Varandas voltadas ao Douro: ler a casa portuguesa na literatura de Agustina Bessa-Luís e no Cinema de Manoel de Oliveira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Camargo, Fernanda Barini
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/235629
Resumo: O longevo cineasta português Manoel de Oliveira (1908-2015) é conhecido mundialmente devido às suas originais adaptações cinematográficas da ficção literária. A par da associação mantida com José Régio, porta-voz da revista Presença, entre as mais produtivas parcerias de Oliveira encontraremos aquela que realizou com a prolífica escritora Agustina Bessa-Luís (1922-2019), sua conterrânea. União criativa conflituosa, decerto, mas sustentada vigorosamente por laços de amizade, pela convergência de muitos valores artísticos e pelo compartilhamento de memórias do Douro e da tertúlia intelectual. O realizador e a romancista, não apenas durante as produções em que trabalharam juntos, mostraram notável tendência em retratar a região que cerca o rio Douro, onde ambos viveram. Conduziram os olhares de seus leitores e espectadores ao Porto, Lamego, Vila Real, Régua, Vila Nova de Famalicão, Vila do Conde e às margens do rio de “sua aldeia”. Portanto, o espaço ficcional consiste numa fértil chave de leitura para uma análise que pretenda estudar as possibilidades interpretativas suscitadas pelos filmes de Oliveira e pelos romances de Agustina, uma vez que importou aos artistas criar um retrato ficcional do Douro, da sua geografia, bem como da sua arquitetura, suas condições urbanas e, mais importante, de seu meio rural, fortemente marcado por imagens de casas e quintas. Esta reflexão se mostra ainda mais relevante quando aborda a robustez semântica que esses lugares revelam à luz das personagens ficcionais e históricas que neles transitam: o tipo de lugar geográfico e residência onde vivem, a caracterização desses espaços, as demais identidades que ali habitam, bem como as práticas sociais e culturais estabelecidas. Por essa razão, selecionou-se como corpus um romance, acompanhado de sua respectiva adaptação cinematográfica, a qual constitui para nós uma das produções de maior notoriedade dentro da associação artística de Manoel de Oliveira e Agustina Bessa-Luís. Nesse projeto, as casas encontram razoável ênfase: Vale Abraão e o seu filme homônimo. O que este trabalho traz à luz é uma investigação apoiada em estudos dedicados ao espaço ficcional, em geral, e ao espaço ficcional doméstico, em particular, enquanto componente narrativo de ambas as esferas - literária e cinematográfica. Pretendemos analisar as potenciais interpretações das casas nos livros de Agustina Bessa-Luís, paralelamente aos filmes de Manoel de Oliveira, numa ponta, e noutra, produzir uma visão consistente dos recursos aplicados pela literatura narrativa e pelo cinema para organizar funções semânticas e estéticas do espaço ficcional.
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União criativa conflituosa, decerto, mas sustentada vigorosamente por laços de amizade, pela convergência de muitos valores artísticos e pelo compartilhamento de memórias do Douro e da tertúlia intelectual. O realizador e a romancista, não apenas durante as produções em que trabalharam juntos, mostraram notável tendência em retratar a região que cerca o rio Douro, onde ambos viveram. Conduziram os olhares de seus leitores e espectadores ao Porto, Lamego, Vila Real, Régua, Vila Nova de Famalicão, Vila do Conde e às margens do rio de “sua aldeia”. Portanto, o espaço ficcional consiste numa fértil chave de leitura para uma análise que pretenda estudar as possibilidades interpretativas suscitadas pelos filmes de Oliveira e pelos romances de Agustina, uma vez que importou aos artistas criar um retrato ficcional do Douro, da sua geografia, bem como da sua arquitetura, suas condições urbanas e, mais importante, de seu meio rural, fortemente marcado por imagens de casas e quintas. Esta reflexão se mostra ainda mais relevante quando aborda a robustez semântica que esses lugares revelam à luz das personagens ficcionais e históricas que neles transitam: o tipo de lugar geográfico e residência onde vivem, a caracterização desses espaços, as demais identidades que ali habitam, bem como as práticas sociais e culturais estabelecidas. Por essa razão, selecionou-se como corpus um romance, acompanhado de sua respectiva adaptação cinematográfica, a qual constitui para nós uma das produções de maior notoriedade dentro da associação artística de Manoel de Oliveira e Agustina Bessa-Luís. Nesse projeto, as casas encontram razoável ênfase: Vale Abraão e o seu filme homônimo. O que este trabalho traz à luz é uma investigação apoiada em estudos dedicados ao espaço ficcional, em geral, e ao espaço ficcional doméstico, em particular, enquanto componente narrativo de ambas as esferas - literária e cinematográfica. Pretendemos analisar as potenciais interpretações das casas nos livros de Agustina Bessa-Luís, paralelamente aos filmes de Manoel de Oliveira, numa ponta, e noutra, produzir uma visão consistente dos recursos aplicados pela literatura narrativa e pelo cinema para organizar funções semânticas e estéticas do espaço ficcional.The long-lived Portuguese film-maker Manoel de Oliveira (1908-2015) is known worldwide due to his original film adaptations of literary fiction. Aware of the association kept with José Régio, the spokesman of the magazine Presença, among Oliveira’s most productive partnerships one shall find the one he made with the prolific writer Agustina Bessa-Luís (1922-2019), his fellow citizen4 . A contentious union, by all means, but vigorously supported by bonds of friendship, by the convergence of several artistic values, and by the shared memories of Douro, as well as intellectual gatherings. The film maker and the novelist, not only during productions in which they worked together, showed a remarkable tendency to portray the Douro River’s surroundings, where both lived. They drove the eyes of their readers and audience to Porto, Lamego, Vila Real, Régua, Vila Nova de Famalicão, Vila do Conde, and to “their village’s river banks”5 . Therefore, the fictional space consists in a fruitful reading key for an analysis that aims to study the interpretative possibilities risen by Oliveira’s films and Agustina’s novels, since the artists minded to create a fictional portrayal of Douro, of its geography, as well as its architecture, urban conditions, and most importantly its rural environment, strongly marked by the images of houses, and Portuguese quintas. This reflection is even more useful when it addresses the semantic strength that these places reveal in the light of the fictional and historical characters who transit through them: the sort of geographic environment or housing where they live, these spaces characterization, the remaining fictional identities who dwell in there, as the established social and cultural practices. For this reason, we selected as corpus one novel accompanied by its corresponding film adaptation, which for us constitute one of the most notorious productions within Manoel de Oliveira and Agustina Bessa-Luís’s art association. In these works, the houses find reasonable emphasis: the novel Vale Abraão and its adaptation, Abraham’s Valley. What this work brings to light is an investigation supported by studies dedicated to the fictional space, in general, and the domestic fictional space, in particular, as a narrative component of both literary and cinematographic spheres. We aim to analyze the potential interpretations of houses in Agustina Bessa-Luís’ books, along with Manoel de Oliveira’s films, in one way, and another, to produce a consistent view about the applied resources from narrative and film to arrange the aesthetical and semantic functions of fictional spaceCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)88887.196129/2018-00Universidade Estadual Paulista (Unesp)Junqueira, Renata Soares [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Camargo, Fernanda Barini2022-07-15T13:10:41Z2022-07-15T13:10:41Z2022-05-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/23562933004030016P0porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-12T19:22:03Zoai:repositorio.unesp.br:11449/235629Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T22:03:14.349416Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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