Depoimento especial infantil: possibilidades e perspectivas nos cuidados e proteção sob o olhar da psicologia jurídica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Garcia, Márcia Aparecida Thomé
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/213622
Resumo: A violência infantil é um fenômeno de abrangência mundial e os efeitos da exposição à violência na infância, causam danos comprometedores à saúde e ao desenvolvimento pleno, com impactos devastadores até a vida adulta. A discussão mundial sobre a incidência do abuso sexual, principalmente com o isolamento na pandemia do COVID-19 é pontual. O avanço paralelo entre a tecnologia e a efetivação das Leis específicas a nível nacional e internacional visando a proteção integral e a garantia dos direitos infantis em pleno século XXI, parece não conter o aumento desses casos. Apesar da Lei do Depoimento Especial figurar como um sistema estabelecido e recente na realidade dos profissionais do Poder Judiciário do interior paulista, o binômio responsabilidade e competência na atribuição do papel de entrevistador, reflete um sinônimo de incertezas, queixas e controvérsias nos bastidores dos Fóruns e que se fazem presentes até os dias de hoje. A interpretação ambígua ou equivocada de Leis e Resoluções, a ausência de orientação consistente e capacitação adequada de modo mais contínuo, vem favorecendo alguns contrapontos. Formas distintas no “modus operandi” diante do fluxo do atendimento de cada equipe, quer pela ausência de um parâmetro único na condução do atendimento, quer pela delonga no aguardo de capacitação do Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense lançado em 2020, dificuldades na tomada do depoimento com criança de idade precoce, bem como na produção e emissão da escrita, propiciaram a sugestão de alternativas nesta temática. O objetivo deste trabalho foi a elaboração de um protocolo de atendimento uniformizado a ser utilizado pela Psicologia Jurídica do Fórum da Comarca de Botucatu -SP, durante a fase da tomada do depoimento especial e adaptado à realidade local, por meio da leitura e análise crítica da literatura nacional e internacional sobre a temática do Depoimento Especial e dos Protocolos de entrevista forense com crianças de faixa etária de quatro a seis anos de idade, vítimas de violência sexual, aliado à experiência profissional. Humanizar o modo de condução do atendimento e que inclui o depoimento especial através de algumas mudanças, como a reestruturação do espaço físico utilizado na aplicação da técnica no Fórum de Botucatu, uso de cartilhas explicativas e de recursos lúdicos com crianças desta faixa etária, a apresentação virtual do Juiz para a criança, através da câmera, assegurando-lhe a responsabilidade única do magistrado pela criminalização do acusado e não o seu depoimento em si, visa reduzir o sentimento de culpa e de deslealdade que porventura ela carregue. Como perspectiva futura, sob o olhar da Robótica Social, a sugestão de utilizar um sistema robótico como instrumento lúdico e facilitador do psicólogo judiciário durante o atendimento da criança vítima de violência sexual e idealizado por essa pesquisadora em outro Projeto colaborativo interprofissional, pode representar poderosa ferramenta da Psicologia em qualquer área. No mundo globalizado, considerando todas as discussões em torno do depoimento especial apontadas neste trabalho, a Justiça necessita de qualidade técnica e humana para garantir os direitos dos infantes, de modo que não sejam afligidos por nenhuma violência, principalmente a institucional.
