a elaborar o vínculo entre a a teoria da doação por perfis, oriunda da análise fenomenológica, e a reflexão sobre o essencial arraigamento da experiência em um ponto de vista, o que nos exigirá o aclaramento do caráter antecipatório, prático e encarnado da percepção. Levando em consideração que o tema do perspectivismo constitui o alicerce de suas elaborações fenomenológicas acerca da organização perceptiva, a acareação de seus pensamentos se realiza à luz do duplo arcabouço conceitual, central para estes pensadores, concernente ao pensamento de Husserl e às elaborações descritivas da Psicologia da Gestalt.
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A concretude do real não se opõe ao perspectivismo da experiência: são fenômenos inextrincáveis. Em Gurwitsch e Merleau-Ponty, a operacionalização filosófica desta inextrincabilidade se perfaz na tarefa de conciliar a inesgotabilidade do percebido, o perspectivismo essencial dos objetos espaciais, cuja dimensão horizontal e fugidia é, precisamente, o que os definem enquanto objetos reais, com a inerência do sujeito a um ponto de vista, este perspectivismo evidenciado pela nossa condição de seres finitos. Nesta dupla significação do perspectivismo, a comparação das teses de Gurwitsch e Merleau-Ponty nos permite colocar em relevo a tensão entre um elemento fenomenológico, a descrição das estruturas essenciais da manifestação dos objetos à consciência, e um elemento antropológico, marcado pela ênfase na finitude, na encarnação e no enraizamento do sujeito perceptivo em suas situações concretas. Nossa investigação busca retraçar e entrecruzar os percursos que conduzem os autores a elaborar o vínculo entre a a teoria da doação por perfis, oriunda da análise fenomenológica, e a reflexão sobre o essencial arraigamento da experiência em um ponto de vista, o que nos exigirá o aclaramento do caráter antecipatório, prático e encarnado da percepção. Levando em consideração que o tema do perspectivismo constitui o alicerce de suas elaborações fenomenológicas acerca da organização perceptiva, a acareação de seus pensamentos se realiza à luz do duplo arcabouço conceitual, central para estes pensadores, concernente ao pensamento de Husserl e às elaborações descritivas da Psicologia da Gestalt.The purpose of this work is to present and confront two distinct models of phenomenology of perception, represented by the thoughts of Aron Gurwitsch and Maurice Merleau-Ponty, weaving parallels and locating specific divergences in their ways of theorizing the perspectival structure of sensitive experience. In both authors, the investigation of perspectivism is motivated by the philosophical elaboration of the paradoxical character of perceptual openness. In the phenomenological discourse shared by both thinkers, perception launches us into a world of sensible objects, presented in direct experience as real objects, under the condition that this visage is constitutively unfinished and open. The concreteness of the real is not oposed to the perspectivism of experience; rather, they are inextricably linked. In Gurwitsch and Merleau-Ponty, the philosophical operationalization of this inextricability is made in the task of reconciling the inexhaustibility of the perceived, the essential perspectivism of spatial objects, whose horizontal and elusive dimension is precisely what defines them as real objects, with the inherence of the subject to a point of view, this perspectivism evidenced by our condition as finite beings. In this double meaning of perspectivism, the comparison of Gurwitsch's and Merleau-Ponty's theses allows us to place in relief the tension between the phenomenological element, the description of the essential structures of the manifestation of objects to consciousness, and the anthropological element, marked by the emphasis on the finitude, the embodiment, and the rootedness of the perceptual subject in his concrete situations. Our investigation seeks to trace and intersect the paths that lead the authors to elaborate the link between the theory of perceptual adumbration, originating from phenomenological analysis, and the reflection on the essential rootedness of experience in a point of view, which will require us to clarify the anticipatory, practical, and embodied character of perception. Taking into consideration that the theme of perspectivism constitutes the foundation of their phenomenological elaborations about perceptual organization, the comparison of their thoughts is made in the light of a double conceptual framework, central to these thinkers, concerning Husserl's thought and the descriptive elaborations of Gestalt Psychology.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)2017/15348-3Universidade Estadual Paulista (Unesp)Verissimo, Danilo Saretta [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Marangoni, Pedro Henrique Santos Decanini [UNESP]2022-01-28T11:57:40Z2022-01-28T11:57:40Z2021-12-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21613933004048021P6porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-18T14:03:21Zoai:repositorio.unesp.br:11449/216139Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T22:10:32.044159Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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