Desenvolvimento e avaliação de uma intervenção comunitária de educação alimentar e nutricional em comunidades quilombolas do Rio Grande do Sul, Brasil
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/214013 |
Resumo: | Introdução: Comunidades quilombolas são núcleos populacionais de afrodescendentes que, diante da escravidão vivida no passado, constituíram formas particulares de organização social e ocuparam espaços geográficos estratégicos no Brasil, geralmente em áreas rurais com relativo grau de isolamento. Estudos apontam para uma elevada prevalência de Insegurança Alimentar e Nutricional (IAN), excesso de peso e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) nessa população. A alimentação é um dos fatores associados ao desenvolvimento dessas condições e, além de uma resposta a uma necessidade biológica, é uma prática eminentemente cultural. Sendo assim, a construção de programas de promoção da alimentação saudável deve ser pautada, além do consumo alimentar, sobre a cultura e as condições de vida das pessoas. Porém, há na literatura uma escassez de propostas de ações de promoção de saúde, mais especificamente, de estratégias de educação alimentar e nutricional (EAN) para populações tradicionais, como comunidades quilombolas. Essa é uma lacuna do conhecimento que esse trabalho se propõe a auxiliar a preencher. Objetivos: O objetivo geral foi desenvolver e avaliar uma intervenção comunitária de EAN para promoção de práticas alimentares saudáveis e da cultura alimentar em comunidades quilombolas do RS, Brasil. Nesse sentido, a presente tese propôs os três seguintes objetivos específicos: a) descrever a cultura alimentar de comunidades quilombolas da região sul do RS (artigo 1); b) descrever uma intervenção comunitária de EAN para a promoção de práticas alimentares saudáveis e da cultura alimentar, desenvolvida nessas comunidades (artigo 2); e c) avaliar a intervenção de EAN realizada, analisando mudanças no consumo alimentar, nas percepções acerca da cultura alimentar e práticas alimentares tradicionais (artigo 3). Métodos: Foram desenvolvidos três artigos com metodologias distintas, porém complementares. O artigo 1 é um estudo com abordagem qualitativa, de natureza interpretativa, envolvendo duas CQ rurais gaúchas. A coleta de dados ocorreu em 2014 por meio de Grupo Focal (GF) com mulheres jovens, adultas e idosas. Os dados foram organizados e sistematizados por meio do software NVivo, versão 11, tendo sido decodificados e agrupados em categorias de acordo com a semelhança das falas. O artigo 2 se refere à descrição da metodologia da intervenção de EAN realizada. Foram incluídas duas comunidades. As ações de EAN foram realizadas de abril a julho de 2015 e consistiram na realização de seis oficinas com abordagem pautada nos conceitos de cultura alimentar, alimentação adequada e saudável e promoção da saúde. As atividades foram planejadas a partir da produção de estratégias que pudessem ser replicadas pelos participantes aos outros moradores. Por fim, o artigo 3 se propõe a avaliar a intervenção de EAN realizada. Trata-se de um ensaio comunitário por cluster, não randomizado, com abordagem quanti-quali, amostragem por conveniência onde se incluiu todos os responsáveis pelas famílias de 4 comunidades do estado do Rio Grande do Sul (2 intervenção e 2 controle), Brasil, selecionadas pela alta prevalência de excesso de peso e insegurança alimentar. Os autodeclarados responsáveis pela família foram entrevistados antes e depois da intervenção, que consistiu em 6 oficinas de educação nutricional 10 (quinzenalmente, de abril a julho de 2015), com participação facultativa e aberta à comunidade. Características sociodemográficas foram avaliadas por meio de questionário estruturado e ingestão alimentar por um recordatório de 24h. Os desfechos foram consumo de açúcar de mesa, refrigerantes e sucos artificiais, frutas, verduras e legumes e suco de frutas natural. Os alimentos foram ainda classificados em tradicionais ou não, a partir de informações dos Grupos Focais e entrevistas semiestruturadas com os líderes comunitários. O efeito da intervenção foi avaliado por Equações de Estimações Generalizadas, com nível de significância estatística de 0.05. As análises foram por intenção de tratar. Os dados qualitativos foram coletados nas duas comunidades intervenção, por meio de Grupo Focal, sistematizados por meio do software NVivo11 e decodificados e agrupados em categorias de acordo com a semelhança das falas. Resultados: Mesmo localizadas em zonas rurais, essas comunidades não dispõem de terra suficiente para o cultivo de subsistência. Sua cultura alimentar é influenciada por condições socioeconômicas, estigma relacionado ao racismo e hábitos alimentares da região onde estão inseridas. Na fase de intervenção, participaram das oficinas pessoas de diversas faixas etárias e a participação das mulheres foi mais expressiva. Cada oficina teve objetivos específicos