A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mazzon, Henrique Lopes.
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/255277
Resumo: Atualmente, no cenário brasileiro, observam-se profundas e desafiadoras transformações nas relações de trabalho na esteira do denominado fenômeno da “uberização”. As empresas de serviços sob demanda via aplicativos têm se popularizado entre os consumidores nas metrópoles brasileiras e atraído milhares de cidadãos desempregados, oferecendo rápida obtenção de renda e flexibilidade de jornada. Surgem, então, os chamados trabalhadores por aplicativo, que até maio de 2020 representavam 15% dos trabalhadores informais, isto é, aproximadamente 4,7 milhões de pessoas. Esses entregadores oferecem serviços de delivery de produtos, bens e refeições por meio de plataformas digitais, tais como a “iFood”, a “UberEats”, a “Rappi”, a “Loggi”, sendo os entregadores-ciclistas aqueles que enfrentam as condições de trabalho mais adversas. Longas jornadas de trabalho diárias e semanais, com extenuantes quilometragens pedaladas; baixa remuneração; e ausência de regulamentação e garantias juslaborais são algumas das dificuldades enfrentadas por estes trabalhadores. Assim, o presente trabalho tem como objetivo compreender, primeiro, o caminho percorrido pelo Direito do Trabalho ao longo da história diante de movimentos de flexibilização, para então examinar as condições laborais e contratuais da categoria às quais estão submetidos os entregadores-ciclistas; verificar como estas novas formas de trabalho, por meio da instrumentalização de ferramentas jurídicas e tecnológicas, proporcionam a precarização e a exploração do trabalho humano, especificamente o trabalho sob demanda via plataformas digitais desempenhado pelos entregadores-ciclistas; e examinar a possibilidade de enquadramento desta relação jurídica como vínculo empregatício. Para tanto, adota-se, como método de procedimento, a técnica de pesquisa bibliográfica em materiais publicados; e, como método de abordagem, o dedutivo, visando, a partir do exame dos aspectos inerentes às condições laborais e contratuais dos entregadores-ciclistas via plataformas digitais, identificar possíveis elementos tendentes à precarização e à exploração desses trabalhadores. Ao final, conclui-se que o trabalho sob demanda, especificamente neste caso os entregadores-ciclistas, opera sob uma roupagem de empreendedorismo e sobre a indefinição jurídica desta nova categoria, surgida graças ao desenvolvimento tecnológico, de modo que os trabalhadores são subordinados estruturalmente às empresas-aplicativo e sujeitos a condições precárias de trabalho, podendo constituir vínculo empregatício.
id UNSP_f2daba19aed32ad88fca09c6fbffe9e7
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/255277
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.Work exploitation disguised as entrepreneurship : an analysis of bike delivery couriers.Direito do trabalhoCondições de trabalhoExploraçãoEntregadores-ciclistasUberizaçãoLabor LawWork conditionsWork exploitationDelivery couriersUberizationAtualmente, no cenário brasileiro, observam-se profundas e desafiadoras transformações nas relações de trabalho na esteira do denominado fenômeno da “uberização”. As empresas de serviços sob demanda via aplicativos têm se popularizado entre os consumidores nas metrópoles brasileiras e atraído milhares de cidadãos desempregados, oferecendo rápida obtenção de renda e flexibilidade de jornada. Surgem, então, os chamados trabalhadores por aplicativo, que até maio de 2020 representavam 15% dos trabalhadores informais, isto é, aproximadamente 4,7 milhões de pessoas. Esses entregadores oferecem serviços de delivery de produtos, bens e refeições por meio de plataformas digitais, tais como a “iFood”, a “UberEats”, a “Rappi”, a “Loggi”, sendo os entregadores-ciclistas aqueles que enfrentam as condições de trabalho mais adversas. Longas jornadas de trabalho diárias e semanais, com extenuantes quilometragens pedaladas; baixa remuneração; e ausência de regulamentação e garantias juslaborais são algumas das dificuldades enfrentadas por estes trabalhadores. Assim, o presente trabalho tem como objetivo compreender, primeiro, o caminho percorrido pelo Direito do Trabalho ao longo da história diante de movimentos de flexibilização, para então examinar as condições laborais e contratuais da categoria às quais estão submetidos os entregadores-ciclistas; verificar como estas novas formas de trabalho, por meio da instrumentalização de ferramentas jurídicas e tecnológicas, proporcionam a precarização e a exploração do trabalho humano, especificamente o trabalho sob demanda via plataformas digitais desempenhado pelos entregadores-ciclistas; e examinar a possibilidade de enquadramento desta relação jurídica como vínculo empregatício. Para tanto, adota-se, como método de procedimento, a técnica de pesquisa bibliográfica em materiais publicados; e, como método de abordagem, o dedutivo, visando, a partir do exame dos aspectos inerentes às condições laborais e contratuais dos entregadores-ciclistas via plataformas digitais, identificar possíveis elementos tendentes à precarização e à exploração desses trabalhadores. Ao final, conclui-se que o trabalho sob demanda, especificamente neste caso os entregadores-ciclistas, opera sob uma roupagem de empreendedorismo e sobre a indefinição jurídica desta nova categoria, surgida graças ao desenvolvimento tecnológico, de modo que os trabalhadores são subordinados estruturalmente às empresas-aplicativo e sujeitos a condições precárias de trabalho, podendo constituir vínculo empregatício.In the wake of the so-called “uberization” phenomenon, labor relations in Brazil are currently going through profound and challenging transformations. On-demand service apps have seen growing popularity in Brazilian metropolises and attracted thousands of unemployed people offering fast return rates and flexible working hours. These new “on-demand workers”, as they are called, represent 15% of informal workers in Brazil, which corresponds approximately to 4.7 million people, as of May 2020. Delivery apps such as iFood, UberEats, Rappi and Loggi rely on couriers to provide their services, and amongst those, bikers face the most adverse conditions. Long daily and weekly working hours, exhausting pedaled distances, low payment, absence of labor legislation or guarantee, are some of the hardships faced by these workers, as shown by recent data. This paper aims at comprehending, first, the path taken by Labor Law throughout history in the face of flexibilization movements, then, examining the labor and contractual conditions that shape this new type of work and at verifying how technological and legal tools induce the deterioration and exploitation of human labor, specifically on-demand bike couriers labor, such as analyzing the possibility of framing this legal relationship as an employment bond. The method of bibliographic research was adopted for procedure, and the deductive method for approach, aiming to identify possible elements that tend to work exploitation. Ultimately, it concluded that work on demand, specifically in this case bike couriers, operates under the guise of entrepreneurship and on the legal uncertainty about this new category, which arose thanks to technological development, consequently those workers are structurally subordinated to these apps and subject to precarious working conditions, which may constitute an employment bond.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Almeida, Victor Hugo deMazzon, Henrique Lopes.2024-04-22T19:27:51Z2024-04-22T19:27:51Z2020-11-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfMAZZON, Henrique Lopes. A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo: uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo. Orientador: Victor Hugo de Almeida. 2020. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2020.https://hdl.handle.net/11449/255277porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-04-23T06:07:27Zoai:repositorio.unesp.br:11449/255277Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T17:07:46.315879Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.
