Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Meluci, Maria Fernanda Pavani Moreira [UNESP]
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/239380
Resumo: Durante os últimos quatro anos(2019-2022), foi possível notar no Brasil um retorno de políticos de direita ao poder, após os últimos governos eleitos terem uma inclinação à esquerda (“2003- 2016”), além de uma grande presença de discursos e políticas que remetem ao neoliberalismo, que se apresenta de forma dominante em nível internacional. Tendo isso em vista, faz-se necessário uma melhor compreensão da ascensão de Jair Messias Bolsonaro à presidência do Brasil, e como o seu governo de extrema direita está conectado com a hegemonia neoliberal, além de buscar entender o lugar do fascismo como ideia e como prática em seu governo, em termos sumários das temporalidades históricas. O primeiro objetivo é responder ao problema: Como avaliar os tempos históricos nacional e internacional do advento neoliberal ligado a Bolsonaro? O segundo objetivo é testar a hipótese de que a hegemonia neoliberal se desdobra nacionalmente com diferentes tempos, sendo no Brasil uma peculiar expressão autoritária sob Bolsonaro. Usam-se fontes bibliográficas e autores que dialogam com a referida temática, como análises de Robert Warburton Cox (1981) e Immanuel Maurice Wallerstein (2007), buscando obter um panorama geral de como o neoliberalismo se desenvolveu em diferentes formatos e velocidades, em nível nacional e internacional, ao mesmo tempo que o encara criticamente. Primeiramente, considera-se que há em curso um discurso que assegura a permanência de certos grupos privilegiados no topo da hierarquia do poder, conforme a abordagem de Wallerstein (2007). Tal discurso foi elaborado para atender os interesses de um grupo específico, mas ao mesmo tempo deve servir universalmente, de modo que justifique a desigualdade existente. O crescente individualismo, o desmonte do Estado de Bem-Estar Social, o triunfo das reformas neoliberais e o enfraquecimento do movimento trabalhista organizado são alguns dos resultados e objetivos desse discurso. Isso está em conformidade com a análise de Cox (1981) na medida em que o autor também se questiona quais e de quem são os valores que predominam, pois são esses que priorizam os direitos de certos grupos ao invés de outros. Ademais, Cox e Wallerstein pensam em diferentes tempos históricos, isto significa tentar entender as dimensões da vida em termos da velocidade da transformação. Tais fatos tem relação com a eleição de Bolsonaro, pois o mesmo é considerado um político de extrema direita e defensor do modelo neoliberal. As consequências de suas políticas, em conjunto com a pandemia do Coronavírus, incluem o desemprego em massa, um grande aumento da inflação e da insegurança alimentar, tornando mais do que necessário um olhar crítico para suas ações, já que possuem laços com o neoliberalismo e o insustentável modo de produção capitalista. Conclui-se que o governo Bolsonaro articula um tempo específico de componentes autoritários e neoliberais no seu nexo com o plano internacional. Cox suscita reflexão para encontrar novas possibilidades de ordem, algo que logicamente conterá elementos propositivos de transformação. Tais elementos podem e devem ser aplicados para construir uma visão crítica do que acontece na sociedade brasileira nos dias atuais, não devendo ser aceitos sem questionamentos os modelos impostos pelas classes dominantes para manter e expandir seu poder e privilégios, às custas de todo o resto da população. Logo, a Teoria Crítica mostra-se essencial para pensar maneiras de entender a realidade brasileira e buscar transformá-la.
