Construções subordinadas com o verbo "saber" no português falado: uma abordagem cognitivo-funcional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bertasso, Flávia do Carmo
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/214638
Resumo: O objetivo desta pesquisa é investigar o funcionamento de construções com o verbo saber no português falado, com base no arcabouço teórico da Linguística Cognitiva e Cognitivo-funcional, especialmente Langacker (1987, 1991, 2009), Traugott (2012) e Traugott e Trousdale (2013). A partir de dados do português falado no interior paulista, busca-se descrever os usos de saber em contextos de subordinação para determinar suas formas e funções na variedade do português investigada e estabelecer possíveis relações de derivação entre elas, em termos formais e funcionais. Ainda, pretende-se examinar os graus de integração e perfilamento em janelas de atenção das construções, analisar e comparar os graus de construcionalidade das formas com saber em cada um dos usos descritos e propor uma rede de construções capaz de mapear os diferentes usos das formas analisadas. Adota-se o conceito cognitivo de subordinação, segundo o qual a subordinação equivale a uma relação entre processos perfilados que se combinam de diferentes modos em janelas de atenção conceitual (LANGACKER, 2009). Em termos discursivos, entende-se a subordinação como uma relação entre espaços mentais (FAUCONNIER, 1985) que fornecem instruções ao interlocutor acerca do domínio conceitual sob o qual uma proposição deve ser compreendida (VERHAGEN, 2005; LANGACKER, 2009). Com as análises realizadas, identificam-se três grupos de construção com saber conforme o modo de combinação proporcionado em termos de janelas de atenção distintas: 1) saber como descritor de conhecimento em combinação integrada de estados-de-coisas concebidos em uma única janela de atenção; 2) saber, nas construções modalizadoras (eu) sei que e (eu) não sei se, que podem ou não ser concebidas como estruturas compostas, a depender de os processos perfilados serem ou não concebidos como integrados; e 3) saber em construção com funções instrucionais, sob a forma eu sei que, em combinação também conceitualmente integrada, mas com apenas um estado-de-coisas perfilado, em relação ao qual a construção com saber funciona como um operador de organização discursiva. As construções analisadas neste estudo exibem graus de construcionalidade distintos (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), principalmente em termos dos critérios de esquematicidade e composicionalidade, identificados por menor/maior variabilidade em relação a pessoa gramatical, tempo-modo verbal, explicitude e forma do sujeito, posição da construção em relação à proposição combinada e modalidade da construção com saber. Os resultados também permitem considerar, de modo geral, que as construções descritoras de (des)conhecimento se encontram em um estágio menos avançado de construcionalização do que as construções modalizadoras de (in)certeza as quais, por sua vez, encontram-se menos constucionalizadas do que as formas que atuam como operadores de organização discursiva.
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Ainda, pretende-se examinar os graus de integração e perfilamento em janelas de atenção das construções, analisar e comparar os graus de construcionalidade das formas com saber em cada um dos usos descritos e propor uma rede de construções capaz de mapear os diferentes usos das formas analisadas. Adota-se o conceito cognitivo de subordinação, segundo o qual a subordinação equivale a uma relação entre processos perfilados que se combinam de diferentes modos em janelas de atenção conceitual (LANGACKER, 2009). Em termos discursivos, entende-se a subordinação como uma relação entre espaços mentais (FAUCONNIER, 1985) que fornecem instruções ao interlocutor acerca do domínio conceitual sob o qual uma proposição deve ser compreendida (VERHAGEN, 2005; LANGACKER, 2009). Com as análises realizadas, identificam-se três grupos de construção com saber conforme o modo de combinação proporcionado em termos de janelas de atenção distintas: 1) saber como descritor de conhecimento em combinação integrada de estados-de-coisas concebidos em uma única janela de atenção; 2) saber, nas construções modalizadoras (eu) sei que e (eu) não sei se, que podem ou não ser concebidas como estruturas compostas, a depender de os processos perfilados serem ou não concebidos como integrados; e 3) saber em construção com funções instrucionais, sob a forma eu sei que, em combinação também conceitualmente integrada, mas com apenas um estado-de-coisas perfilado, em relação ao qual a construção com saber funciona como um operador de organização discursiva. As construções analisadas neste estudo exibem graus de construcionalidade distintos (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), principalmente em termos dos critérios de esquematicidade e composicionalidade, identificados por menor/maior variabilidade em relação a pessoa gramatical, tempo-modo verbal, explicitude e forma do sujeito, posição da construção em relação à proposição combinada e modalidade da construção com saber. Os resultados também permitem considerar, de modo geral, que as construções descritoras de (des)conhecimento se encontram em um estágio menos avançado de construcionalização do que as construções modalizadoras de (in)certeza as quais, por sua vez, encontram-se menos constucionalizadas do que as formas que atuam como operadores de organização discursiva.The aim of this research is to investigate how different constructions with the verb “saber” (to know) work in Portuguese, in accordance with the Cognitive Linguistics theoretical approach, especially Langacker (1987, 1991, 2009), Traugott (2012) and Traugott and Trousdale (2013). Based on data from Portuguese spoken in São Paulo’s inland cities, the research intends to describe the uses of the verb “saber” in contexts of clausal complementation, with the purpose of determining the forms and functions of these constructions in the Portuguese variety analyzed, as well as establishing possible derivational relations among them, in both formal and functional terms. Also, the research intends to examine the levels of integration and profiling in windows of attention, analyze and compare the constructionalization degrees in the different uses and suggest a construction net in order to map the forms and uses of the verb “saber” studied herein. The cognitive concept of subordination adopted herein stands for subordination as equivalent to a relation between profiled processes that combine in different ways in “conceptual attention windows” (LANGACKER, 2009). In discursive terms, subordination is presumed as a relation among mental spaces (FAUCONNIER, 1985) intended to provide instructions to the interlocutor about the conceptual domain under which a proposition must be understood (VERHAGEN, 2005; LANGACKER, 2009). After the analysis, three groups of constructions with “saber” were identified according to the combination mode set in different windows of attention: 1) “saber” as descriptor of knowledge, in a composite conception viewed in a single window of attention; 2) “saber” in the modal constructions “(eu) sei que” and “(eu) não se se”, which may be seen as a composite conception depending if the processes are integrated or not and, and 3) “saber” with instructional functions, “(eu) sei que”, also in a composite conception, but with only one profile overridden in relation to which the construction with “saber” works as an operator of discourse organization. Each one of them has different constructionalization degrees (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), mainly in terms of schematicity and compositionality, identified by less/more variability concerning grammatical person, verbal time and mood, subject explicitness, modality of the main clause or embedded clause, form and construction position regarding the combined proposition. It is also possible to consider, with the results, that the constructions descriptors of (lack of) knowledge would be less constructionalised than the modal constructions of (un)certainty, which would be less constructionalised than the instructional constructions that act in the discursive organization.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Sousa, Gisele Cássia de [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Bertasso, Flávia do Carmo2021-10-01T23:57:47Z2021-10-01T23:57:47Z2021-09-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21463833004153069P5porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-10-13T06:04:21Zoai:repositorio.unesp.br:11449/214638Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T14:44:25.542389Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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