Excesso de peso entre adolescentes durante a pandemia de Covid-19: prevalência e fatores associados

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Corrêa, Cláudia Rosana Trevisani
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/253345
https://lattes.cnpq.br/3183700135834688
Resumo: Introdução: A adolescência é marcada por desafios complexos relacionados à identidade e mudanças nos hábitos de vida. Esse período, que engloba as idades entre 10 e 19 anos, envolve a necessidade de definir papéis culturais e profissionais futuros, frequentemente acompanhados por comportamentos indesejados, como o consumo de alimentos não saudáveis, falta de atividade física, a insuficiência de sono adequado e excesso de tempo gasto em dispositivos eletrônicos, todos contribuindo para problemas de saúde, incluindo o excesso de peso. Particularmente relevante é a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e doenças crônicas na vida adulta, assim como o aumento da prevalência da obesidade durante a adolescência. Abordar questões sobre o excesso de peso entre os adolescentes requer uma compreensão aprofundada dos fatores determinantes, entre eles socioeconômicos e comportamentais com o intuito de prevenir o excesso de peso. Essa compreensão é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes que incentivem hábitos saudáveis nesta população em transformação, inclusive considerando os desafios que surgiram devido à pandemia de COVID-19. Objetivos: Avaliar a prevalência de fatores comportamentais relacionados à saúde e sua associação com excesso de peso em adolescentes estudantes de escola técnica pública no interior do Estado de São Paulo, durante a pandemia de COVID-19. Métodos: Trata-se de estudo transversal, com participação de 302 escolares de 14 a 19 anos, de ambos os sexos, matriculados no ensino médio integrado do município de Itapetininga -- SP. Foram utilizados questionários estruturados através do Google forms enviados via WhatsApp, contendo perguntas sobre tempo diário gasto em frente a telas digitais; quantidade e qualidade do sono (Mini Sleep Questionnaire); hábitos ao realizar as refeições e frequência de consumo de alimentos ultraprocessados; atividade física (IPAQ - versão curta); aspectos socioeconômicos e demográficos das famílias (Questionário amostra para Censo Demográfico – IBGE) e presença de obesidade nos pais (percepção do estudante). Os pesos e as alturas dos estudantes foram autorrelatados e utilizados para cálculo do índice de massa corporal (IMC), avaliado segundo os pontos de corte preconizados pela OMS (2006), através do escore Z de IMC por idade e sexo. Foram produzidas estatísticas descritivas e análises univariadas para identificação de possíveis associações entre as variáveis de interesse e o estado nutricional do estudante, utilizando-se do teste Qui-Quadrado para comparação de proporções. Mediante regressão logística múltipla, foram investigados os fatores independentemente associados com excesso de peso, definido como escore-Z de IMC ≥1,0. Resultados: O IMC dos estudantes variou entre 13,84 e 39,54 Kg/m², com média de 22,63 (DP 3,94) Kg/m². Mais de um quarto (28,5%) apresentava excesso de peso (28,7% entre as meninas e 28,0% entre meninos). A proporção de estudantes com obesidade (8,3%) e com baixo peso (8,6%) também não variou entre meninos e meninas. Comportamentos adversos à saúde foram frequentes: 40% dos estudantes relataram fazer suas refeições em frente a algum tipo de tela nos sete dias da semana; 13% afirmaram preparar sozinho sua refeição principal; a grande maioria (87,7%) relatou má qualidade do sono e quase um terço (29,9%) dormia menos de 7 horas por noite. Apenas um terço (29,8%) alcançou a recomendação de praticar exercícios ou atividades físicas moderadas por pelo menos 1 hora em todos os dias da semana. Por meio de análise de regressão logística, foram encontradas associações entre excesso de peso e tempo de tela, sendo que estar no 2º e 3º tercil de tempo de tela apresentaram o dobro de chance de excesso de peso (OR=2,243, IC 95%= 1,052 – 4,782) e (OR=2,890, IC 95%= 1,388 – 6,020) respectivamente; fazer refeições em frente a telas em todos dias da semana multiplicou por 4,164(OR=4,164; IC95%= 2,045 - 8479) esta chance em relação