“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/229978 |
Resumo: | A presente pesquisa é um estudo exploratório que surgiu com o propósito de investigar as vivências de prazer e sofrimento apresentadas por profissionais de transporte de valores que atuam no setor de vigilância privada no estado do Rio Grande do Sul (RS). O interesse pela pesquisa desenvolvida e a escolha por esta categoria de profissionais em específico se deu pelo reconhecimento desse público de trabalhadores como um campo que merece ser explorado cientificamente, já que as publicações sobre prazer e sofrimento desses profissionais se demonstram relativamente escassas. Entretanto, a categoria ganha notoriedade quando é noticiada pela mídia em decorrência dos atos de violência sofridos pelos trabalhadores em assaltos a carros-fortes, evidenciando os inúmeros riscos que esses profissionais enfrentam dentro dessa atividade laboral. Para lidar com os riscos e a sobrecarga de trabalho, os trabalhadores irão se apoiar em estratégias defensivas e de resistência, criadas para permanência na organização de trabalho. Desse modo, este estudo de natureza qualitativa teve como objetivo compreender a dinâmica prazer-sofrimento no trabalho de profissionais de transporte de valores, bem como entender os impactos da organização de trabalho na saúde destes trabalhadores e o uso de estratégias defensivas e de resistência para lidar com o sofrimento. Com base nestes aspectos apresentados, a pesquisa foi construída através dos pressupostos teóricos e metodológicos da Psicodinâmica do Trabalho stricto sensu, a partir de uma adaptação, sendo composta pela pré-pesquisa, pela pesquisa propriamente dita e pela validação e refutação dos resultados. Os instrumentos utilizados para o levantamento das informações foram entrevistas semi-estruturadas individuais e coletivas, buscando-se encontrar na fala dos profissionais de transporte de valores aspectos semelhantes, atendo-se às demandas do coletivo. A pesquisa foi composta por 11 entrevistas, sendo 10 entrevistas individuais e 1 entrevista coletiva, totalizando a participação de 17 homens profissionais de transporte de valores. A Psicodinâmica do Trabalho também fundamentou a interpretação e análise desse material, buscando-se entender quais recursos de mediação do sofrimento o trabalhador cria para suportar a carga psíquica no trabalho, e identificando os possíveis riscos à sua saúde mental. A partir dos resultados apreendidos durante as entrevistas, foi possível analisar os atravessamentos da organização de trabalho na produção de prazer-sofrimento no trabalho em transporte de valores. Além disso, comprovou-se que a falta de visibilidade e investimentos atribuídos à saúde dos trabalhadores levará à busca por estratégias defensivas e de resistência para lidar com as adversidades do trabalho. No entanto, essas estratégias, quando enfraquecidas, não conseguirão impedir os impactos advindos da organização do trabalho, que irão interferir na vida e na saúde desses profissionais. |
id |
URGS_107875988317d4a6102279b79675d7d9 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/229978 |
network_acronym_str |
URGS |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
repository_id_str |
1853 |
spelling |
Nunes, Caroline MariaMerlo, Alvaro Roberto Crespo2021-09-22T04:23:25Z2020http://hdl.handle.net/10183/229978001124179A presente pesquisa é um estudo exploratório que surgiu com o propósito de investigar as vivências de prazer e sofrimento apresentadas por profissionais de transporte de valores que atuam no setor de vigilância privada no estado do Rio Grande do Sul (RS). O interesse pela pesquisa desenvolvida e a escolha por esta categoria de profissionais em específico se deu pelo reconhecimento desse público de trabalhadores como um campo que merece ser explorado cientificamente, já que as publicações sobre prazer e sofrimento desses profissionais se demonstram relativamente escassas. Entretanto, a categoria ganha notoriedade quando é noticiada pela mídia em decorrência dos atos de violência sofridos pelos trabalhadores em assaltos a carros-fortes, evidenciando os inúmeros riscos que esses profissionais enfrentam dentro dessa atividade laboral. Para lidar com os riscos e a sobrecarga de trabalho, os trabalhadores irão se apoiar em estratégias defensivas e de resistência, criadas para permanência na organização de trabalho. Desse modo, este estudo de natureza qualitativa teve como objetivo compreender a dinâmica prazer-sofrimento no trabalho de profissionais de transporte de valores, bem como entender os impactos da organização de trabalho na saúde destes trabalhadores e o uso de estratégias defensivas e de resistência para lidar com o sofrimento. Com base nestes aspectos apresentados, a pesquisa foi construída através dos pressupostos teóricos e metodológicos da Psicodinâmica do Trabalho stricto sensu, a partir de uma adaptação, sendo composta pela pré-pesquisa, pela pesquisa propriamente dita e pela validação e refutação dos resultados. Os instrumentos utilizados para o levantamento das informações foram entrevistas semi-estruturadas individuais e coletivas, buscando-se encontrar na fala dos profissionais de transporte de valores aspectos semelhantes, atendo-se às demandas do coletivo. A pesquisa foi composta por 11 entrevistas, sendo 10 entrevistas individuais e 1 entrevista coletiva, totalizando a participação de 17 homens profissionais de transporte de valores. A Psicodinâmica do Trabalho também fundamentou a interpretação e análise desse material, buscando-se entender quais