Escola rural em Mato Grosso: de professor leigo a sábio (1945-1965)

• Autor(a) principal: Silva, Marineide de Oliveira da
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/154026
• topic: Educação; Escola rural; Professor/a leigo/a; Mato Grosso; Education; Rural school; Lecturer

A escola rural em Mato Grosso é um objeto de estudo que oferta ao pesquisador possibilidades de análise em diferentes momentos históricos. Para cada período, tendo por base a conjuntura social em que a mesma se encontra atrelada, marca mudanças e posturas educacionais que somente analisando “o não aparente” e o processo em que culminaram os acontecimentos podem-se formular hipóteses e buscar respostas paras as indagações que se apresentam durante o percurso da pesquisa. Entender esse fato foi crucial para a elaboração desta pesquisa. O presente trabalho tem como centralidade analisar a constituição do educador leigo/a e as mudanças de paisagem que inculcaram neles a necessidade de passarem por um processo de recuperação para estar qualificados a ser docentes nas escolas rurais de Mato Grosso. O cenário da pesquisa é o estado de Mato Grosso (uno) e abarca um período de mudanças que começaram a ser desenhadas na década de 1940, com o caminhar para a finalização do Estado Novo, momento ainda encabeçado pelo grupo getulista, e tendo como baliza final na década de 1960, período em que foram implementadas no país as reformas educacionais que visou recuperar um contingente significativos de professores sem formação para o magistério e que ministravam aulas nas escolas primárias de todo Brasil. Objetivando também demonstrar como a educação primária se configurou, bem como a maneira como a escola rural atravessou esse período. Para fundamentar essa tese, foram consultados autores como Adorno (1995), Mészáros (2008), Biesta (2013), Sá (2006), Paes (2011), entre outros, que propõem pensar a sociedade, a escola e a educação enquanto um conjunto de fatores que podem estar atrelados a questões econômicas, interferindo de maneira significativa na concepção de educação e na percepção dos sujeitos inseridos na sociedade. Para refletir sobre o fazer histórico e o trato com as fontes documentais e orais, buscou-se suporte nos escritos de Certeau (1982), Montenegro (2011), além de ter como mote de análise de dados o método cartográfico, apresentado por Guattari e Rolnik (1996), Passos, Kastrup e Escóssia (2015), ao conceberem que a realidade cartografada não se configura, para o investigador, como uma paisagem que delineia contornos estáticos, mas que estes mudam conforme as pistas encontradas no processo de pesquisa, tornando “o aparente” como objeto imbuído de significações. Por isso, a “Análise do Discurso” se torna importante no processo, pois contribui para desvelar o aparente ligado às conjunturas educacionais primárias mato-grossenses. Acredita-se que falar de escola rural e professor/a leigo/a é trazer à cena personagens fundamentais no processo educativo de Mato Grosso, cujas vozes são, muitas vezes, silenciadas para não denunciar as fragilidades e inconsistências dos discursos políticos de dominação.