Reestruturação produtiva no campo e os processos de trabalho nos assentamentos de reforma agrária do estado de São Paulo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/182334 |
Resumo: | A partir dos anos de 1970, no ponto mais alto de sua expansão, o capital passa a enfrentar crises cíclicas cada vez mais freqüentes que expressam a dimensão estrutural dos limites do capital. O mundo capitalista entrou em uma profunda recessão, que combinou baixas taxas de crescimento com altas taxas inflacionárias, abrindo terreno para operar uma reestruturação produtiva, aplicando o receituário neoliberal. No Brasil, a reestruturação política e produtiva se fez sentir já no final da década de 1980; no campo, os capitais da agricultura/agropecuária foram operados na adequação à reestruturação produtiva, provocando importantes modificações na viragem da década de 1980 para 1990. Foi, porém, a partir de 1999 que os agronegócios ganharam importância decisiva no conjunto da economia brasileira. Mas não foi somente aí que a reestruturação produtiva operou, deu-se também no âmbito da agricultura familiar que, progressivamente, foi plenamente integrada à lógica e dinâmica do agronegócio, afastando a reforma agrária e sua perspectiva de mudanças estruturais. Porém, o padrão de violência contra os trabalhadores rurais é revelador de como a questão agrária nunca esteve perto de uma solução pela via da conciliação de classes. Por outro lado, o enquadramento da reforma agrária representou um retrocesso para os assentamentos, do ponto de vista da consciência política de seus integrantes, bem como na garantia efetiva das conquistas sociais, que somente têm sido obtidas, a partir do enfrentamento de classes. O controle totalizante do capital inviabiliza qualquer expectativa de autonomia, mesmo entre aqueles que detêm parte dos meios de produção, como é o caso dos assentados, colocando-os numa condição generalizada de proletarização. Na presente pesquisa analisei a temática a partir de estudo teórico e pesquisa de campo, realizada com 100 pessoas de acampamentos, assentamentos e lideranças do MST no estado de São Paulo. Pude concluir que a luta pela reforma agrária é essencialmente a busca pela realização do trabalho e da reprodução social, inserida nas contradições produzidas na disputa antagônica entre as forças sociais do trabalho e as forças do capital. Neste sentido, a subjetividade dos trabalhadores do campo, especialmente dos sujeitos da luta por reforma agrária, está sob disputa, para que se percebam e se reconheçam como empreendedores rurais, agricultores familiares, sendo uma extensão integrada do agronegócio, ampliando sua sujeição/subsunção ao capital. Porém a atualidade histórica da reforma agrária se impõe, não apenas pela necessidade dos trabalhadores sem terra, mas também pelos imperativos destrutivos das forças do capital em relação ao trabalho e ao ambiente. |
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Reestruturação produtiva no campo e os processos de trabalho nos assentamentos de reforma agrária do estado de São PauloReestructuración productiva en el campo y los procesos de trabajo en los asentamientos de reforma agraria del estado de São Pauloreestruturação produtivaassentamentosreforma agráriaproletarizaçãoproductive restructuringsettlementsagrarian reformproletarianizationA partir dos anos de 1970, no ponto mais alto de sua expansão, o capital passa a enfrentar crises cíclicas cada vez mais freqüentes que expressam a dimensão estrutural dos limites do capital. O mundo capitalista entrou em uma profunda recessão, que combinou baixas taxas de crescimento com altas taxas inflacionárias, abrindo terreno para operar uma reestruturação produtiva, aplicando o receituário neoliberal. No Brasil, a reestruturação política e produtiva se fez sentir já no final da década de 1980; no campo, os capitais da agricultura/agropecuária foram operados na adequação à reestruturação produtiva, provocando importantes modificações na viragem da década de 1980 para 1990. Foi, porém, a partir de 1999 que os agronegócios ganharam importância decisiva no conjunto da economia brasileira. Mas não foi somente aí que a reestruturação produtiva operou, deu-se também no âmbito da agricultura familiar que, progressivamente, foi plenamente integrada à lógica e dinâmica do agronegócio, afastando a reforma agrária e sua perspectiva de mudanças estruturais. Porém, o padrão de violência contra os trabalhadores rurais é revelador de como a questão agrária nunca esteve perto de uma solução pela via da conciliação de classes. Por outro lado, o enquadramento da reforma agrária representou um retrocesso para os assentamentos, do