Relações sistemáticas dos euquelicerados paleozóicos: um novo registro de eurypterida para o devoniano do Brasil

• Autor(a) principal: Franco, Mateus Bocate
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/252472
• topic: Bacia do Paraná; Euchelicerata; Gondwana; Paleozóico; Stylonurina; Gondwana; Paleozoic; Paraná Basin

Os euripterídeos, também conhecidos como “escorpiões marinhos”, compõem um grupo monofilético de euquelicerados aquáticos. A partir do registro fóssil, é possível inferir que esses invertebrados dominaram o shoreface durante o Siluro-Devoniano e posteriormente foram confinados aos ambientes lacustres e fluviais até sua extinção no Permiano. Com 250 espécies organizadas em 21 famílias, os euripterídeos representam um clado diverso com importantes funções ecológicas e diferentes adaptações evolutivas. O registro de euripterídeos para o Paleozóico é esparso, no entanto, a maioria das ocorrências relatadas na literatura estão limitadas aos paleocontinentes Avalonia, Armorica, Baltica, Iberia e Laurentia. No Brasil não há estudos aprofundados sobre esses organismos, uma vez que os registros paleontológicos são escassos ou até mesmo inexistentes. Recentemente, após trabalhos de campo na região de Chapada dos Guimarães, um exemplar deste táxon foi encontrado em rochas da Unidade 2 (Grupo Chapada - Bacia do Paraná) de idade Praguiana-Eifeliana. Considerando a escassez de informações acerca dos euripterídeos em território brasileiro, este trabalho visa avaliar taxonomicamente o fóssil coletado. A porção ântero-dorsal está exposta, já a porção póstero-ventral encontra-se recoberta pela matriz rochosa. Assim, a reconstrução morfológica externa e a análise das estruturas foram feitas através da junção de imagens geradas por fotografia e microtomografia. O espécime em questão apresenta uma organização corporal bem delimitada, com facetas articulares bem definidas dividindo cada segmento. Seu prossoma contém uma carapaça dorsal semicircular e ornamentada com estrias concêntricas de mesma concavidade. Apenas uma porção fragmentada do apêndice VI foi observada, contendo o podômero VI-4 e uma porção distal possivelmente englobando VI-8 e VI-9. Este apêndice incompleto é não-espinífero, desprovido de um podômero modificado (7a), podendo ser do tipo Kokomopterus. O opistossoma, cuja organização corporal é do tipo indiferenciado, compreende um mesossoma com seis somitos evidentes e um metassoma com apenas 4 somitos visíveis. A diferenciação entre a porção final do metassoma com o telson não é clara. Esta estrutura apresenta uma composição do tipo wedge-shaped ou clavate. Apêndice genital do tipo “A”, constituído por apenas uma articulação proximal. Ao redor do apêndice abdominal mediano há um par de suturas transversais mal definidas, assim como as linhas divisórias das placas do opérculo dos Eurypterida. Par de tratos branquiais ovais e de pequeno calibre (Kiemenplatten) dispostos no segundo segmento abdominal. A partir das análises morfofuncionais dos fragmentos dos apêndices locomotores, é possível inferir que esse organismo tinha hábitos alimentares comumente associados à subordem Stylonurina, variando de predação por necrófagos em regiões bentônicas a alimentação por varredura de fundo. Considerando o Kiemenplatten, pode-se dizer que esse animal tinha hábitos anfíbios e era capaz de realizar excursões terrestres. Assim, a categorização desse espécime como Stylonurina, subordem Eurypterida, representa uma nova ocorrência dessa ordem para o Devoniano do Brasil.