id UNSP_e5bc0c5f7e53ef52bebb63689568558d
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/239380
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacionalHistorical temporalities and their speeds: neoliberalism at the international and national levelsBrasilNeoliberalismoTeoria críticaBrazilNeoliberalismCritical theoryDurante os últimos quatro anos(2019-2022), foi possível notar no Brasil um retorno de políticos de direita ao poder, após os últimos governos eleitos terem uma inclinação à esquerda (“2003- 2016”), além de uma grande presença de discursos e políticas que remetem ao neoliberalismo, que se apresenta de forma dominante em nível internacional. Tendo isso em vista, faz-se necessário uma melhor compreensão da ascensão de Jair Messias Bolsonaro à presidência do Brasil, e como o seu governo de extrema direita está conectado com a hegemonia neoliberal, além de buscar entender o lugar do fascismo como ideia e como prática em seu governo, em termos sumários das temporalidades históricas. O primeiro objetivo é responder ao problema: Como avaliar os tempos históricos nacional e internacional do advento neoliberal ligado a Bolsonaro? O segundo objetivo é testar a hipótese de que a hegemonia neoliberal se desdobra nacionalmente com diferentes tempos, sendo no Brasil uma peculiar expressão autoritária sob Bolsonaro. Usam-se fontes bibliográficas e autores que dialogam com a referida temática, como análises de Robert Warburton Cox (1981) e Immanuel Maurice Wallerstein (2007), buscando obter um panorama geral de como o neoliberalismo se desenvolveu em diferentes formatos e velocidades, em nível nacional e internacional, ao mesmo tempo que o encara criticamente. Primeiramente, considera-se que há em curso um discurso que assegura a permanência de certos grupos privilegiados no topo da hierarquia do poder, conforme a abordagem de Wallerstein (2007). Tal discurso foi elaborado para atender os interesses de um grupo específico, mas ao mesmo tempo deve servir universalmente, de modo que justifique a desigualdade existente. O crescente individualismo, o desmonte do Estado de Bem-Estar Social, o triunfo das reformas neoliberais e o enfraquecimento do movimento trabalhista organizado são alguns dos resultados e objetivos desse discurso. Isso está em conformidade com a análise de Cox (1981) na medida em que o autor também se questiona quais e de quem são os valores que predominam, pois são esses que priorizam os direitos de certos grupos ao invés de outros. Ademais, Cox e Wallerstein pensam em diferentes tempos históricos, isto significa tentar entender as dimensões da vida em termos da velocidade da transformação. Tais fatos tem relação com a eleição de Bolsonaro, pois o mesmo é considerado um político de extrema direita e defensor do modelo neoliberal. As consequências de suas políticas, em conjunto com a pandemia do Coronavírus, incluem o desemprego em massa, um grande aumento da inflação e da insegurança alimentar, tornando mais do que necessário um olhar crítico para suas ações, já que possuem laços com o neoliberalismo e o insustentável modo de produção capitalista. Conclui-se que o governo Bolsonaro articula um tempo específico de componentes autoritários e neoliberais no seu nexo com o plano internacional. Cox suscita reflexão para encontrar novas possibilidades de ordem, algo que logicamente conterá elementos propositivos de transformação. Tais elementos podem e devem ser aplicados para construir uma visão crítica do que acontece na sociedade brasileira nos dias atuais, não devendo ser aceitos sem questionamentos os modelos impostos pelas classes dominantes para manter e expandir seu poder e privilégios, às custas de todo o resto da população. Logo, a Teoria Crítica mostra-se essencial para pensar maneiras de entender a realidade brasileira e buscar transformá-la.During the last four years (2019-2022), it was possible to see in Brazil a return of right-wing politicians to power, after the last two elected governments were left-wing (“2003-2016”), in addition to a large presence of speeches and policies that refer to neoliberalism, which presents itself in a dominant form at the international level. With this in mind, a better understanding of Jair Messias Bolsonaro's rise to the presidency of Brazil is needed, and how his far-right government is connected with neoliberal hegemony, in addition to seek to understand the place of fascism as an idea and as a practice in its government, in summary terms of historical temporalities. The first objective is to answer the question: How to assess the national and international historical times of the rising neoliberalism linked to Bolsonaro? The second objective is to test the hypothesis that neoliberal hegemony developed nationally with different times, being in Brazil a peculiar authoritarian expression under Bolsonaro’s government. We used bibliographical sources and authors that dialogue with this theme, such as analyzes by Robert Warburton Cox (1981) and Immanuel Maurice Wallerstein (2007), seeking to obtain an overview of how neoliberalism developed in different formats and times, nationally and internationally, while looking at it critically. Firstly, there is an ongoing discourse that ensures the permanence of certain privileged groups at the top of the power pyramid, according to Wallerstein's approach (2007). Such discourse was designed to meet the interests of a specific group, but at the same time it should work universally, so as to justify the existing inequality. Growing individualism, the dismantling of the Welfare State, the triumph of neoliberal reforms and the weakening of the organized labor movement are some of the results and objectives of this discourse. This is in line with Cox's analysis (1981) insofar as the author also questions which and whose values prevail, as they prioritize the rights of certain groups over others. Also, Cox and Wallerstein think in different historical times, this means they are trying to understand the dimensions of life in terms of the speed of transformation. Such facts are related to Bolsonaro winning the Brazilian elections, as he is considered to be an extreme right-wing politician and defender of the neoliberal model. The consequences of his policies, along with the Coronavirus pandemic, include mass unemployment, a large increase in inflation and food insecurity, therefore, it is necessary to look