Políticas públicas de garantia do trabalho e o setor brasileiro dos motoristas por aplicativo: um estudo da Uber na cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Murilo
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/190838
Resumo: A presente pesquisa buscou examinar o setor dos motoristas por aplicativo, como enfoque específico na empresa Uber. Buscou-se, por meio da realização de entrevistas com trabalhadores, identificar vulnerabilidades às quais os motoristas por aplicativos estariam expostos e, diante dos dados coletados, discutir as políticas públicas necessárias para a proteção do setor, sempre com foco na efetivação das garantias fundamentais desses trabalhadores. Como resultados encontrados, a análise do contexto histórico permitiu compreender que a Uber representa uma ressignificação do trabalho dentro do contexto da sociedade informacional, pautando-se no lema da flexibilidade. Quanto aos dados encontrados na pesquisa empírica realizada, evidencia-se a questão de ordem econômica, na medida em que a maioria dos trabalhadores escolhe a Uber como única fonte de renda e tem, por motivação, a procura do trabalho, o desemprego no país e o baixo rendimento auferido, o que demanda uma valorização da remuneração dessa forma de trabalho. A questão econômica incide ainda em um aumento da jornada laboral e, não havendo controle para evitar excessos, pode resultar em consequências negativas para a saúde e a segurança desses trabalhadores. Ainda, tal atividade laboral apresenta diversos riscos aos trabalhadores, como, por exemplo, assaltos e acidentes, evidenciando a necessidade de adoção de mecanismos de segurança. A empresa Uber adota mecanismos de controle de qualidade que limitam a autonomia dos trabalhadores, funcionando como verdadeiro sistema de coordenação laboral. Isso implica diretamente na questão da subordinação e na discussão acerca da caracterização ou não de vínculo empregatício entre trabalhadores e empresa, o que, pelo presente estudo, deve ser reconhecido. A análise das políticas públicas para o setor permitiu identificar que considerável parte das leis em vigência ou de projetos legislativos em tramitação não atende de forma satisfatória as necessidades do setor. Ao contrário, determinadas medidas como, por exemplo, o entendimento desses trabalhadores como contribuintes individuais para a Previdência Social, embora considerados autônomos, evidencia a flexibilização e, consequentemente, a precarização do setor. São negados a esses trabalhadores alguns direitos, perpetrando-se a exploração do trabalho, prevalecendo os interesses econômicos. A proteção desses trabalhadores demanda uma adequada aplicação dos princípios trabalhistas, considerando a existência do vínculo de emprego entre os trabalhadores e a empresa, visando à garantia da dignidade aos obreiros. Conquanto não seja esse o caminho adotado, cabe a elaboração de políticas que concedam a esses trabalhadores direitos mínimos trabalhistas, além da valorização da atividade por meio da instituição de um piso remuneratório e do controle de jornada, evitando excessos, de modo a mitigar o alto grau de precarização dessa modalidade de trabalho. Processo nº 2017/04850-0, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)/CAPES.
