Literatura alemã de exílio: o Brasil de Stefan Zweig

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fumis, Larissa Elisabete
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/216011
Resumo: Entre os anos de 1933 e 1945, intelectuais, escritores e publicistas alemães e austríacos, incluindo muitos judeus, saíram de seus países devido às perseguições do nacional-socialismo e encontraram refúgio nos países da América Latina e também no Brasil. Dentre eles, destaca-se Stefan Zweig, de origem judaica, nascido em 1881 em Viena, na Áustria, e que pertencia ao grupo dos escritores mais lidos de seu tempo. Em 1936, Zweig fez sua primeira viagem ao Brasil. Em 1940, refugiou-se no país com sua segunda esposa Charlotte Elisabeth Altmann. Nessa viagem, passou cinco meses colhendo material para o livro Brasil, um país do futuro. Zweig visitou os estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Pará. Originalmente escrito em alemão, o livro foi traduzido para o português e publicado pela editora Guanabara com apoio de seu editor brasileiro Abrahão Koogan, em agosto de 1941, constituindo aquilo que se pode chamar de literatura de exílio. Partindo da leitura de Brasil, um país do futuro, essa dissertação pretende analisar de que forma o escritor austríaco transformou suas observações e comentários sobre o Brasil em material que pode ser lido como literário, a partir da utilização de imagens e figuras idealizadas. No livro, depois de uma incursão pela história e economia, o autor volta-se para seu interesse principal: a cultura brasileira. Não se preocupa em descobrir como os elementos europeus e africanos se recombinaram aqui; seu principal interesse é tornar conhecida a suposta ausência de preconceitos, a harmonia racial e a tolerância inata do povo, o que já revela o olhar peculiar e idealizado de Stefan Zweig sobre o Brasil e os brasileiros. Além do expressivo volume de sua obra e de sua fama internacional, o que também contribuiu para Stefan Zweig continuar sendo lembrado no Brasil, foram os rumores em torno da suspeita de ele ter sido financiado pelo governo Vargas e de Brasil, um país do futuro ser uma propaganda do Brasil para o resto do mundo, num período especialmente delicado para o governo da época. Em certa medida, essa suspeita é reforçada pelo caráter idealizado que se pode notar na narrativa, a partir das imagens que o livro proporciona sobre o país, seus habitantes e acontecimentos. O livro sustenta uma utopia, a utopia que chamamos zweiguiana, pois reflete características de sua personalidade e do que ele almeja como ideal de convivência.
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Zweig visitou os estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Pará. Originalmente escrito em alemão, o livro foi traduzido para o português e publicado pela editora Guanabara com apoio de seu editor brasileiro Abrahão Koogan, em agosto de 1941, constituindo aquilo que se pode chamar de literatura de exílio. Partindo da leitura de Brasil, um país do futuro, essa dissertação pretende analisar de que forma o escritor austríaco transformou suas observações e comentários sobre o Brasil em material que pode ser lido como literário, a partir da utilização de imagens e figuras idealizadas. No livro, depois de uma incursão pela história e economia, o autor volta-se para seu interesse principal: a cultura brasileira. Não se preocupa em descobrir como os elementos europeus e africanos se recombinaram aqui; seu principal interesse é tornar conhecida a suposta ausência de preconceitos, a harmonia racial e a tolerância inata do povo, o que já revela o olhar peculiar e idealizado de Stefan Zweig sobre o Brasil e os brasileiros. Além do expressivo volume de sua obra e de sua fama internacional, o que também contribuiu para Stefan Zweig continuar sendo lembrado no Brasil, foram os rumores em torno da suspeita de ele ter sido financiado pelo governo Vargas e de Brasil, um país do futuro ser uma propaganda do Brasil para o resto do mundo, num período especialmente delicado para o governo da época. Em certa medida, essa suspeita é reforçada pelo caráter idealizado que se pode notar na narrativa, a partir das imagens que o livro proporciona sobre o país, seus habitantes e acontecimentos. O livro sustenta uma utopia, a utopia que chamamos zweiguiana, pois reflete características de sua personalidade e do que ele almeja como ideal de convivência.Von 1933 bis 1945 verließen Intellektuelle, Schriftsteller und deutsch-österreichische Verleger, darunter viele Juden, ihren Ländern wegen politischer Verfolgung des Nationalsozialismus und fanden Zuflucht in Lateinamerika und auch in Brasilien. Unter ihnen hob sich Stefan Zweig hervor. Geboren 1881 in Wien, Österreich und auch jüdischer Herkunft, er gehörte zu der Gruppe der meistgelesenen Schriftsteller seiner Zeit. Im Jahr 1936 machte er seine erste Reise nach Brasilien. 