e diferentes dinâmicas empregadas, sempre permeadas por preparações culinárias. Foram entrevistados 178 e 156 indivíduos pré e pós-intervenção, respectivamente. O percentual do valor energético total consumido de alimentos tradicionais aumentou pós-intervenção no grupo que a recebeu, porém não significativamente (p=0.235). A proporção do consumo de verduras e legumes em relação ao número total de alimentos consumidos aumentou no grupo intervenção (GI) (p=0.037). O consumo de açúcar reduziu no GI, porém não significativamente (p=0.105). Ao final, o GI consumia significativamente menos açúcar em relação ao controle (p=0.043). A análise qualitativa demonstrou valorização e aumento do consumo de alimentos tradicionais e produzidos na comunidade, além de uma tomada de consciência sobre a composição e riscos à saúde dos alimentos industrializados. Conclusão: A intervenção promoveu melhorias na alimentação dessas comunidades. Esses resultados fornecem informações até agora inexistentes sobre os hábitos alimentares das CQ incluídas nesse estudo, além de contribuições importantes para o planejamento de ações voltadas para a promoção da alimentação saudável para essa população. Buscou-se enfatizar suas experiências, cultura e suas opiniões. Espera-se que essa intervenção comunitária de EAN possa nortear e subsidiar o planejamento e execução de iniciativas similares em outras comunidades do estado ou até mesmo do país, bem como outras populações em vulnerabilidade social. |
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Pauli, SílviaDrehmer, MicheleKnauth, Daniela Riva2020-10-08T04:01:20Z2020http://hdl.handle.net/10183/214013001118321Introdução: Comunidades quilombolas são núcleos populacionais de afrodescendentes que, diante da escravidão vivida no passado, constituíram formas particulares de organização social e ocuparam espaços geográficos estratégicos no Brasil, geralmente em áreas rurais com relativo grau de isolamento. Estudos apontam para uma elevada prevalência de Insegurança Alimentar e Nutricional (IAN), excesso de peso e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) nessa população. A alimentação é um dos fatores associados ao desenvolvimento dessas condições e, além de uma resposta a uma necessidade biológica, é uma prática eminentemente cultural. Sendo assim, a construção de programas de promoção da alimentação saudável deve ser pautada, além do consumo alimentar, sobre a cultura e as condições de vida das pessoas. Porém, há na literatura uma escassez de propostas de ações de promoção de saúde, mais especificamente, de estratégias de educação alimentar e nutricional (EAN) para populações tradicionais, como comunidades quilombolas. Essa é uma lacuna do conhecimento que esse trabalho se propõe a auxiliar a preencher. Objetivos: O objetivo geral foi desenvolver e avaliar uma intervenção comunitária de EAN para promoção de práticas alimentares saudáveis e da cultura alimentar em comunidades quilombolas do RS, Brasil. Nesse sentido, a presente tese propôs os três seguintes objetivos específicos: a) descrever a cultura alimentar de comunidades quilombolas da região sul do RS (artigo 1); b) descrever uma intervenção comunitária de EAN para a promoção de práticas alimentares saudáveis e da cultura alimentar, desenvolvida nessas comunidades (artigo 2); e c) avaliar a intervenção de EAN realizada, analisando mudanças no consumo alimentar, nas percepções acerca da cultura alimentar e práticas alimentares tradicionais (artigo 3). Métodos: Foram desenvolvidos três artigos com metodologias distintas, porém complementares. O artigo 1 é um estudo com abordagem qualitativa, de natureza interpretativa, envolvendo duas CQ rurais gaúchas. A coleta de dados ocorreu em 2014 por meio de Grupo Focal (GF) com mulheres jovens, adultas e idosas. Os dados foram organizados e sistematizados por meio do software NVivo, versão 11, tendo sido decodificados e agrupados em categorias de acordo com a semelhança das falas. O artigo 2 se refere à descrição da metodologia da intervenção de EAN realizada. Foram incluídas duas comunidades. As ações de EAN foram realizadas de abril a julho de 2015 e consistiram na realização de seis oficinas com abordagem pautada nos conceitos de cultura alimentar, alimentação adequada e saudável e promoção da saúde. As atividades foram planejadas a partir da produção de estratégias que pudessem ser replicadas pelos participantes aos outros moradores. Por fim, o artigo 3 se propõe a avaliar a intervenção de EAN realizada. Trata-se de um ensaio comunitário por cluster, não randomizado, com abordagem quanti-quali, amostragem por conveniência onde se incluiu todos os responsáveis pelas famílias de 4 comunidades do estado do Rio Grande do Sul (2 intervenção e 2 controle), Brasil, selecionadas pela alta prevalência de excesso de peso e insegurança alimentar. Os autodeclarados responsáveis pela família foram entrevistados antes e depois da