Abordagem construcional dos pronomes "a gente" e "você" em construções de indeterminação do sujeito
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/234892 |
Resumo: | Neste trabalho, analisamos a indeterminação do sujeito no português brasileiro (PB), objetivando descrever duas estratégias de indeterminação não canônicas instanciadas pela referência genérica, não dêitica, das construções pronominais [a gente] e [VOCÊ]. Buscamos reunir evidências empíricas para a hipótese de que a referenciação genérica no uso dessas construções pronominais é resultante de processos de mudança construcional pós-construcionalização, dadas suas trajetórias na história do português, diferentemente de outras construções pronominais que também operam a mesma estratégia, mas que sempre se mantiveram estáveis no sistema pronominal. [A gente], por ser originalmente expressão nominal referencial genérica não-dêitica, no tempo, passa a expressão pronominal genérica, servindo de estratégia de indeterminação do sujeito, e, só mais tardiamente, é usada como expressão pronominal dêitica de referência à primeira pessoa do plural. [VOCÊ], sendo em sua origem forma de tratamento dêitica de referência específica, no tempo, amplia seu caráter dêitico, passando a ser usada como expressão pronominal de referência à segunda pessoa do singular, e, só mais tardiamente, é usada como proforma para indeterminação do sujeito. Adotamos como referencial teórico os Modelos Baseados no Uso (BARLOW; KEMMER, 2000) e a abordagem construcional de mudança linguística (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). A metodologia da pesquisa contempla duas etapas: (i) investigar os contextos de mudança por que essas construções passaram, recorrendo a trajetórias de mudanças já amplamente documentadas por trabalhos diacrônicos (LOPES, 2003; RUMEU, 2008), e interpretá-las na abordagem construcional da mudança, e (ii) com base em amostras do PB falado no interior paulista (GONÇALVES, 2007), fazer um levantamento quantitativo dessas construções a fim de analisar qualitativamente o grau de sedimentação de cada uma delas à luz de parâmetros de forma e de função/significado. Consideradas as trajetórias diferentes de mudança das construções pronominais [a gente] e [VOCÊ], a hipótese confirmada é a de que a construção com [VOCÊ] é mais produtiva do que a com [a gente], o que se confirma pelos resultados discutidos neste trabalho. [VOCÊ] apresenta maior frequência de ocorrência e de tipo em todos os contextos analisados, apresentando maior número de colocados em seu esquema. |
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Abordagem construcional dos pronomes "a gente" e "você" em construções de indeterminação do sujeitoConstructional approach of the pronouns "a gente" and "você" in constructions of indeterminate subjectIndeterminação do sujeitoPronomesModelos baseados no usoIndeterminate subjectPronounsUsage-based modelsNeste trabalho, analisamos a indeterminação do sujeito no português brasileiro (PB), objetivando descrever duas estratégias de indeterminação não canônicas instanciadas pela referência genérica, não dêitica, das construções pronominais [a gente] e [VOCÊ]. Buscamos reunir evidências empíricas para a hipótese de que a referenciação genérica no uso dessas construções pronominais é resultante de processos de mudança construcional pós-construcionalização, dadas suas trajetórias na história do português, diferentemente de outras construções pronominais que também operam a mesma estratégia, mas que sempre se mantiveram estáveis no sistema pronominal. [A gente], por ser originalmente expressão nominal referencial genérica não-dêitica, no tempo, passa a expressão pronominal genérica, servindo de estratégia de indeterminação do sujeito, e, só mais tardiamente, é usada como expressão pronominal dêitica de referência à primeira pessoa do plural. [VOCÊ], sendo em sua origem forma de tratamento dêitica de referência específica, no tempo, amplia seu caráter dêitico, passando a ser usada como expressão pronominal de referência à segunda pessoa do singular, e, só mais tardiamente, é usada como proforma para indeterminação do sujeito. Adotamos como referencial teórico os Modelos Baseados no Uso (BARLOW; KEMMER, 2000) e a abordagem construcional de mudança linguística (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). A metodologia da pesquisa contempla duas etapas: (i) investigar os contextos de mudança por que essas construções passaram, recorrendo a trajetórias de mudanças já amplamente documentadas por trabalhos diacrônicos (LOPES, 2003; RUMEU, 2008), e interpretá-las na abordagem construcional da mudança, e (ii) com base em amostras do PB falado no interior paulista (GONÇALVES, 2007), fazer um levantamento quantitativo dessas construções a fim de analisar qualitativamente o grau de sedimentação de cada uma delas à luz de parâmetros de forma e de função/significado. Consideradas as trajetórias diferentes de mudança das construções pronominais [a gente] e [VOCÊ], a hipótese confirmada é a de que a construção com [VOCÊ] é mais produtiva do que a com [a gente], o que se confirma pelos resultados discutidos neste trabalho. [VOCÊ] apresenta maior frequência de ocorrência e de tipo em todos os contextos analisados, apresentando maior número de colocados em seu esquema.In this dissertation, we analyze indeterminate subject in Brazilian Portuguese (BP), aiming at descriptions of two non-canonical strategies of subject indetermination instantiated by the generic, non-deictic reference of the pronominal constructions [a gente] and [VOCÊ]. We seek to gather empirical evidence for the hypothesis that generic referencing in the use of these pronominal constructions results from post-constructionalization constructional change processes, given their trajectories in Portuguese history, unlike other pronominal constructions that also operate the same strategy, but which have always remained stable in the pronominal system. [A gente], as it is a non-deitic generic referential nominal expression, in time, it becomes the generic pronominal expression, serving as a strategy of indetermination of the subject, and, only later, it is used as a deictic pronominal expression of reference to the first person do plural. [VOCÊ], being in its origin a form of deictic treatment of specific reference, without time, it expands its deictic character, starting to be used as a pronominal expression referring to the second person singular, and, only later, is it used as a proforma for indeterminacy of the subject. We adopted as a theoretical framework Usage-Based Models (BARLOW; KEMMER, 2000) and a constructional approach to language change (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). The research methodology comprises two steps: (i) to investigate the contexts of change that these constructions have gone through, using trajectories of change already widely documented by diachronic works (LOPES, 2003; RUMEU, 2008), and interpreting them in the constructional approach of change, and (ii) based on the BP spoken in the countryside of São Paulo (GONÇALVES, 2007), carry out a quantitative survey of these constructions in order to qualitatively analyze the degree of productivity of each one of them. Considering the different trajectories of change of the pronominal constructions [a gente] and [VOCÊ], we expected that this would be more productive than that, which is confirmed by the results discussed in this dissertation. [VOCÊ] have a higher frequency of occurrence and type in all contexts of form, higher number of elements in your schema.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 88887.481575/2020-00Universidade Estadual Paulista (Unesp)Gonçalves, Sebastião Carlos Leite [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Faria, Marcelo Henrique Vieira de2022-05-25T17:58:38Z2022-05-25T17:58:38Z2022-05-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/23489233004153069P5porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-12-04T06:18:03Zoai:repositorio.unesp.br:11449/234892Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T19:30:34.029117Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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