1940 nahm er mit seiner zweiten Frau Charlotte Elisabeth Altmann Zuflucht in Brasilien. Auf dieser Reise verbrachte er 5 Monate bei der Sammlung von Materialien für sein Buch Brasilien, ein Land der Zukunft. Während seines Aufenthaltes hat Zweig Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pernambuco und Pará besucht. Ursprünglich auf Deutsch geschrieben wurde das Buch ins Portugiesische übersetzt und im August 1941 bei Guanabaraverlag mit der Unterstützung von seinem brasilianischen Verleger Abraham Koogan veröffentlicht, welches als Exilliteratur genannt werden kann. Dieses vorliegendes Forschungsergebnis beabsichtigt zu analysieren, anhand der Lektüre seines Buches und der Nutzung von Bildern und idealisierten Figuren, wie der österreichische Schriftsteller seine Beobachtungen und Kommentare zu Brasilien in Material richtete und dabei versucht man zu bestätigen, dass sein Werk als Literarisches gelesen werden kann. In seinem Buch, nachdem er einen Überblick auf die Geschichte und die Wirtschaft des damaligen Landes Brasilien verschafft, schaltet sich der Autor zu seinem Hauptinteresse: die brasilianische Kultur. Es scheint so, das es ihm nicht stört, wie die europäischen und afrikanischen Elemente hier rekombiniert worden waren. Viel mehr beschäftigt er sich mit dem angeblichen Fehlen von Vorurteilen, mit der Rassenharmonie und der angeborenen Toleranz der Menschen, die bereits die eigentümlichen und idealisierten Aussehen Zweigs auf Brasilien und Brasilianer zeigen. Neben dem erheblichen Umfang seiner Arbeit und seinen internationalen Ruf ist Stefan Zweig immer in Beziehung zum Vargas Regierung erinnert. Das bestände einen Verdacht, indem er und sein Buch von der brasilianischen Regierung finanziert gewesen wären. Dabei trüge einigermaßen die idealisierte Form seines Schreibensstils, ausgehend der beschriebenen Bilder, der Landbewohner und den Ereignissen seiner Zeit. Das Buch unterhält eine Utopie, die sogenannte Zweigutopie, denn sie spiegelt seine Eigenschaften, seine Bildung und seine Identität und die Art und Weise, wie Zweig als Idealregel für das Zusammenkommen einer weltlichen Gesellschaft.Between 1933 and 1945, German and Austrian intellectuals, writers and publishers, including many Jews, left their countries due to National Socialist persecution and found refuge in Latin American countries and also in Brazil. Among them, there was Stefan Zweig, a Jewish writer, born in 1881 in Vienna, Austria, who belonged to the group of the most read writers of his time. In 1936, Zweig made his first trip to Brazil. In 1940, he took refuge in the country with his second wife, Charlotte Elisabeth Altmann. On this trip, he spent five months collecting material for the book Brazil, Land of the Future. Zweig visited the states of Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pernambuco and Pará. Originally written in German, the book was translated into Portuguese and published by the publishing company Guanabara with the support of his Brazilian publisher Abraham Koogan in August of 1941, constituting what can be called Exilliteratur (German exile literature). From the reading of Brazil, Land of the Future, the present thesis intends to analyze how the Austrian writer converted his observations and comments on Brazil into material that can be read as literary, from the use of idealized images and figures. In the book, after an incursion through history and economy, the author turns to his main interest: Brazilian culture. He does not bother to find out how European and African elements are recombined here; his main interest is to disclose the alleged absence of prejudice, racial harmony and the innate tolerance of the people, which already shows the peculiar and idealized look Stefan Zweig has on Brazil and Brazilians. In addition to the significant volume of his work and international fame, which also contributed to Stefan Zweig remain remembered in Brazil, there were rumors around the suspicion that he was funded by the Vargas government and that Brazil, Land of the Future was a way to promote Brazil to the rest of the world at a particularly sensitive period for the government of the time. To some extent, such suspicion is reinforced by the idealized character that can be noticed in the narrative, from the images that the book provides about the country, its people and events. The book maintains an utopia, which it is possible to call zweiguian utopia, because it reflects characteristics of his personality and of what he desires as an ideal of coexistence.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Wimmer, Norma [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Fumis, Larissa Elisabete2022-01-21T15:00:55Z2022-01-21T15:00:55Z2016-09-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21601133004153015P2porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-11-02T06:11:03Zoai:repositorio.unesp.br:11449/216011Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T16:43:55.023150Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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