ponto de vista da consciência política de seus integrantes, bem como na garantia efetiva das conquistas sociais, que somente têm sido obtidas, a partir do enfrentamento de classes. O controle totalizante do capital inviabiliza qualquer expectativa de autonomia, mesmo entre aqueles que detêm parte dos meios de produção, como é o caso dos assentados, colocando-os numa condição generalizada de proletarização. Na presente pesquisa analisei a temática a partir de estudo teórico e pesquisa de campo, realizada com 100 pessoas de acampamentos, assentamentos e lideranças do MST no estado de São Paulo. Pude concluir que a luta pela reforma agrária é essencialmente a busca pela realização do trabalho e da reprodução social, inserida nas contradições produzidas na disputa antagônica entre as forças sociais do trabalho e as forças do capital. Neste sentido, a subjetividade dos trabalhadores do campo, especialmente dos sujeitos da luta por reforma agrária, está sob disputa, para que se percebam e se reconheçam como empreendedores rurais, agricultores familiares, sendo uma extensão integrada do agronegócio, ampliando sua sujeição/subsunção ao capital. Porém a atualidade histórica da reforma agrária se impõe, não apenas pela necessidade dos trabalhadores sem terra, mas também pelos imperativos destrutivos das forças do capital em relação ao trabalho e ao ambiente.From the 1970s onwards, at the highest point of its expansion, capital starts to face increasingly frequent cyclical crises that express the structural dimension of the limits of capital. The capitalist world entered into a deep recession, which combined low rates of growth with high inflationary rates, opening the way to operate a productive restructuring, applying the neoliberal recipe. In Brazil, political and productive restructuring was felt in the late 1980s; in the countryside, agricultural / agricultural capitals were operated to adapt to productive restructuring, causing important changes at the turn of the 1980s to 1990. However, since 1999, agribusinesses have gained decisive importance in the Brazilian economy as a whole. But it was not only there that the productive restructuring operated, it was also within the scope of family agriculture that, progressively, was fully integrated with the logic and dynamics of agribusiness, moving away agrarian reform and its perspective of structural changes. However, the pattern of violence against rural workers is revealing of how the agrarian question has never been close to a solution through class reconciliation. On the other hand, the framing of the agrarian reform represented a setback for the settlements, from the point of view of the political consciousness of its members, as well as in the effective guarantee of the social achievements that have only been obtained, from the confrontation of classes. The totalizing control of capital impedes any expectation of autonomy, even among those who hold part of the means of production, as is the case of the settlers, placing them in a generalized condition of proletarianization. In the present research I analyzed the thematic from a theoretical study and field research, carried out with 100 people from MST camps, settlements and leaderships in the state of São Paulo. I could conclude that the struggle for agrarian reform is essentially the search for the realization of social work and reproduction, inserted in the contradictions produced in the antagonistic dispute between the social forces of labor and the forces of capital. In this sense, the subjectivity of the rural workers, especially the subjects of the struggle for agrarian reform, is under dispute, so that they are perceived and recognized as rural entrepreneurs, family farmers, being an integrated extension of agribusiness, expanding their subjection / subsumption to capital. But the historical relevance of agrarian reform is imposed not only by the need of landless workers but also by the destructive imperatives of the forces of capital in relation to labor and the environment.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 1583564Universidade Estadual Paulista (Unesp)Pinassi, Maria OrlandaUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Mafort, Kelli Cristine de Oliveira [UNESP]2019-06-18T14:48:01Z2019-06-18T14:48:01Z2018-04-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/18233400091777533004030017P7porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-11T19:35:19Zoai:repositorio.unesp.br:11449/182334Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T21:31:38.774565Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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