Ensino de arte e feminismos : urdiduras entre relações de poder e resistências

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Taís Ritter
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/170316
Resumo: Esta pesquisa tem como objeto central de investigação a relação entre estudos de gênero e o ensino de artes visuais em escolas. A partir de um mergulho nas teorizações de Michel Foucault, especialmente em suas asserções quanto à dinâmica poder e resistência, bem como nas teorizações feministas de vertente pós-estruturalista (Guacira Louro, Judith Butler, Beatriz Preciado, Margareth Rago, Joan Scott), pergunta-se: como as abordagens feministas em relação às artes visuais podem alimentar práticas de resistência aos discursos hegemônicos envolvendo gênero que incidem sobre o ensino de arte? Para problematizar esta questão, a pesquisa realiza dois movimentos. O primeiro movimento consiste em um processo de contextualização em torno de alguns discursos e representações de gênero cristalizados no âmbito das artes visuais, na recente urdidura política que envolve gênero e educação e no ensino de arte. Neste sentido, lança mão de materialidades diversas: trabalhos artísticos, memes, documentários, relatos de cenas escolares, imagens e ditos variados. Estas materialidades dão a ver algumas das urgências na interface gênero e ensino de arte, mas também fazem despontar inúmeras práticas de resistência, enfrentamentos e recusas aos discursos hegemônicos. O segundo movimento, deu-se a partir de um levantamento de artigos que tratam de gênero e ensino de arte nos anais de dois eventos da área de arte e educação, o CONFAEB (Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil) e os Encontros Nacionais da ANPAP (Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas). Perante os estudos pinçados de cada um dos eventos, foram feitas interrogações e análises que conjugam as considerações teórico-metodológicas extraídas da dinâmica poder/resistência do pensamento foucaultiano e a paisagem feminista pós-estruturalista, construída no percurso da pesquisa. Com isso, foi possível constatar, de um lado, as potencialidades das práticas descritas pelos/as autores/as, as estratégias diversas que podem ser empregadas na discussão do tema e, por outro lado, algumas armadilhas e riscos oriundos de certas abordagens. Por fim, tendo no horizonte todas as movimentações e análises realizadas na pesquisa, esboçam-se algumas possíveis intervenções feministas para o ensino de arte. Sugere-se que as discussões de gênero, não se limitem à inserção de artistas mulheres, ainda que esta seja uma demanda contínua. Propõe-se que se assuma uma postura de problematização em relação às abordagens e às narrativas criadas em todas as práticas docentes, às questões de gênero trazidas pelos/as próprios/as alunos/as, aos discursos do senso comum que ecoam pela escola. São pequenas e modestas intervenções cotidianas que, comprometidas com as relações de poder em que estão imersas, podem fazer vacilar discursos discriminatórios, racistas, misóginos e excludentes presentes na escola.
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O primeiro movimento consiste em um processo de contextualização em torno de alguns discursos e representações de gênero cristalizados no âmbito das artes visuais, na recente urdidura política que envolve gênero e educação e no ensino de arte. Neste sentido, lança mão de materialidades diversas: trabalhos artísticos, memes, documentários, relatos de cenas escolares, imagens e ditos variados. Estas materialidades dão a ver algumas das urgências na interface gênero e ensino de arte, mas também fazem despontar inúmeras práticas de resistência, enfrentamentos e recusas aos discursos hegemônicos. O segundo movimento, deu-se a partir de um levantamento de artigos que tratam de gênero e ensino de arte nos anais de dois eventos da área de arte e educação, o CONFAEB (Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil) e os Encontros Nacionais da ANPAP (Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas). Perante os estudos pinçados de cada um dos eventos, foram feitas interrogações e análises que conjugam as considerações teórico-metodológicas extraídas da dinâmica poder/resistência do pensamento foucaultiano e a paisagem feminista pós-estruturalista, construída no percurso da pesquisa. Com isso, foi possível constatar, de um lado, as potencialidades das práticas descritas pelos/as autores/as, as estratégias diversas que podem ser empregadas na discussão do tema e, por outro lado, algumas armadilhas e riscos oriundos de certas abordagens. Por fim, tendo no horizonte todas as movimentações e análises realizadas na pesquisa, esboçam-se algumas possíveis intervenções feministas para o ensino de arte. Sugere-se que as discussões de gênero, não se limitem à inserção de artistas mulheres, ainda que esta seja uma demanda contínua. Propõe-se que se assuma uma postura de problematização em relação às abordagens e às narrativas criadas em todas as práticas docentes, às questões de gênero trazidas pelos/as próprios/as alunos/as, aos discursos do senso comum que ecoam pela escola. São pequenas e modestas intervenções cotidianas que, comprometidas com as relações de poder em que estão imersas, podem fazer vacilar discursos discriminatórios, racistas, misóginos e excludentes presentes na escola.This research has, as a central research object, the relationship between gender studies and the teaching of visual arts in schools. From a dip in Michel Foucault's theorizations, especially in his assertions about dynamic power and resistance, as well as in post-structuralist feminist theorizations (Guacira Louro, Judith Butler, Beatriz Preciado, Margareth Rago, Joan Scott), we ask: How feminist approaches, in relation to the visual arts, can foster practices of resistance to the hegemonic discourses that affect the teaching of art? In order to problematize this question, the research makes two movements. The first movement consists of a process of contextualization around some crystallized discourses and representations of the visual arts, the recent political warfare that involves gender and education and the teaching of art. In this sense, it makes use of diverse materialities: artistic works, memes, documentaries, reports of school scenes, images and various sayings. These materialities show some of the urgencies in the interface genre and art teaching, but also bring out innumerable practices of resistance, confrontations and refusals to hegemonic discourses. The second movement occurred from a selection of articles dealing with gender and art education in the annals of two events in the area of art and education, the CONFAEB (National Congress of the Art-Educators Federation of Brazil) and the National Meetings of ANPAP (National Association of Researchers in Arts Plastic). Given the pinched studies of each of the events, interviews and analyzes were carried out combining the theoretical-methodological considerations drawn from the power / resistance dynamics of Foucaultian thought and the post-structuralist feminist landscape, built in the course of research. With this, it was possible to observe, on the one hand, the potentialities of the practices described by the authors, the different strategies that can be used in the discussion of the subject and, on the other hand, some pitfalls and risks arising from certain approaches. Finally, considering all the movements and analyzes carried out in the research, some possible feminist interventions for the teaching of art are outlined. It is suggested that gender discussions should not be limited to the inclusion of female artists, even if this is a continuous demand. It is proposed that a problematizing posture be adopted in relation to the approaches and narratives created in all teaching practices, the gender issues brought by the students themselves, the common-sense discourses that resonate with the school. They are small, modest daily interventions that, compromised by the power relations in which they are immersed, can wipe out discriminatory, racist, misogynist, and exclusionary discourses present in the school.application/pdfporFeminismoArteArt educationGender studiesFeminismPower relationsResistance practicesEnsino de arte e feminismos : urdiduras entre relações de poder e resistênciasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoPorto Alegre, BR-RS2017mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001052237.pdf001052237.pdfTexto completoapplication/pdf3942435http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/170316/1/001052237.pdfd62a312f5edf52803a59a1a61cfa2878MD51TEXT001052237.pdf.txt001052237.pdf.txtExtracted Texttext/plain522749http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/170316/2/001052237.pdf.txt5565c7b8eb7a9bd88e7d15a10eaca780MD5210183/1703162021-05-07 04:36:04.198187oai:www.lume.ufrgs.br:10183/170316Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-05-07T07:36:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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