O Espaço da brincadeira nos contextos pré-escolar e escolar de crianças de quatro a seis anos, no Brasil e em Portugal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza, Thaís Oliveira de
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/152582
Resumo: O objetivo geral deste estudo foi de investigar como são produzidas as brincadeiras nos contextos pré-escolar e escolar, no Brasil e em Portugal, considerando as condições institucionais e as formas de brincar de crianças de quatro a seis anos, bem como, o papel da mediação da escola nesse processo. Para isso, buscamos levantar os recursos físicos e materiais disponíveis para a brincadeira e a organização espaço-temporal do brincar nas instituições; identificamos e analisamos os tipos de brincadeiras desenvolvidas nos diferentes contextos e como as crianças observadas concebem as atividades do brincar. Para realizar tal investigação elegemos a metodologia qualitativa baseada no referencial da Teoria Histórico-Cultural, considerando o desenvolvimento cultural um processo vivo. A pesquisa de campo foi desenvolvida em duas instituições brasileiras e uma portuguesa, em turmas do pré-escolar e do 1.º ano do Ensino Fundamental. O procedimento seguiu três etapas: a) entrevista individual semiestruturada com os dirigentes da instituição, a fim de caracterizá-la; b) observações participantes das brincadeiras, mediante utilização de um roteiro e preenchimento de fichas de observação, sendo todo o contato com o grupo de crianças registrado em diários de campo; c) entrevistas semiestruturadas com as crianças, a fim de complementar os dados da observação e levantar informações acerca das brincadeiras e preferências. Ao investigar o lugar do brincar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, após a Lei nº 11.274/06 no Brasil, constatamos que há variações do tempo de brincar entre as escolas e as turmas pesquisadas, nos dois países, o que demonstra que o horário de brincar é tanto determinado pela equipe gestora, como por cada educadora. Os principais resultados indicaram que, no Brasil, as crianças do pré-escolar brincam mais dentro da sala, do que fora dela, em momentos determinados pelas educadoras. Muitas brincadeiras são escolhidas e controladas pelas professoras. Em Portugal, as crianças do pré-escolar possuem mais liberdade para escolher o que querem brincar dentro da sala, sendo mais habitual episódios com o jogo protagonizado, visto que a própria sala possui uma área destinada ao brincar de faz-de-conta. Quanto ao 1.º ano do Ensino Fundamental, nos dois países, o brincar estava restrito ao período de intervalo e não contava com a organização e participação do adulto. Em relação aos tipos e conteúdos do brincar, não foram observadas acentuadas diferenças entre os países, o que pode ser explicado pela constante troca cultural existente entre Brasil e Portugal. Nos dois países verificamos atividades voltadas à alfabetização e ao letramento. Nas pré-escolas muitas atividades possuíam a intenção de transmitir conteúdos, sendo obrigatórias e geradoras de avaliações. Acreditamos que o papel do educador frente ao brincar deve ser o de mediador, no sentido de oportunizar variadas experiências, criar situações enriquecedoras e trazer novos elementos às brincadeiras, a fim de torná-las condizentes com os interesses e potencialidades das crianças, fazendo avançar o nível de seu desenvolvimento. Frente às diversas transformações na sociedade que diminuíram os espaços de brincar, a escola, local onde as crianças passam considerável tempo de suas vidas, precisa assegurar o tempo e espaço do brincar.