aqueles que não adotavam essa prática. A probabilidade de excesso de peso aumenta significativamente quando ambos os pais são obesos (OR=3,368, IC 95%= 1,081– 10,493). Dentre as variáveis socioeconômicas, ser filho de mãe com baixa escolaridade se mostrou como fator de proteção para excesso de peso reduzindo a chance em 59% (OR = 0,410, IC 95% = 0,188 – 0,895). Conclusões: Os resultados indicaram que durante a pandemia de COVID-19 comportamentos potencialmente adversos à saúde e passíveis de modificações por intervenções foram muito frequentes nos estudantes adolescentes, com destaque para a má qualidade e tempo de sono inadequado, tempo de tela excessivo e hábito de fazer refeições em frente a algum tipo de tela; estas duas últimas foram identificadas como fatores independentes entre si e de outros potenciais, confundidores que aumentaram as chances de excesso de peso. A obesidade dos pais reflete elementos do ambiente familiar que podem ser alvo de intervenção preventiva. Também, foi identificada a influência independente dos demais fatores da escolaridade materna, um marcador de condição socioeconômica, sobre o estado nutricional do adolescente: a baixa escolaridade mostrou-se protetora contra excesso de peso.
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spelling Excesso de peso entre adolescentes durante a pandemia de Covid-19: prevalência e fatores associadosOverweight among adolescents during the pandemic COVID-19: prevalence and associated factorsComportamento do adolescenteEstado nutricionalTempo de telaAlimentos ultraprocessadosEstudos transversaisAdolescent BehaviorNutritional statusScreen timeUltra-processed foodsCross-sectional studiesIntrodução: A adolescência é marcada por desafios complexos relacionados à identidade e mudanças nos hábitos de vida. Esse período, que engloba as idades entre 10 e 19 anos, envolve a necessidade de definir papéis culturais e profissionais futuros, frequentemente acompanhados por comportamentos indesejados, como o consumo de alimentos não saudáveis, falta de atividade física, a insuficiência de sono adequado e excesso de tempo gasto em dispositivos eletrônicos, todos contribuindo para problemas de saúde, incluindo o excesso de peso. Particularmente relevante é a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e doenças crônicas na vida adulta, assim como o aumento da prevalência da obesidade durante a adolescência. Abordar questões sobre o excesso de peso entre os adolescentes requer uma compreensão aprofundada dos fatores determinantes, entre eles socioeconômicos e comportamentais com o intuito de prevenir o excesso de peso. Essa compreensão é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes que incentivem hábitos saudáveis nesta população em transformação, inclusive considerando os desafios que surgiram devido à pandemia de COVID-19. Objetivos: Avaliar a prevalência de fatores comportamentais relacionados à saúde e sua associação com excesso de peso em adolescentes estudantes de escola técnica pública no interior do Estado de São Paulo, durante a pandemia de COVID-19. Métodos: Trata-se de estudo transversal, com participação de 302 escolares de 14 a 19 anos, de ambos os sexos, matriculados no ensino médio integrado do município de Itapetininga -- SP. Foram utilizados questionários estruturados através do Google forms enviados via WhatsApp, contendo perguntas sobre tempo diário gasto em frente a telas digitais; quantidade e qualidade do sono (Mini Sleep Questionnaire); hábitos ao realizar as refeições e frequência de consumo de alimentos ultraprocessados; atividade física (IPAQ - versão curta); aspectos socioeconômicos e demográficos das famílias (Questionário amostra para Censo Demográfico – IBGE) e presença de obesidade nos pais (percepção do estudante). Os pesos e as alturas dos estudantes foram autorrelatados e utilizados para cálculo do índice de massa corporal (IMC), avaliado segundo os pontos de corte preconizados pela OMS (2006), através do escore Z de IMC por idade e sexo. Foram produzidas estatísticas descritivas e análises univariadas para identificação de possíveis associações entre as variáveis de interesse e o estado nutricional do estudante, utilizando-se do teste Qui-Quadrado para comparação de