O futurismo irônico de Álvaro de Campos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sabino, Camila [UNESP]
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/194343
Resumo: A pesquisa que fundamentou a presente dissertação, tomando como corpus o poema “Ode Triunfal” e algumas referências a outros poemas, objetivou analisar como se constituíram as influências do movimento de vanguarda futurista na obra poética de Fernando Pessoa, especialmente do seu heterônimo Álvaro de Campos. O futurismo estabeleceu-se em 1909 após Filippo Tommaso Marinetti e seus colegas da revista Poesia publicarem o primeiro manifesto. Os futuristas se consideravam os homens do futuro e pregavam sua estética como a única capaz de refletir as transformações do início do século XX, especialmente o avanço técnico-científico e as novas formas de comunicação e de transportes. Eles acreditavam que, para combater o passado e as ideias passadistas, precisavam agir de forma violenta e agressiva tanto na vida como na arte, além de glorificar as mais recentes invenções mecânicas que atestavam o progresso, tais como o ritmo febril das cidades e das fábricas. Para os futuristas, isso motivou o culto à velocidade e às máquinas, que se tornou temática comum em sua produção artística. Na ficção heteronímica, Campos interpretou a máscara do poeta do mundo moderno, cosmopolita, que viajou por diversos países e assim pôde conhecer intimamente a vida urbana e industrial, sendo capaz de exteriorizar, nos seus poemas, as sensações que esse mundo frenético lhe causara. Assim, influenciado pelo contexto vanguardista, Álvaro de Campos impõe aos seus poemas dessa fase um ritmo irregular, além de adotar elementos formais da vanguarda futurista, como o verso livre, e um vocabulário apoiado nas figuras de linguagens que retratam a multiplicidade e a diversidade da era das máquinas. Entretanto, o registro que o poeta faz da vida moderna está distante de expressar o mesmo entusiasmo e celebração diante do mundo caótico das máquinas, como fizeram os futuristas italianos. Observou-se que Campos empregou os temas e formas estéticas próprios dessa vanguarda, mas com o apoio dos recursos expressivos da ironia retórica, o que confere uma dimensão crítica à sua poética e enfatiza a angústia bem como a dor do homem mergulhado em um mundo decadente e opressor. Nesse sentido, a pesquisa possibilitou entender de que forma a ironia, a despersonalização e o futurismo estão articulados na poesia de Álvaro de Campos.
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Eles acreditavam que, para combater o passado e as ideias passadistas, precisavam agir de forma violenta e agressiva tanto na vida como na arte, além de glorificar as mais recentes invenções mecânicas que atestavam o progresso, tais como o ritmo febril das cidades e das fábricas. Para os futuristas, isso motivou o culto à velocidade e às máquinas, que se tornou temática comum em sua produção artística. Na ficção heteronímica, Campos interpretou a máscara do poeta do mundo moderno, cosmopolita, que viajou por diversos países e assim pôde conhecer intimamente a vida urbana e industrial, sendo capaz de exteriorizar, nos seus poemas, as sensações que esse mundo frenético lhe causara. Assim, influenciado pelo contexto vanguardista, Álvaro de Campos impõe aos seus poemas dessa fase um ritmo irregular, além de adotar elementos formais da vanguarda futurista, como o verso livre, e um vocabulário apoiado nas figuras de linguagens que retratam a multiplicidade e a diversidade da era das máquinas. Entretanto, o registro que o poeta faz da vida moderna está distante de expressar o mesmo entusiasmo e celebração diante do mundo caótico das máquinas, como fizeram os futuristas italianos. Observou-se que Campos empregou os temas e formas estéticas próprios dessa vanguarda, mas com o apoio dos recursos expressivos da ironia retórica, o que confere uma dimensão crítica à sua poética e enfatiza a angústia bem como a dor do homem mergulhado em um mundo decadente e opressor. Nesse sentido, a pesquisa possibilitou entender de que forma a ironia, a despersonalização e o futurismo estão articulados na poesia de Álvaro de Campos.Considering the poem “Ode triunfal” and some references to other poems as corpus, the research that substantiated this thesis intended to analyze how the influences of the futurist vanguard movement in Fernando Pessoa’s oeuvre, especially his heteronym Álvaro de Campos. Futurism was stablished in 1909 after Filippo Tommaso Marinetti and his fellows of the Poesia magazine published the first manifesto. The futurists considered themselves men of the future and advocated for their aesthetic as the only one capable of reflecting the transformations in the beginning of the 20th century, especially the technical and scientific advance and the new means of communication and transportation. They believed that, in order to combat the past and its ideas, they needed to act in a violent and aggressive way in life and art, besides glorifying the most recent mechanical inventions that attested progress such as the frenetic pace of cities and factories. For the futurists, this motivated the cult of speed and machines that became a common theme in their artistic production. In heteronimic fiction, Campos interpreted the modern world poet’s mask, a cosmopolitan and traveled man who learned at first-hand about urban and industrial life and, therefore, is able to recreate the sensations caused by this frantic world. Consequently, influenced by the vanguards environment, Álvaro de Campos imposes on his poems of this period an irregular pace, and, in addition, he makes use of the formal futurist vanguard elements such as the free verse and a vocabulary based on the figures of speech that portray the multiplicity and diversity of the machine era. However, the register that the poet compiles of modern life is far from expressing the same enthusiasm and celebration in the face of the chaotic world of machines as the Italian futurists did. It was observed that Campos explored characteristic themes and forms of this vanguard, but with the support of rhetorical irony expressive resources, which convey a critical dimension to its poetic and emphasizes both the anguish and the pain of a man immersed in a decadent and oppressive world. In that regard the research enabled an understanding of the ways in which irony, depersonalization and futurism are articulated in Álvaro Campos’s poetry.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Fernandes, Maria Lúcia Outeiro [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Sabino, Camila [UNESP]2020-11-17T16:25:58Z2020-11-17T16:25:58Z2020-09-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19434333004030016P0porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-12T14:27:42Zoai:repositorio.unesp.br:11449/194343Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T20:31:01.994280Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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