intervenção, que consistiu em 6 oficinas de educação nutricional 10 (quinzenalmente, de abril a julho de 2015), com participação facultativa e aberta à comunidade. Características sociodemográficas foram avaliadas por meio de questionário estruturado e ingestão alimentar por um recordatório de 24h. Os desfechos foram consumo de açúcar de mesa, refrigerantes e sucos artificiais, frutas, verduras e legumes e suco de frutas natural. Os alimentos foram ainda classificados em tradicionais ou não, a partir de informações dos Grupos Focais e entrevistas semiestruturadas com os líderes comunitários. O efeito da intervenção foi avaliado por Equações de Estimações Generalizadas, com nível de significância estatística de 0.05. As análises foram por intenção de tratar. Os dados qualitativos foram coletados nas duas comunidades intervenção, por meio de Grupo Focal, sistematizados por meio do software NVivo11 e decodificados e agrupados em categorias de acordo com a semelhança das falas. Resultados: Mesmo localizadas em zonas rurais, essas comunidades não dispõem de terra suficiente para o cultivo de subsistência. Sua cultura alimentar é influenciada por condições socioeconômicas, estigma relacionado ao racismo e hábitos alimentares da região onde estão inseridas. Na fase de intervenção, participaram das oficinas pessoas de diversas faixas etárias e a participação das mulheres foi mais expressiva. Cada oficina teve objetivos específicos e diferentes dinâmicas empregadas, sempre permeadas por preparações culinárias. Foram entrevistados 178 e 156 indivíduos pré e pós-intervenção, respectivamente. O percentual do valor energético total consumido de alimentos tradicionais aumentou pós-intervenção no grupo que a recebeu, porém não significativamente (p=0.235). A proporção do consumo de verduras e legumes em relação ao número total de alimentos consumidos aumentou no grupo intervenção (GI) (p=0.037). O consumo de açúcar reduziu no GI, porém não significativamente (p=0.105). Ao final, o GI consumia significativamente menos açúcar em relação ao controle (p=0.043). A análise qualitativa demonstrou valorização e aumento do consumo de alimentos tradicionais e produzidos na comunidade, além de uma tomada de consciência sobre a composição e riscos à saúde dos alimentos industrializados. Conclusão: A intervenção promoveu melhorias na alimentação dessas comunidades. Esses resultados fornecem informações até agora inexistentes sobre os hábitos alimentares das CQ incluídas nesse estudo, além de contribuições importantes para o planejamento de ações voltadas para a promoção da alimentação saudável para essa população. Buscou-se enfatizar suas experiências, cultura e suas opiniões. Espera-se que essa intervenção comunitária de EAN possa nortear e subsidiar o planejamento e execução de iniciativas similares em outras comunidades do estado ou até mesmo do país, bem como outras populações em vulnerabilidade social.Introduction: Quilombola communities are population centers of Afrodescendants that, because of the slavery experienced in the past, constituted particular forms of social organization and occupied strategic geographical spaces in Brazil, usually in rural areas with a relative degree of isolation. Studies point to a high prevalence of Food and Nutritional Insecurity (NIs), overweight and chronic non-communicable diseases (NCDs) in this population. Food is one of the factors associated with the development of these conditions and, in addition to a response to a biological need, it is an eminently cultural practice. Thus, the creation of programs to promote healthy eating should be based, in addition to food consumption, on people's culture and living conditions. However, in the literature there is a scarcity of proposals for health promotion actions, more specifically, of food and nutrition education (FNE) strategies for traditional populations, such as quilombola communities. This is a gap in knowledge that this work proposes itself to help fulfilling. Goals: The main goal was to develop and evaluate a community intervention of ANS to promote healthy eating practices and food culture in quilombola communities in RS, Brazil. To do so, this thesis proposed the following three specific goals: a) to describe the food culture of quilombola communities in the southern region of RS (Article 1); b) describe a Community intervention of ANS for the promotion of healthy eating practices and food culture, developed in these communities (Article 2); and c) to evaluate the FNE intervention performed, analyzing changes in food consumption, perceptions about food culture and traditional eating practices (Article 3). Methods: Three scientific articles were developed with different but complementary methodologies. Article 1 is a study with a qualitative approach, of an interpretative nature, involving two rural CQ from the state of Rio Grande do Sul. Data collection occurred in 2014 through a Focus