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Para realizar tal investigação elegemos a metodologia qualitativa baseada no referencial da Teoria Histórico-Cultural, considerando o desenvolvimento cultural um processo vivo. A pesquisa de campo foi desenvolvida em duas instituições brasileiras e uma portuguesa, em turmas do pré-escolar e do 1.º ano do Ensino Fundamental. O procedimento seguiu três etapas: a) entrevista individual semiestruturada com os dirigentes da instituição, a fim de caracterizá-la; b) observações participantes das brincadeiras, mediante utilização de um roteiro e preenchimento de fichas de observação, sendo todo o contato com o grupo de crianças registrado em diários de campo; c) entrevistas semiestruturadas com as crianças, a fim de complementar os dados da observação e levantar informações acerca das brincadeiras e preferências. Ao investigar o lugar do brincar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, após a Lei nº 11.274/06 no Brasil, constatamos que há variações do tempo de brincar entre as escolas e as turmas pesquisadas, nos dois países, o que demonstra que o horário de brincar é tanto determinado pela equipe gestora, como por cada educadora. Os principais resultados indicaram que, no Brasil, as crianças do pré-escolar brincam mais dentro da sala, do que fora dela, em momentos determinados pelas educadoras. Muitas brincadeiras são escolhidas e controladas pelas professoras. Em Portugal, as crianças do pré-escolar possuem mais liberdade para escolher o que querem brincar dentro da sala, sendo mais habitual episódios com o jogo protagonizado, visto que a própria sala possui uma área destinada ao brincar de faz-de-conta. Quanto ao 1.º ano do Ensino Fundamental, nos dois países, o brincar estava restrito ao período de intervalo e não contava com a organização e participação do adulto. Em relação aos tipos e conteúdos do brincar, não foram observadas acentuadas diferenças entre os países, o que pode ser explicado pela constante troca cultural existente entre Brasil e Portugal. Nos dois países verificamos atividades voltadas à alfabetização e ao letramento. Nas pré-escolas muitas atividades possuíam a intenção de transmitir conteúdos, sendo obrigatórias e geradoras de avaliações. Acreditamos que o papel do educador frente ao brincar deve ser o de mediador, no sentido de oportunizar variadas experiências, criar situações enriquecedoras e trazer novos elementos às brincadeiras, a fim de torná-las condizentes com os interesses e potencialidades das crianças, fazendo avançar o nível de seu desenvolvimento. Frente às diversas transformações na sociedade que diminuíram os espaços de brincar, a escola, local onde as crianças passam considerável tempo de suas vidas, precisa assegurar o tempo e espaço do brincar.The main objective of this study was to investigate how the play are produced in the pre-school and the school contexts, in Brazil and Portugal, considering the institutional conditions and the forms of playing of children from four up to six years, as well as the role of the school mediation in this process. For this goal, we describe the physical and material resources available for play and the space-time organization of play in the institutions; we identify and analyze the kind of play developed in the different contexts and how the observed children conceive the activities of the play. In order to carry out such research, we chose the qualitative methodology based on the Socio-historical Theory, which considering the cultural development as a living process. The field research was developed in two Brazilian institutions and one Portuguese institution, in the pre-school and the first year of Elementary School. The procedure followed three stages: a) a semi-structured individual interview with the directors of the institution, in order to characterize it; b) participant observations of the plays, using a script and filling outobservation cards, here all the contact with the group of children was registered in field diaries; c) semi-structured interviews with the children, in order to complement the observation data and to gather information about the games and preferences. In investigating the place of play in Early Childhood Education and Elementary Education, after the Law No. 11.274 / 06 in Brazil, we found that there are variations in playing time between the schools and the surveyed groups in both countries, which shows that the time is determined both by the management team and by each educator. The main results indicated that, in Brazil, pre-school children play more in the classroom on times determined by the educators. Many plays are chosen and controlled by the teachers. In Portugal, pre-school children have more freedom to choose what they want to play in the classroom, being the make-believe play more usual, since the room itself has an area for the role-playing. For the first year of Elementary School, in both countries, play was restricted to the interval period and did not count with the organization and participation of the adult. In what regarding the kinds and contents of play, there were no observable differences between the two countries, which can be explained by the constant cultural exchange between Brazil and Portugal. In both countries we find activities focused on literacy. In pre-schools many activities had the goal of transmitting contents, being obligatory and generating evaluations. We believe that the role of the educator in relation to play should be of mediator, in the sense of providing various experiences, creating enriching situations and bringing new elements to the games, in order to make them compatible with the interests and potential of the children, advancing the level of its development. Once the school is the place where children spend a considerable time of their lives and a lot of transformations in society have diminished the play spaces, the educator must ensure the time and the space of play.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)FAPESP: 2013/23046-6 e FAPESP: 2015/03693-2Universidade Estadual Paulista (Unesp)Constantino, Elizabeth Piemonte [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Souza, Thaís Oliveira de2018-01-24T12:47:31Z2018-01-24T12:47:31Z2017-12-21info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/15258200089638633004048021P6porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-18T14:02:54Zoai:repositorio.unesp.br:11449/152582Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T18:48:04.373997Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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