Biodiversidade utilizada na alimentação dos povos indígenas do Brasil: implicações para a Segurança Alimentar e Nutricional

• Autor(a) principal: Nascimento, Samara Rie do
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/244604
• topic: Povos indígenas; Segurança alimentar e nutricional; Etnobotânica

O objetivo deste estudo foi investigar as espécies pertencentes à flora, fauna e funga utilizadas na alimentação dos povos indígenas do Brasil e, a partir dos dados obtidos identificar o panorama acerca da produção científica sobre a temática, bem como discutir algumas implicações sobre a segurança alimentar e nutricional (SAN) indígena. A SAN diz sobre o acesso ao alimento e a sua sustentabilidade na produção, seja nos vieses econômicos, ambientais, sociais ou culturais. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, através de consulta à base de dados Scopus, aos Cursos de Licenciatura Indígena do Brasil e ao Banco de Dados da Sociobiodiversidade (CNPT/ICMBio). A revisão retornou informações sobre 962 trabalhos acadêmicos, os quais tiveram seus títulos e resumos analisados e, desse conjunto de estudos encontrados, foram incluídos para este trabalho 34 pesquisas científicas, dentre elas, artigos e trabalhos de conclusão de curso entre os anos de 2003 a 2022. Foram encontrados mais estudos que continham informações sobre a flora do que sobre a fauna e a funga. Predominaram espécies consideradas nativas e cultivadas, além disso, a espécie Manihot esculenta Crantz e Euterpe edulis Mart apareceram com uma maior recorrência. Para as espécies da fauna, Pecari tajacu, Cuniculus paca, Dasypus novemcinctus e Mazama americana, apareceram mais vezes. Em relação aos dados relativos à funga, apenas um estudo foi identificado. Sobre o panorama da produção científica acerca desta temática, a quantidade de estudos incluídos neste trabalho não mostra um aumento constante da produção científica ao decorrer dos anos. Os dados obtidos indicam que o contato com hábitos não-indígenas podem fragilizar a SAN. Os artigos e TCCs que abordaram sobre a agricultura tradicional e as atividades de caça e pesca demonstraram-se alinhados com a dimensão de sustentabilidade ambiental da SAN. Os estudos demonstraram o valor sagrado dos alimentos aos povos da floresta, uma vez que a alimentação está relacionada a ritualísticas, aos cantos e têm seu papel como marcador de tempo, onde algum alimento é indicado ou impedido de ser consumido. Por fim, através dos estudos torna-se evidente a relação profunda que os povos indígenas estabelecem com seu território, portanto, para a alimentação tradicional se manter viva, ser garantia de SAN, com todas as suas práticas e seu valor sagrado para os povos da floresta, é urgente a garantia aos seus territórios.