Group (FG) with young, adult and elderly women. The data was organized and systematized using the NVivo software, version 11, and was decoded and grouped into categories according to the similarity of the speeches. Article 2 refers to the description of the methodology of the performed ANS intervention. Two communities were included. The ANS actions were carried out from April to July 2015 and consisted of six workshops with an approach based on the concepts of food culture, adequate and healthy eating and health promotion. The activities were planned from the production of strategies that could be replicated by the participants to the other community fellows. Finally, Article 3 proposes to evaluate the ANS intervention performed. This is a non-randomized community cluster trial with a quanti-quali approach, census-like sampling, in 4 communities (2 for the intervention group and 2 control groups), in the state of Rio Grande do Sul Brazil, selected by the high prevalence of overweight and food insecurity. The self-declared responsible for the family was interviewed before and after the intervention, which consisted of 6 nutritional education workshops (fortnightly, from April to July 2015), with optional participation and open to the community. Sociodemographic characteristics were evaluated by means of a structured questionnaire and food intake by a 24-hour recall. 12 The outcomes were consumption of table sugar, soft drinks and artificial juices, fruits, vegetables and vegetables and natural fruit juice. The foods were also classified as traditional or not, based on information from the Focus Groups and semi-structured interviews with community leaders. The effect of the intervention was evaluated by Generalized Estimation Equations, with a statistical significance level of 0.05. The analyses were intended to treat. Qualitative data were collected in both intervention communities, through a Focal Group, systematized through the NVivo software11 and decoded and grouped into categories according to the similarity of their statements. Results: Despite being located in rural areas, these communities do not have enough cultivation land for subsistence. Their food culture is influenced by socioeconomic conditions, stigma related to racism and eating habits of the region where they are inserted. In the intervention phase, people of different age groups participated in the workshops and the participation of women was more expressive. Specific goals and different dynamics were employed in each workshop, always permeated by culinary preparations. A total of 178 and 156 individuals were interviewed before and after the intervention, respectively. The percentage of the total energy value consumed of traditional foods increased after intervention in the group that received it, but not significantly (p=0.235). The proportion of vegetable and vegetable consumption in relation to the total number of foods consumed increased in the intervention group (IG) (p=0.037). Sugar consumption decreased in IG, but not significantly (p=0.105). In the end, the IG consumed significantly less sugar compared to the control group (p=0.043). The qualitative analysis demonstrated appreciation and increase in the consumption of traditional and community-produced foods, as well as an awareness of the composition and health risks of industrialized foods. Conclusion: The intervention promoted improvements in the feeding of these communities. These results provide information so far that has not existed on the eating habits of QC included in this study, as well as important contributions to the planning of actions aimed at promoting healthy eating for this population. We sought to emphasize their experiences, culture and opinions. It is hoped that this community intervention of ANE can guide and subsidize the planning and execution of similar initiatives in other communities in the state or even in the country, as well as other populations under social vulnerability status.application/pdfporGrupos étnicosDietaAlimentosEducação alimentar e nutricionalRio Grande do SulDesenvolvimento e avaliação de uma intervenção comunitária de educação alimentar e nutricional em comunidades quilombolas do Rio Grande do Sul, Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em EpidemiologiaPorto Alegre, BR-RS2020doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001118321.pdf.txt001118321.pdf.txtExtracted Texttext/plain376242http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/214013/2/001118321.pdf.txt0478e503021b542121ad17719d17b5daMD52ORIGINAL001118321.pdfTexto completoapplication/pdf3789845http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/214013/1/001118321.pdf24101f81c6307bae61156b9412d4e403MD5110183/2140132023-11-25 04:26:22.817316oai:www.lume.ufrgs.br:10183/214013Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-11-25T06:26:22Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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Porém, há