Práticas escolares : aprendizagem e normalização dos corpos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/7855 |
Resumo: | Esta Dissertação, situada no campo dos Estudos Culturais em Educação e utilizando-se do referencial teórico foucaultiano, tem como foco de análise as práticas escolares dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental com o objetivo de desnaturalizar o que parece tão corriqueiro e essencial no cotidiano de tais práticas. Com inspiração etnográfica, efetuou-se em uma escola da rede municipal de Porto Alegre, organizada a partir da proposta curricular por Ciclos de Formação, e procura problematizar o funcionamento de algumas práticas e seus efeitos no que diz respeito à normalização dos corpos posicionados como não-aprendentes, ao mesmo tempo em que analisa como essas práticas também agem sobre os demais sujeitos (professores/as e familiares) que delas participam. Ao colocar em evidência a operacionalização de tais práticas em seu cotidiano, investe na reflexão da lógica normativa e normalizadora que as constitui, enquanto instâncias produtivas e produzidas, trazendo para a discussão as relações de poder que se efetuam em seu interior e que se caracterizam por seus movimentos de resistências dos diferentes sujeitos e pela produção de múltiplos saberes que conformam o espaço escolar em um complexo normalizador e conformador de corpos escolares. O Documento Referência da Escola Cidadã é analisado e entendido como instrumento normativo que organiza, distribui e classifica tempos, espaços e corpos escolares. Ao instituir modos de ser e fazer, tal proposta curricular proporciona a efetivação de práticas destinadas à específica normalização dos corpos “desviantes” dos padrões estabelecidos. A partir do olhar sobre esta proposta curricular, e considerando a especificidade do contexto escolar pesquisado, o dossiê constitui-se como a prática escolar que compõe a escrita de todos os capítulos, articulando-se com as práticas da sala de aula e suas distribuições e reorganizações de grupos e estratégias normalizadoras que, através de cenas, estarão evidenciadas e problematizadas; do conselho de classe e suas formas de avaliação e classificação que promovem o destino escolar dos/as alunos/as; dos espaços especializados – Laboratório de Aprendizagem e Sala de Integração e Recursos – que evidenciam a prática do olhar clínico que categoriza e posiciona as respostas dadas pelos/as alunos/as como graus de normalidades e anormalidades passíveis de serem “tratados” por saberes e práticas especializadas. Compondo forças para a máxima normalização dos corpos desviantes, a família e os/as professores/as, também sujeitos aos saberes e às práticas, tornam-se normalizados e esquadrinhados, contribuindo, assim, para o funcionamento disciplinar do cotidiano escolar. Tais análises, entretanto, não intencionam promover definições e conclusões sobre as práticas escolares vivenciadas e a proposta curricular na qual estão inseridas, nem mesmo define se seus efeitos são positivos ou negativos para a aprendizagem escolar e o desenvolvimento infantil. Dessa forma, não se encontra, nessa pesquisa, propostas e soluções para as ditas “dificuldades de aprendizagem”, o olhar analítico direciona-se para a problematização das práticas escolares e de como tais práticas são produzidas pelos saberes da Pedagogia e das áreas que a compõem, ao mesmo tempo em que os modos de sua operacionalização produzem outros tantos modos de ser sujeito. |
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