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O avanço paralelo entre a tecnologia e a efetivação das Leis específicas a nível nacional e internacional visando a proteção integral e a garantia dos direitos infantis em pleno século XXI, parece não conter o aumento desses casos. Apesar da Lei do Depoimento Especial figurar como um sistema estabelecido e recente na realidade dos profissionais do Poder Judiciário do interior paulista, o binômio responsabilidade e competência na atribuição do papel de entrevistador, reflete um sinônimo de incertezas, queixas e controvérsias nos bastidores dos Fóruns e que se fazem presentes até os dias de hoje. A interpretação ambígua ou equivocada de Leis e Resoluções, a ausência de orientação consistente e capacitação adequada de modo mais contínuo, vem favorecendo alguns contrapontos. Formas distintas no “modus operandi” diante do fluxo do atendimento de cada equipe, quer pela ausência de um parâmetro único na condução do atendimento, quer pela delonga no aguardo de capacitação do Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense lançado em 2020, dificuldades na tomada do depoimento com criança de idade precoce, bem como na produção e emissão da escrita, propiciaram a sugestão de alternativas nesta temática. O objetivo deste trabalho foi a elaboração de um protocolo de atendimento uniformizado a ser utilizado pela Psicologia Jurídica do Fórum da Comarca de Botucatu -SP, durante a fase da tomada do depoimento especial e adaptado à realidade local, por meio da leitura e análise crítica da literatura nacional e internacional sobre a temática do Depoimento Especial e dos Protocolos de entrevista forense com crianças de faixa etária de quatro a seis anos de idade, vítimas de violência sexual, aliado à experiência profissional. Humanizar o modo de condução do atendimento e que inclui o depoimento especial através de algumas mudanças, como a reestruturação do espaço físico utilizado na aplicação da técnica no Fórum de Botucatu, uso de cartilhas explicativas e de recursos lúdicos com crianças desta faixa etária, a apresentação virtual do Juiz para a criança, através da câmera, assegurando-lhe a responsabilidade única do magistrado pela criminalização do acusado e não o seu depoimento em si, visa reduzir o sentimento de culpa e de deslealdade que porventura ela carregue. Como perspectiva futura, sob o olhar da Robótica Social, a sugestão de utilizar um sistema robótico como instrumento lúdico e facilitador do psicólogo judiciário durante o atendimento da criança vítima de violência sexual e idealizado por essa pesquisadora em outro Projeto colaborativo interprofissional, pode representar poderosa ferramenta da Psicologia em qualquer área. No mundo globalizado, considerando todas as discussões em torno do depoimento especial apontadas neste trabalho, a Justiça necessita de qualidade técnica e humana para garantir os direitos dos infantes, de modo que não sejam afligidos por nenhuma violência, principalmente a institucional.Child violence is a worldwide phenomenon and the effects of exposure to violence in childhood cause compromising damage to health and full development, with devastating impacts into adulthood. The worldwide discussion on the incidence of sexual abuse, especially with the isolation in the COVID-19 pandemic, is punctual. The parallel advance between technology and the enforcement of specific laws at national and international level, aiming at the integral protection and guarantee of children's rights in the 21st century, does not seem to contain the increase in these cases. Although the Special Testimony Law appears as an established and recent system in the reality of Judiciary professionals in the interior of São Paulo, the binomial responsibility and competence in assigning the role of interviewer reflects a synonym of uncertainties, complaints and controversies behind the scenes of the Forums and that are present to this day. The ambiguous or mistaken interpretation of Laws and Resolutions, the absence of consistent guidance and more continuous adequate training, has favored some counterpoints. Different forms in the "modus operandi" in the face of the flow of care for each team, either due to the absence of a single parameter in the conduct of care, or the delay in waiting for training in the Brazilian Forensic Interview Protocol launched in 2020, difficulties in taking the testimony with an early age child, as well as in the production and issuance of writing, provided the suggestion of alternatives in this theme. The objective of this work was to elaborate a uniform service protocol to be used by the Legal Psychology of the Forum of the District of Botucatu -SP, during the phase of taking the special testimony and adapted to the local reality, through the reading and critical analysis of the national and international literature on the topic of Special Testimony and Protocols for forensic interviews with children aged four to six years old, victims of sexual violence, combined with professional experience. Humanize the way the service is conducted and that includes the special testimony through some changes, such as the restructuring of the physical space used in the application of the technique at the Botucatu Forum, the use of explanatory booklets and playful resources with children of this age group, the presentation The judge's virtual video for the child, through the camera, assuring him of the magistrate's sole responsibility for criminalizing the accused and not his testimony itself, aims to reduce the feeling of guilt and disloyalty that he may carry. As a future perspective, from the perspective of Social Robotics, the suggestion of using a robotic system as a playful and facilitating tool for the legal psychologist during the care of children who are victims of sexual violence and idealized by this researcher in another collaborative interprofessional project, may represent a powerful tool of Psychology in any area. In the globalized world, considering all the discussions around the special testimony pointed out in this work, Justice needs technical and human quality to guarantee the rights of infants, so that they are not afflicted by any violence, especially institutional violence.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Riccardi, Carla dos Santos [UNESP]Padovani, Flávia Helena Pereira [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Garcia, Márcia Aparecida Thomé2021-07-23T12:51:36Z2021-07-23T12:51:36Z2021-05-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21362233004064079P5porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-09-04T12:49:12Zoai:repositorio.unesp.br:11449/213622Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestrepositoriounesp@unesp.bropendoar:29462024-09-04T12:49:12Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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