Efeito da coloração do sapinho-de-barriga-vermelha Melanophryniscus cambaraensis na percepção de sua impalatabilidade por predadores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vargas, Natalia Dallagnol
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/231693
Resumo: Há duas estratégias principais entre as espécies de presas para evitarem a predação: o criptismo e o aposematismo. Através do criptismo, animais previnem sua detecção por combinarem com o ambiente, e, por meio do aposematismo, as espécies de presas advertem sua falta de rentabilidade através de colorações conspícuas. Entre os anfíbios, tanto o criptismo quanto o aposematismo são bem conhecidos para várias espécies. A maioria das espécies dos sapinhos-de-barriga-vermelha Melanophryniscus apresenta cores dorsais aposemáticas, além da coloração ventral conspícua e do comportamento conhecido como reflexo “unken”. Melanophryniscus cambaraensis, contudo, possui coloração dorsal verde, que é usualmente associada à camuflagem. Como essa espécie é diurna e apresenta toxinas, mas a presença da coloração ventral vermelha associada ao reflexo “unken” não parece impedir o ataque de predadores, este estudo objetiva avaliar experimentalmente se a coloração dorsal verde de M. cambaraensis funciona como um sinal aposemático para predadores visualmente orientados. Para testar essa hipótese, foram conduzidos experimentos de predação em campo utilizando massa de modelar, representando a espécie (modelos verdes) e uma rã críptica (modelos marrons), e a predação em presas artificiais foi comparada entre as duas cores. A taxa de predação por aves foi a mesma entre os modelos verdes e marrons de massa de modelar, sugerindo que a coloração dorsal verde da espécie não funciona como um sinal aposemático, mas como uma coloração críptica. Além do que, houve significativamente mais ataques na parte anterior das réplicas, indicando que os modelos provavelmente foram interpretados como presas. Como a maioria das espécies de Melanophryniscus apresenta cores dorsais aposemáticas, a coloração de M. cambaraensis provavelmente evoluiu secundariamente. Isso possivelmente ocorreu devida à pressão seletiva imposta pela ausência de predadores visualmente orientados especializados em predar anfíbios no local de estudo, a qual conduziu a uma redução de conspicuidade do sinal aposemático. Esses resultados reforçam que o aposematismo nem sempre é a melhor estratégia para presas impalatáveis.
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