Prospecção químico-biológica de extratos hidroetanólicos das folhas de Astronium urundeuva na investigação do potencial antifúngico

• Autor(a) principal: Bonifácio, Bruna Vidal
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/182249
• topic: fitoquímica; atividade antifúngica; Candida sp.; candidíase vulvovaginal; biofilme; experimento de passagem seriada; checkerboard; phytochemistry; antifungal activty; vulvovaginal candidiasis; biofilm; checkerboard; serial passage assay

Apesar do grande avanço tecnológico direcionado à indústria farmacêutica, os micro-organismos continuam adquirindo cada vez mais resistência aos fármacos convencionalmente utilizados e, pesquisadores de diversas áreas buscam novas fontes antimicrobianas de origem natural, a exemplo das plantas medicinais. Dentre as infecções fúngicas, destacam-se aquelas causadas por leveduras do gênero Candida sp. a exemplo da a candidíase vulvovaginal (CVV). A planta Astronium urundeuva (Allemao) Engl. apresenta uma série de propriedades biológicas, incluindo a atividade antifúngica. Este trabalho teve como objetivo aprofundar os estudos direcionados a atividade antifúngica dessa planta medicinal de modo a investigar as substâncias responsáveis por esta propriedade biológica através do fracionamento biomonitorado. Dentre os componentes majoritários identificados no extrato (ácido gálico, galato de metila e galato de etila), pode-se observar que as substâncias galato de etila e galato de metila são responsáveis por grande parte da atividade antifúngica contra a espécie C. glabrata enquanto que a atividade contra a espécie C. albicans parece estar relacionada a um efeito sinérgico dos componentes do extrato, incluindo os minoritários. Os resultados do ensaio in vivo confirmaram a atividade antifúngica exibida pelo extrato, mas, além disso, mostrou uma melhor atividade do extrato incorporado na microemulsão (ME), confirmando o efeito fungicida in vitro apresentado por este. Os ensaios de citotoxicidade (IC50), realizados frente às linhagens celulares VERO, MRC5 e HaCaT mostraram que o extrato não apresenta-se citotóxico quando comparado com o controle positivo utilizado (doxorrubicina). Além disso, após a incorporação do extrato em uma ME, o índice de seletividade (IS) aumentou significativamente principalmente quando analisado para a linhagem VERO. Quando testado contra os isolados clínicos de ambas as espécies de Candida sp., o extrato livre apresentou marcante atividade, mesmo contra aqueles considerados resistentes aos fármacos convencionalmente utilizados na terapia clínica (fluconazol, anfotericina B e caspofungina). Além do ensaio de susceptibilidade para células planctônicas, a amostra vegetal também foi avaliada quanto a sua atividade anti-biofilme e, embora não tenha apresentado atividade em biofilmes pré-formados nas concentrações testadas, o extrato livre foi capaz de inibir a formação de biofilme de C. albicans SC5314 na mesma concentração efetiva para células planctônicas. O estudo de combinação, avaliado pelo ensaio checkerboard, apresentou sinergismo quando o extrato livre foi combinado com fluconazol contra as duas espécies de Candida sp. Além disso, o efeito sinérgico também foi observado quando a anfotericina B foi combinada com o extrato livre (contra C. albicans) e o padrão de galato de etila (contra C. glabrata). Após o ensaio de passagem seriada, foi observado que as cepas desenvolveram resistência apenas ao fluconazol, mas não para o extrato livre. Além do gênero Candida sp., a amostra vegetal também foi testada contra o gênero Cryptococcus sp., destacando-se os resultados apresentados para a espécie C. neoformans WSA e, dentre alguns fungos filamentosos testados, a amostra vegetal mostrou-se efetiva apenas contra Rhizopus arrhizus. Os resultados mostraram que o extrato das folhas de A. urundeuva apresenta atividade antifúngica promissora contra as espécies de Candida, principalmente contra a espécie de C. glabrata.