na literatura uma escassez de propostas de ações de promoção de saúde, mais especificamente, de estratégias de educação alimentar e nutricional (EAN) para populações tradicionais, como comunidades quilombolas. Essa é uma lacuna do conhecimento que esse trabalho se propõe a auxiliar a preencher. Objetivos: O objetivo geral foi desenvolver e avaliar uma intervenção comunitária de EAN para promoção de práticas alimentares saudáveis e da cultura alimentar em comunidades quilombolas do RS, Brasil. Nesse sentido, a presente tese propôs os três seguintes objetivos específicos: a) descrever a cultura alimentar de comunidades quilombolas da região sul do RS (artigo 1); b) descrever uma intervenção comunitária de EAN para a promoção de práticas alimentares saudáveis e da cultura alimentar, desenvolvida nessas comunidades (artigo 2); e c) avaliar a intervenção de EAN realizada, analisando mudanças no consumo alimentar, nas percepções acerca da cultura alimentar e práticas alimentares tradicionais (artigo 3). Métodos: Foram desenvolvidos três artigos com metodologias distintas, porém complementares. O artigo 1 é um estudo com abordagem qualitativa, de natureza interpretativa, envolvendo duas CQ rurais gaúchas. A coleta de dados ocorreu em 2014 por meio de Grupo Focal (GF) com mulheres jovens, adultas e idosas. Os dados foram organizados e sistematizados por meio do software NVivo, versão 11, tendo sido decodificados e agrupados em categorias de acordo com a semelhança das falas. O artigo 2 se refere à descrição da metodologia da intervenção de EAN realizada. Foram incluídas duas comunidades. As ações de EAN foram realizadas de abril a julho de 2015 e consistiram na realização de seis oficinas com abordagem pautada nos conceitos de cultura alimentar, alimentação adequada e saudável e promoção da saúde. As atividades foram planejadas a partir da produção de estratégias que pudessem ser replicadas pelos participantes aos outros moradores. Por fim, o artigo 3 se propõe a avaliar a intervenção de EAN realizada. Trata-se de um ensaio comunitário por cluster, não randomizado, com abordagem quanti-quali, amostragem por conveniência onde se incluiu todos os responsáveis pelas famílias de 4 comunidades do estado do Rio Grande do Sul (2 intervenção e 2 controle), Brasil, selecionadas pela alta prevalência de excesso de peso e insegurança alimentar. Os autodeclarados responsáveis pela família foram entrevistados antes e depois da intervenção, que consistiu em 6 oficinas de educação nutricional 10 (quinzenalmente, de abril a julho de 2015), com participação facultativa e aberta à comunidade. Características sociodemográficas foram avaliadas por meio de questionário estruturado e ingestão alimentar por um recordatório de 24h. Os desfechos foram consumo de açúcar de mesa, refrigerantes e sucos artificiais, frutas, verduras e legumes e suco de frutas natural. Os alimentos foram ainda classificados em tradicionais ou não, a partir de informações dos Grupos Focais e entrevistas semiestruturadas com os líderes comunitários. O efeito da intervenção foi avaliado por Equações de Estimações Generalizadas, com nível de significância estatística de 0.05. As análises foram por intenção de tratar. Os dados qualitativos foram coletados nas duas comunidades intervenção, por meio de Grupo Focal, sistematizados por meio do software NVivo11 e decodificados e agrupados em categorias de acordo com a semelhança das falas. Resultados: Mesmo localizadas em zonas rurais, essas comunidades não dispõem de terra suficiente para o cultivo de subsistência. Sua cultura alimentar é influenciada por condições socioeconômicas, estigma relacionado ao racismo e hábitos alimentares da região onde estão inseridas. Na fase de intervenção, participaram das oficinas pessoas de diversas faixas etárias e a participação das mulheres foi mais expressiva. Cada oficina teve objetivos específicos e diferentes dinâmicas empregadas, sempre permeadas por preparações culinárias. Foram entrevistados 178 e 156 indivíduos pré e pós-intervenção, respectivamente. O percentual do valor energético total consumido de alimentos tradicionais aumentou pós-intervenção no grupo que a recebeu, porém não significativamente (p=0.235). A proporção do consumo de verduras e legumes em relação ao número total de alimentos consumidos aumentou no grupo intervenção (GI) (p=0.037). O consumo de açúcar reduziu no GI, porém não significativamente (p=0.105). Ao final, o GI consumia significativamente menos açúcar em relação ao controle (p=0.043). A análise qualitativa demonstrou valorização e aumento do consumo de alimentos tradicionais e produzidos na comunidade, além de uma tomada de consciência sobre a composição e riscos à saúde dos alimentos industrializados. Conclusão: A intervenção promoveu melhorias na alimentação dessas comunidades. 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