A percepção, o tédio e os fragmentos de uma batalha: impressões temporais em La Modification, de Michel Butor, e La Route des Flandres, de Claude Simon
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/11449/256086 |
Resumo: | Dois dos mais reconhecidos escritores do Nouveau Roman — movimento que tentou perturbar os alicerces do romance —, Claude Simon (1914–2005, Antananarivo) e Michel Butor (1926– 2016, Paris) foram autores que buscaram transparecer, nas suas prosas, uma inquietação turbulenta. Na produção de Butor, selecionamos La Modification (1957), a narrativa de Léon Delmont, que decide deixar a sua família para viver com a amante. Sentado no trem, as longas horas no vagão forçam o protagonista a se dirigir a si mesmo, ou seja, a enfrentar as reflexões que pululam e que fazem a sua decisão titubear, ao passo que em La Route des Flandres (1960) acompanhamos a guerra submetidos à visão dos dragões de um regimento (Georges, Blum, Iglésia, Wack), que atravessam as trincheiras de um dos eventos mais hostis que a História já concebeu: a chacina da Grande Guerra. Portanto, colocamos lado a lado duas obras cujos enredos são distintos, porque, num plano menos superficial, possuem inúmeras interfaces que consideramos pertinentes para os estudos literários. Salientamos o fato de ambos novos-romancistas se preocuparem sobremaneira em narrar experiências sensoriais, tentando “mimetizar” a percepção humana. Além do caráter fenomenológico, as duas obras são permeadas pelo desacordo do sujeito com o tempo, pelo debate sobre a existência e o medo da morte. Assinalamos, ademais, que debateremos a verossimilhança nos nossos corpora, pois o jogo com ela é um dos principais artifícios empregados pelos autores. Com isso, Butor e Simon buscam experimentar e romper com os paradigmas da narrativa, através de um trabalho excessivamente formal, o que significa, por vezes, não só tencionar os limites da ficção, mas correrem o risco de serem inverossímeis ao explorar o campo do inexato, do ficcional, do indeterminado: do romance. |
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A percepção, o tédio e os fragmentos de uma batalha: impressões temporais em La Modification, de Michel Butor, e La Route des Flandres, de Claude SimonLa perception, l’ennui et les fragments d’une bataille : impressions temporelles dans La Modification, de Michel Butor, et La Route des Flandres, de Claude SimonPercepçãoMemóriaTempoLa ModificationLa Route des FlandresPerceptionMémoireTempsDois dos mais reconhecidos escritores do Nouveau Roman — movimento que tentou perturbar os alicerces do romance —, Claude Simon (1914–2005, Antananarivo) e Michel Butor (1926– 2016, Paris) foram autores que buscaram transparecer, nas suas prosas, uma inquietação turbulenta. Na produção de Butor, selecionamos La Modification (1957), a narrativa de Léon Delmont, que decide deixar a sua família para viver com a amante. Sentado no trem, as longas horas no vagão forçam o protagonista a se dirigir a si mesmo, ou seja, a enfrentar as reflexões que pululam e que fazem a sua decisão titubear, ao passo que em La Route des Flandres (1960) acompanhamos a guerra submetidos à visão dos dragões de um regimento (Georges, Blum, Iglésia, Wack), que atravessam as trincheiras de um dos eventos mais hostis que a História já concebeu: a chacina da Grande Guerra. Portanto, colocamos lado a lado duas obras cujos enredos são distintos, porque, num plano menos superficial, possuem inúmeras interfaces que consideramos pertinentes para os estudos literários. Salientamos o fato de ambos novos-romancistas se preocuparem sobremaneira em narrar experiências sensoriais, tentando “mimetizar” a percepção humana. Além do caráter fenomenológico, as duas obras são permeadas pelo desacordo do sujeito com o tempo, pelo debate sobre a existência e o medo da morte. Assinalamos, ademais, que debateremos a verossimilhança nos nossos corpora, pois o jogo com ela é um dos principais artifícios empregados pelos autores. Com isso, Butor e Simon buscam experimentar e romper com os paradigmas da narrativa, através de um trabalho excessivamente formal, o que significa, por vezes, não só tencionar os limites da ficção, mas correrem o risco de serem inverossímeis ao explorar o campo do inexato, do ficcional, do indeterminado: do romance.Deux des écrivains les plus reconnus du Nouveau Roman, un mouvement littéraire qui a essayé de perturber les fondements du roman, Claude Simon (1914-2005, Antananarivo) et Michel Butor (1926-2016, Paris), étaient des auteurs qui cherchaient à transparaître, dans leurs récits, une inquiétude turbulente. Dans l'œuvre de Butor, nous avons sélectionné La Modification (1957), l’histoire de Léon Delmont, qui décide de quitter sa famille pour vivre avec sa maîtresse. Assis dans le train pendant de longues heures, le protagoniste est contraint de se tourner vers lui-même, c'est-à-dire d’affronter les réflexions qui pullulent et qui font vaciller sa décision. En ce qui concerne La Route des Flandres (1960), nous suivons la guerre à travers les yeux des soldats d'un régiment (Georges, Blum, Iglésia, Wack) qui traversent les tranchées de l'un des événements les plus hostiles que l'Histoire ait jamais conçus : le massacre de la Grande Guerre. Nous mettons donc en parallèle deux œuvres dont les intrigues qui se différencient, mais qui, sur un plan moins superficiel, présentent de nombreuses interfaces que nous jugeons pertinentes pour les Études littéraires. Nous soulignons le fait que les deux nouveaux romanciers se préoccupent particulièrement de raconter des expériences sensorielles, cherchant à “imiter” la perception humaine. Au-delà du caractère phénoménologique, les deux œuvres sont jalonnées du désaccord du sujet avec le temps, du débat sur l'existence et de la peur de la mort. Nous soulignons également que nous discuterons de la vraisemblance dans nos corpus, car jouer avec elle est l'un des principaux artifices employés par les auteurs. Ainsi, Butor et Simon cherchent à expérimenter et à rompre avec les paradigmes du récit à travers un travail excessivement formel, ce qui signifie parfois non seulement repousser les limites de la fiction, mais aussi prendre le risque d'être invraisemblables en explorant le domaine de l'inexact, du fictionnel, de l'indéterminé : du roman.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 001Universidade Estadual Paulista (Unesp)Amorim, Pablo Simpson Kilzer [UNESP]Almeida, Lorenzo Barreiro Lopes de [UNESP]2024-06-24T19:11:14Z2024-06-24T19:11:14Z2024-04-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfALMEIDA, Lorenzo Barreiro Lopes de. A percepção, o tédio e os fragmentos de uma batalha: impressões temporais em La Modification, de Michel Butor, e La Route des Flandres, de Claude Simon. 2024. 186 p. Dissertação de mestrado — Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2024.https://hdl.handle.net/11449/25608693661722391964370000-0002-3873-4988porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-25T06:08:32Zoai:repositorio.unesp.br:11449/256086Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T17:34:19.072181Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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