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Como resultados encontrados, a análise do contexto histórico permitiu compreender que a Uber representa uma ressignificação do trabalho dentro do contexto da sociedade informacional, pautando-se no lema da flexibilidade. Quanto aos dados encontrados na pesquisa empírica realizada, evidencia-se a questão de ordem econômica, na medida em que a maioria dos trabalhadores escolhe a Uber como única fonte de renda e tem, por motivação, a procura do trabalho, o desemprego no país e o baixo rendimento auferido, o que demanda uma valorização da remuneração dessa forma de trabalho. A questão econômica incide ainda em um aumento da jornada laboral e, não havendo controle para evitar excessos, pode resultar em consequências negativas para a saúde e a segurança desses trabalhadores. Ainda, tal atividade laboral apresenta diversos riscos aos trabalhadores, como, por exemplo, assaltos e acidentes, evidenciando a necessidade de adoção de mecanismos de segurança. A empresa Uber adota mecanismos de controle de qualidade que limitam a autonomia dos trabalhadores, funcionando como verdadeiro sistema de coordenação laboral. Isso implica diretamente na questão da subordinação e na discussão acerca da caracterização ou não de vínculo empregatício entre trabalhadores e empresa, o que, pelo presente estudo, deve ser reconhecido. A análise das políticas públicas para o setor permitiu identificar que considerável parte das leis em vigência ou de projetos legislativos em tramitação não atende de forma satisfatória as necessidades do setor. Ao contrário, determinadas medidas como, por exemplo, o entendimento desses trabalhadores como contribuintes individuais para a Previdência Social, embora considerados autônomos, evidencia a flexibilização e, consequentemente, a precarização do setor. São negados a esses trabalhadores alguns direitos, perpetrando-se a exploração do trabalho, prevalecendo os interesses econômicos. A proteção desses trabalhadores demanda uma adequada aplicação dos princípios trabalhistas, considerando a existência do vínculo de emprego entre os trabalhadores e a empresa, visando à garantia da dignidade aos obreiros. Conquanto não seja esse o caminho adotado, cabe a elaboração de políticas que concedam a esses trabalhadores direitos mínimos trabalhistas, além da valorização da atividade por meio da instituição de um piso remuneratório e do controle de jornada, evitando excessos, de modo a mitigar o alto grau de precarização dessa modalidade de trabalho. Processo nº 2017/04850-0, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)/CAPES.The present research sought to examine the driver by application sector, as a specific focus in the company Uber. It was sought, through interviews with workers, to identify vulnerabilities to which drivers by applications would be exposed and, in view of the collected data, to discuss the public policies necessary for the protection of the sector, always focusing on the realization of the fundamental guarantees of these workers. As results found, the analysis of the historical context allowed us to understand that Uber represents a re-signification of work within the context of the information society, based on the motto of flexibility. As for the data found in the empirical research carried out, the economic question is evident, since most of the workers choose Uber as the only source of income and have as motivation, the search for labor, unemployment in the country and the low income earned, which demands an appreciation of the remuneration of this form of work. The economic issue also implies an increase in working hours and, in the absence of control to avoid excesses, can result in negative consequences for the health and safety of these workers. Also, this work activity presents several risks to workers, such as assaults and accidents, evidencing the need to adopt safety mechanisms. The Uber company adopts mechanisms of quality control that limit the autonomy of the workers, functioning as a true system of labor coordination. This implies directly to the issue of subordination and the discussion about the characterization or not of employment relationship, between workers and company, which, by the present study, should be recognized. The analysis of the public policies for the sector allowed to identify that a considerable part of the laws in force or of legislative projects in process does not meet in a satisfactory way the needs of the sector. On the contrary, certain measures, such as the understanding of these workers as individual contributors to Social Security, although considered autonomous, show the flexibilization and, consequently, the precariousness of the sector. These workers are denied certain rights, perpetrating the exploitation of labor, prevailing economic interests. The protection of these workers demands an adequate application of the labor principles, considering the existence of the employment bond between the workers and the company, aiming at the guarantee of the dignity to the workers. Although this is not the path adopted, it is necessary to elaborate policies that grant these workers minimum labor rights, besides the valorization of the activity through the institution of a compensatory floor and the control of the working hours, avoiding excesses, in order to mitigate the high degree of precariousness of this modality of work. Grant #2017/04850-0, São Paulo Research Foundation (FAPESP)/CAPES.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)CAPES: 001FAPESP: 2017/04850-0Universidade Estadual Paulista (Unesp)Almeida, Victor Hugo de [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Martins, Murilo2019-10-24T17:28:42Z2019-10-24T17:28:42Z2019-08-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19083800092633333004072068P9porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-26T18:06:37Zoai:repositorio.unesp.br:11449/190838Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T16:37:51.026857Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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