proporções. Mediante regressão logística múltipla, foram investigados os fatores independentemente associados com excesso de peso, definido como escore-Z de IMC ≥1,0. Resultados: O IMC dos estudantes variou entre 13,84 e 39,54 Kg/m², com média de 22,63 (DP 3,94) Kg/m². Mais de um quarto (28,5%) apresentava excesso de peso (28,7% entre as meninas e 28,0% entre meninos). A proporção de estudantes com obesidade (8,3%) e com baixo peso (8,6%) também não variou entre meninos e meninas. Comportamentos adversos à saúde foram frequentes: 40% dos estudantes relataram fazer suas refeições em frente a algum tipo de tela nos sete dias da semana; 13% afirmaram preparar sozinho sua refeição principal; a grande maioria (87,7%) relatou má qualidade do sono e quase um terço (29,9%) dormia menos de 7 horas por noite. Apenas um terço (29,8%) alcançou a recomendação de praticar exercícios ou atividades físicas moderadas por pelo menos 1 hora em todos os dias da semana. Por meio de análise de regressão logística, foram encontradas associações entre excesso de peso e tempo de tela, sendo que estar no 2º e 3º tercil de tempo de tela apresentaram o dobro de chance de excesso de peso (OR=2,243, IC 95%= 1,052 – 4,782) e (OR=2,890, IC 95%= 1,388 – 6,020) respectivamente; fazer refeições em frente a telas em todos dias da semana multiplicou por 4,164(OR=4,164; IC95%= 2,045 - 8479) esta chance em relação aqueles que não adotavam essa prática. A probabilidade de excesso de peso aumenta significativamente quando ambos os pais são obesos (OR=3,368, IC 95%= 1,081– 10,493). Dentre as variáveis socioeconômicas, ser filho de mãe com baixa escolaridade se mostrou como fator de proteção para excesso de peso reduzindo a chance em 59% (OR = 0,410, IC 95% = 0,188 – 0,895). Conclusões: Os resultados indicaram que durante a pandemia de COVID-19 comportamentos potencialmente adversos à saúde e passíveis de modificações por intervenções foram muito frequentes nos estudantes adolescentes, com destaque para a má qualidade e tempo de sono inadequado, tempo de tela excessivo e hábito de fazer refeições em frente a algum tipo de tela; estas duas últimas foram identificadas como fatores independentes entre si e de outros potenciais, confundidores que aumentaram as chances de excesso de peso. A obesidade dos pais reflete elementos do ambiente familiar que podem ser alvo de intervenção preventiva. Também, foi identificada a influência independente dos demais fatores da escolaridade materna, um marcador de condição socioeconômica, sobre o estado nutricional do adolescente: a baixa escolaridade mostrou-se protetora contra excesso de peso.Introduction: Adolescence is marked by complex challenges related to identity and changes in lifestyle habits. This period, which encompasses the ages between 10 and 19 years old, involves the need to define future cultural and professional roles, often accompanied by unwanted behaviors, such as the consumption of unhealthy foods, lack of physical activity, insufficient adequate sleep and excess sleep. of time spent on electronic devices, all contributing to health problems, including being overweight. Particularly relevant is the association between the consumption of ultra-processed foods and chronic diseases in adulthood, as well as the increased prevalence of obesity during adolescence. Addressing issues about excess weight among adolescents requires an in-depth understanding of the determining factors, including socioeconomic and behavioral factors, with the aim of preventing excess weight. This understanding is essential for developing effective strategies that encourage healthy habits in this changing population, including considering the challenges that have arisen due to the COVID-19 pandemic. Objectives: To evaluate the prevalence of health-related behavioral factors and their association with excess weight in adolescent students at a public technical school in the interior of the State of São Paulo, during the COVID-19 pandemic. Methods: This is a crosssectional study, with the participation of 302 students aged 14 to 19, of both sexes, enrolled in integrated high school in the city of Itapetininga - SP. Structured questionnaires were used via Google forms sent via WhatsApp, containing questions about