Work exploitation disguised as entrepreneurship : an analysis of bike delivery couriers.
title A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.
spellingShingle A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.
Mazzon, Henrique Lopes.
Direito do trabalho
Condições de trabalho
Exploração
Entregadores-ciclistas
Uberização
Labor Law
Work conditions
Work exploitation
Delivery couriers
Uberization
title_short A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.
title_full A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.
title_fullStr A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.
title_full_unstemmed A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.
title_sort A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo : uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo.
author Mazzon, Henrique Lopes.
author_facet Mazzon, Henrique Lopes.
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Almeida, Victor Hugo de
dc.contributor.author.fl_str_mv Mazzon, Henrique Lopes.
dc.subject.por.fl_str_mv Direito do trabalho
Condições de trabalho
Exploração
Entregadores-ciclistas
Uberização
Labor Law
Work conditions
Work exploitation
Delivery couriers
Uberization
topic Direito do trabalho
Condições de trabalho
Exploração
Entregadores-ciclistas
Uberização
Labor Law
Work conditions
Work exploitation
Delivery couriers
Uberization
description Atualmente, no cenário brasileiro, observam-se profundas e desafiadoras transformações nas relações de trabalho na esteira do denominado fenômeno da “uberização”. As empresas de serviços sob demanda via aplicativos têm se popularizado entre os consumidores nas metrópoles brasileiras e atraído milhares de cidadãos desempregados, oferecendo rápida obtenção de renda e flexibilidade de jornada. Surgem, então, os chamados trabalhadores por aplicativo, que até maio de 2020 representavam 15% dos trabalhadores informais, isto é, aproximadamente 4,7 milhões de pessoas. Esses entregadores oferecem serviços de delivery de produtos, bens e refeições por meio de plataformas digitais, tais como a “iFood”, a “UberEats”, a “Rappi”, a “Loggi”, sendo os entregadores-ciclistas aqueles que enfrentam as condições de trabalho mais adversas. Longas jornadas de trabalho diárias e semanais, com extenuantes quilometragens pedaladas; baixa remuneração; e ausência de regulamentação e garantias juslaborais são algumas das dificuldades enfrentadas por estes trabalhadores. Assim, o presente trabalho tem como objetivo compreender, primeiro, o caminho percorrido pelo Direito do Trabalho ao longo da história diante de movimentos de flexibilização, para então examinar as condições laborais e contratuais da categoria às quais estão submetidos os entregadores-ciclistas; verificar como estas novas formas de trabalho, por meio da instrumentalização de ferramentas jurídicas e tecnológicas, proporcionam a precarização e a exploração do trabalho humano, especificamente o trabalho sob demanda via plataformas digitais desempenhado pelos entregadores-ciclistas; e examinar a possibilidade de enquadramento desta relação jurídica como vínculo empregatício. Para tanto, adota-se, como método de procedimento, a técnica de pesquisa bibliográfica em materiais publicados; e, como método de abordagem, o dedutivo, visando, a partir do exame dos aspectos inerentes às condições laborais e contratuais dos entregadores-ciclistas via plataformas digitais, identificar possíveis elementos tendentes à precarização e à exploração desses trabalhadores. Ao final, conclui-se que o trabalho sob demanda, especificamente neste caso os entregadores-ciclistas, opera sob uma roupagem de empreendedorismo e sobre a indefinição jurídica desta nova categoria, surgida graças ao desenvolvimento tecnológico, de modo que os trabalhadores são subordinados estruturalmente às empresas-aplicativo e sujeitos a condições precárias de trabalho, podendo constituir vínculo empregatício.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-11-18
2024-04-22T19:27:51Z
2024-04-22T19:27:51Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv MAZZON, Henrique Lopes. A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo: uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo. Orientador: Victor Hugo de Almeida. 2020. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2020.
https://hdl.handle.net/11449/255277
identifier_str_mv MAZZON, Henrique Lopes. A exploração do trabalho sob a roupagem de empreendedorismo: uma análise sobre os entregadores-ciclistas de aplicativo. Orientador: Victor Hugo de Almeida. 2020. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2020.
url https://hdl.handle.net/11449/255277
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808128758458089472