critically at his actions, as they have ties to neoliberalism and the unsustainable capitalist mode of production. It is concluded that the Bolsonaro government articulates a specific time of authoritarian and neoliberal components in its nexus with the international scenario. Cox seeks to find new possibilities of order, something that will logically contain transformative elements. Such elements can and should be applied to build a critical view of what currently happens in Brazilian society, and the models imposed by the dominant classes to maintain and expand their power and privileges, at the expense of everyone else, should not be accepted without question. Therefore, Critical Theory proves to be essential to think about ways to understand the Brazilian reality and seek to transform it.Não recebi financiamentoUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Passos, Rodrigo Duarte Fernandes dos [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Meluci, Maria Fernanda Pavani Moreira [UNESP]2023-02-07T19:43:11Z2023-02-07T19:43:11Z2023-01-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/239380porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-11-26T06:09:12Zoai:repositorio.unesp.br:11449/239380Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462023-11-26T06:09:12Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional
Historical temporalities and their speeds: neoliberalism at the international and national levels
title Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional
spellingShingle Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional
Meluci, Maria Fernanda Pavani Moreira [UNESP]
Brasil
Neoliberalismo
Teoria crítica
Brazil
Neoliberalism
Critical theory
title_short Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional
title_full Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional
title_fullStr Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional
title_full_unstemmed Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional
title_sort Tempos históricos e suas velocidades: o neoliberalismo no plano internacional e nacional
author Meluci, Maria Fernanda Pavani Moreira [UNESP]
author_facet Meluci, Maria Fernanda Pavani Moreira [UNESP]
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Passos, Rodrigo Duarte Fernandes dos [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.contributor.author.fl_str_mv Meluci, Maria Fernanda Pavani Moreira [UNESP]
dc.subject.por.fl_str_mv Brasil
Neoliberalismo
Teoria crítica
Brazil
Neoliberalism
Critical theory
topic Brasil
Neoliberalismo
Teoria crítica
Brazil
Neoliberalism
Critical theory
description Durante os últimos quatro anos(2019-2022), foi possível notar no Brasil um retorno de políticos de direita ao poder, após os últimos governos eleitos terem uma inclinação à esquerda (“2003- 2016”), além de uma grande presença de discursos e políticas que remetem ao neoliberalismo, que se apresenta de forma dominante em nível internacional. Tendo isso em vista, faz-se necessário uma melhor compreensão da ascensão de Jair Messias Bolsonaro à presidência do Brasil, e como o seu governo de extrema direita está conectado com a hegemonia neoliberal, além de buscar entender o lugar do fascismo como ideia e como prática em seu governo, em termos sumários das temporalidades históricas. O primeiro objetivo é responder ao problema: Como avaliar os tempos históricos nacional e internacional do advento neoliberal ligado a Bolsonaro? O segundo objetivo é testar a hipótese de que a hegemonia neoliberal se desdobra nacionalmente com diferentes tempos, sendo no Brasil uma peculiar expressão autoritária sob Bolsonaro. Usam-se fontes bibliográficas e autores que dialogam com a referida temática, como análises de Robert Warburton Cox (1981) e Immanuel Maurice Wallerstein (2007), buscando obter um panorama geral de como o neoliberalismo se desenvolveu em diferentes formatos e velocidades, em nível nacional e internacional, ao mesmo tempo que o encara criticamente. Primeiramente, considera-se que há em curso um discurso que assegura a permanência de certos grupos privilegiados no topo da hierarquia do poder, conforme a abordagem de Wallerstein (2007). Tal discurso foi elaborado para atender os interesses de um grupo específico, mas ao mesmo tempo deve servir universalmente, de modo que justifique a desigualdade existente. O crescente individualismo, o desmonte do Estado de Bem-Estar Social, o triunfo das reformas neoliberais e o enfraquecimento do movimento trabalhista organizado são alguns dos resultados e objetivos desse discurso. Isso está em conformidade com a análise de Cox (1981) na medida em que o autor também se questiona quais e de quem são os valores que predominam, pois são esses que priorizam os direitos de certos grupos ao invés de outros. Ademais, Cox e Wallerstein pensam em diferentes tempos históricos, isto significa tentar entender as dimensões da vida em termos da velocidade da transformação. Tais fatos tem relação com a eleição de Bolsonaro, pois o mesmo é considerado um político de extrema direita e defensor do modelo neoliberal. As consequências de suas políticas, em conjunto com a pandemia do Coronavírus, incluem o desemprego em massa, um grande aumento da inflação e da insegurança alimentar, tornando mais do que necessário um olhar crítico para suas ações, já que possuem laços com o neoliberalismo e o insustentável modo de produção capitalista. Conclui-se que o governo Bolsonaro articula um tempo específico de componentes autoritários e neoliberais no seu nexo com o plano internacional. Cox suscita reflexão para encontrar novas possibilidades de ordem, algo que logicamente conterá elementos propositivos de transformação. Tais elementos podem e devem ser aplicados para construir uma visão crítica do que acontece na sociedade brasileira nos dias atuais, não devendo ser aceitos sem questionamentos os modelos impostos pelas classes dominantes para manter e expandir seu poder e privilégios, às custas de todo o resto da população. Logo, a Teoria Crítica mostra-se essencial para pensar maneiras de entender a realidade brasileira e buscar transformá-la.
publishDate 2023
dc.date.none.fl_str_mv 2023-02-07T19:43:11Z
2023-02-07T19:43:11Z
2023-01-27
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/11449/239380
url http://hdl.handle.net/11449/239380
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803046659882483712