daily time spent in front of digital screens; quantity and quality of sleep (Mini Sleep Questionnaire); habits when eating meals and frequency of consumption of ultra-processed foods; physical activity (IPAQ - short version); socioeconomic and demographic aspects of families (Sample Questionnaire for Demographic Census – IBGE) and presence of obesity in parents (student perception). The weights and heights of the students were self-reported and used to calculate the body mass index (BMI), evaluated according to the cutoff points recommended by the WHO (2006), through the BMI Z-score for age and sex. Descriptive statistics and univariate analyzes were produced to identify possible associations between the variables of interest and the student's nutritional status, using the Chi-Square test to compare proportions. Using multiple logistic regression, factors independently associated with excess weight, defined as BMI Z-score ≥1.0, were investigated. Results: The students' BMI ranged between 13.84 and 39.54 kg/m², with an average of 22.63 (SD 3.94) kg/m². More than a quarter (28.5%) were overweight (28.7% among girls and 28.0% among boys). The proportion of obese (8.3%) and underweight (8.6%) students also did not vary between boys and girls. Adverse health behaviors were frequent: 40% of students reported eating their meals in front of some type of screen seven days a week; 13% said they prepared their main meal alone; the vast majority (87.7%) reported poor sleep quality and almost a third (29.9%) slept less than 7 hours per night. Only a third (29.8%) met the recommendation to practice exercise or moderate physical activity for at least 1 hour every day of the week. Using logistic regression analysis, associations were found between being overweight and screen time, with being in the 2nd and 3rd tertile of screen time having twice the chance of being overweight (OR=2.243, 95% CI= 1.052 – 4.782) and (OR=2.890, 95% CI= 1.388 – 6.020) respectively; eating meals in front of screens every day of the week multiplied this chance by 4.164 (OR=4.164; 95% CI= 2.045 - 8479) compared to those who did not adopt this practice. The probability of being overweight increases significantly when both parents are obese (OR=3.368, 95% CI= 1.081 – 10.493). Among the socioeconomic variables, being the son of a mother with low education proved to be a protective factor for being overweight, reducing the chance by 59% (OR = 0.410, 95% CI = 0.188 – 0.895). Conclusions: The results indicated that during the COVID-19 pandemic, behaviors potentially adverse to health and subject to modification through interventions were very common among adolescent students, with emphasis on poor quality and inadequate sleep time, excessive screen time and the habit of eat meals in front of some type of screen; these last two were identified as factors independent of each other and of other potential confounders that increased the chances of being overweight. Parental obesity reflects elements of the family environment that can be the target of preventive intervention. Also, the independent influence of other factors of maternal education, a marker of socioeconomic status, on the adolescent's nutritional status was identified: low education was shown to be protective against excess weight.Não recebi financiamentoUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Carvalhaes, Maria Antonieta de Barros Leite [UNESP]Centro Paula SouzaCorrêa, Cláudia Rosana Trevisani2024-02-19T19:59:46Z2024-02-19T19:59:46Z2023-12-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfCORRÊA, Cláudia Rosana Trevisani. Excesso de peso entre adolescentes durante a pandemia de Covid-19 : prevalência e fatores associados. Orientador(a): Cláudia Rosana Trevisani Corrêa. 2023. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, 2023https://hdl.handle.net/11449/253345https://lattes.cnpq.br/31837001358346880000-0002-3158-8666porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-02-20T06:15:38Zoai:repositorio.unesp.br:11449/253345Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T21:10:08.983373Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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Essa compreensão é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes que incentivem hábitos saudáveis nesta população em transformação, inclusive considerando os desafios que surgiram devido à pandemia de COVID-19. Objetivos: Avaliar a prevalência de fatores comportamentais relacionados à saúde e sua associação com excesso de peso em adolescentes estudantes de escola técnica pública no interior do Estado de São Paulo, durante a pandemia de COVID-19. Métodos: Trata-se de estudo transversal, com participação de 302 escolares de 14 a 19 anos, de ambos os sexos, matriculados no ensino médio integrado do município de Itapetininga -- SP. Foram utilizados questionários estruturados através do Google forms enviados via WhatsApp, contendo perguntas sobre tempo diário gasto em frente a telas digitais; quantidade e qualidade do sono (Mini Sleep Questionnaire); hábitos ao realizar as refeições e frequência de consumo de alimentos ultraprocessados; atividade física (IPAQ - versão curta); aspectos socioeconômicos e demográficos das famílias (Questionário amostra para Censo Demográfico – IBGE) e presença de obesidade nos pais (percepção do estudante). Os pesos e as alturas dos estudantes foram autorrelatados e utilizados para cálculo do índice de massa corporal (IMC), avaliado segundo os pontos de corte preconizados pela OMS (2006), através do escore Z de IMC por idade e sexo. Foram produzidas estatísticas descritivas e análises univariadas para identificação de possíveis associações entre as variáveis de interesse e o estado nutricional do estudante, utilizando-se do teste Qui-Quadrado para comparação de proporções. Mediante regressão logística múltipla, foram investigados os fatores independentemente associados com excesso de peso, definido como escore-Z de IMC ≥1,0. Resultados: O IMC dos estudantes variou entre 13,84 e 39,54 Kg/m², com média de 22,63 (DP 3,94) Kg/m². Mais de um quarto (28,5%) apresentava excesso de peso (28,7% entre as meninas e 28,0% entre meninos). A proporção de estudantes com obesidade (8,3%) e com baixo peso (8,6%) também não variou entre meninos e meninas. Comportamentos adversos à saúde foram frequentes: 40% dos estudantes relataram fazer suas refeições em frente a algum tipo de tela nos sete dias da semana; 13% afirmaram preparar sozinho sua refeição principal; a grande maioria (87,7%) relatou má qualidade do sono e quase um terço (29,9%) dormia menos de 7 horas por noite. Apenas um terço (29,8%) alcançou a recomendação de praticar exercícios ou atividades físicas moderadas por pelo menos 1 hora em todos os dias da semana. Por meio de análise de regressão logística, foram encontradas associações entre excesso de peso e tempo de tela, sendo que estar no 2º e 3º tercil de tempo de tela apresentaram o dobro de chance de excesso de peso (OR=2,243, IC 95%= 1,052 – 4,782) e (OR=2,890, IC 95%= 1,388 – 6,020) respectivamente; fazer refeições em frente a telas em todos dias da semana multiplicou por 4,164(OR=4,164; IC95%= 2,045 - 8479) esta chance em relação aqueles que não adotavam essa prática. A probabilidade de excesso de peso aumenta significativamente quando ambos os pais são obesos (OR=3,368, IC 95%= 1,081– 10,493). Dentre as variáveis socioeconômicas, ser filho de mãe com baixa escolaridade se mostrou como fator de proteção para excesso de peso reduzindo a chance em 59% (OR = 0,410, IC 95% = 0,188 – 0,895). Conclusões: Os resultados indicaram que durante a pandemia de COVID-19 comportamentos potencialmente adversos à saúde e passíveis de modificações por intervenções foram muito frequentes nos estudantes adolescentes, com destaque para a má qualidade e tempo de sono inadequado, tempo de tela excessivo e hábito de fazer refeições em frente a algum tipo de tela; estas duas últimas foram identificadas como fatores independentes entre si e de outros potenciais, confundidores que aumentaram as chances de excesso de peso. A obesidade dos pais reflete elementos do ambiente familiar que podem ser alvo de intervenção preventiva. Também, foi identificada a influência independente dos demais fatores da escolaridade materna, um marcador de condição socioeconômica, sobre o estado nutricional do adolescente: a baixa escolaridade mostrou-se protetora contra excesso de peso.
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