Tecnologias digitais e as vozes institucionais: uma abordagem discursiva

• Autor(a) principal: Silva, Cristiane Lilian Ferreira da
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/202562
• topic: Tecnologias digitais de informação e comunicação; Análise do discurso; Sentidos; Relações de poder; Digital information and communication technologies; Discourse analysis; Senses; Power relations

A “revolução digital” tem sido assunto recorrente nos meios de comunicação e nas políticas públicas. Permeia, nas atuais condições de produção, a ideia de que fazer parte do mundo digital(izado), ou seja, ter acesso ao ambiente digital, garante inserção social, assim como ascensão econômica dos chamados usuários da tecnologia. Diante dessa premissa, este trabalho tem como objetivo geral investigar o(s) discurso(s) relacionado(s) às tecnologias digitais, bem como o transcurso de assujeitamento diante do paradigma tecnológico enquanto processo discursivo. A nossa hipótese prefigura que as vozes institucionais brasileiras tratam as tecnologias digitais como via para o crescimento econômico do país, bem como para o acesso a lugares de prestígio no cenário internacional e, por isso, fazem dos valores simbólicos atrelados às TDIC (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação) efeitos de poder. Valendo-nos do dispositivo teórico da Análise do Discurso (AD) francesa pêcheuxtiana, procuramos: (i) verificar se e de que modo os discursos institucionais agenciam o sujeito para o consumo da tecnologia; (ii) investigar as relações de poder que constituem os discursos sobre as tecnologias digitais de informação e comunicação; e (iii) analisar os efeitos de sentidos que emergem do significante desenvolvimento e suas paráfrases. Deste modo, a partir do documento Estratégia brasileira para a transformação digital, publicado durante o período em que Michel Temer ocupou o governo, nossa análise ocupa-se das questões que atravessam o mundo digital(izado). Nesse sentido, os gestos de interpretação propiciaram considerações a respeito das relações de força que constituem as vozes institucionais, bem como apontamentos sobre o modo como o Estado concebe a Educação, diante de um ensino escolar baseado na relação trabalho/educação. Conforme essa visão, a qualificação profissional é privilegiada em detrimento da dimensão da integralidade humana, o que pode apontar a perspectiva das TDIC na reestruturação dos processos produtivos, assim como o agenciamento de mão de obra trabalhadora para as tecnologias digitais, resultados que ratificam nossa hipótese inicial, a de que o Estado tem procurado maneiras de se (re)estabelecer no cenário internacional, sinalizando, também, a identificação com o discurso identitário do país do futuro.