recursos de mediação do sofrimento o trabalhador cria para suportar a carga psíquica no trabalho, e identificando os possíveis riscos à sua saúde mental. A partir dos resultados apreendidos durante as entrevistas, foi possível analisar os atravessamentos da organização de trabalho na produção de prazer-sofrimento no trabalho em transporte de valores. Além disso, comprovou-se que a falta de visibilidade e investimentos atribuídos à saúde dos trabalhadores levará à busca por estratégias defensivas e de resistência para lidar com as adversidades do trabalho. No entanto, essas estratégias, quando enfraquecidas, não conseguirão impedir os impactos advindos da organização do trabalho, que irão interferir na vida e na saúde desses profissionais.This research is an exploratory study that emerged to investigate experiences of pleasure and suffering presented by professionals of cash/valuables-in-transit that work in the private surveillance sector in the state of Rio Grande do Sul (RS) - Brazil. The interest regarding this professional category was due to the necessity of further studying the field. It is relevant to mention that publication about the pleasure and suffering of these professionals is relatively scarce. However, cash/valuables-in-transit security guards gain notoriety when reported by the media, usually as a result of the acts of violence suffered by workers in robberies of cash-in transit cars. This fact highlights the numerous risks that these professionals face within this activity. To deal with risks and work overload, workers will rely on defensive and resistance strategies, created to continue in the work organization. Thus, this qualitative study aimed to understand the pleasure-suffering dynamics in the work of professionals in the cash/valuables in-transit industry. It also sought to understand the impacts of the work organization on the health of workers, and the use of defensive and resistance strategies to deal with suffering. Considering these aspects, the research drew on theoretical and methodological concepts of strictu sensu Psychodynamics of Work. The adaption of this theory consisted of pre-research, research itself, and the validation and refutation of results. The instruments used to collect data were individual and collective semi-structured interviews, aiming to find similar aspects in the speech of cash-in-transit professionals, and meeting the demands of the collective. The search consisted of 11 interviews, of which 10 were individual interviews and 1 collective interview, totaling the participation of 17 men professionals. Psychodynamics of Work and Organizations also supported the interpretation and analysis of this material. The approach considered the means of the mediation of suffering the workers create to support the psychological burden at work, in addition to identifying the possible risks to their mental health. From the results apprehended during the interviews, it was possible to analyze the crossings of the work organization in the production of pleasure-suffering at work in cash/valuables-in-transit. This research also proved that the lack of visibility and investments attributed to workers' health lead to the search for defensive and resistance strategies to deal with the adversities of work. However, these strategies, when weakened, will not be able to prevent the impacts that arise from the work environment, which will interfere in the lives and health of these professionals.application/pdfporSaúde do trabalhadorSaúde mentalSofrimentoRiscoSetor privadoSegurançaSatisfação no trabalhoServiços terceirizadosResistênciaCash/valuables-in-transit professionalsPleasure and suffering at workPsychodynamics of workMental health and workWorkers’ health“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valoresinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Social e InstitucionalPorto Alegre, BR-RS2020mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001124179.pdf.txt001124179.pdf.txtExtracted Texttext/plain499037http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/229978/2/001124179.pdf.txt624bf1c785c41954056a8c0882ea5914MD52ORIGINAL001124179.pdfTexto completoapplication/pdf1468276http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/229978/1/001124179.pdfe97365772f857d3c342d3b0869b5ad7bMD5110183/2299782021-10-04 04:21:59.976581oai:www.lume.ufrgs.br:10183/229978Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-10-04T07:21:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores |
title |
“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores |
spellingShingle |
“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores Nunes, Caroline Maria Saúde do trabalhador Saúde mental Sofrimento Risco Setor privado Segurança Satisfação no trabalho Serviços terceirizados Resistência Cash/valuables-in-transit professionals Pleasure and suffering at work Psychodynamics of work Mental health and work Workers’ health |
title_short |
“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores |
title_full |
“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores |
title_fullStr |
“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores |
title_full_unstemmed |
“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores |
title_sort |
“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores |
author |
Nunes, Caroline Maria |
author_facet |
Nunes, Caroline Maria |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Nunes, Caroline Maria |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Merlo, Alvaro Roberto Crespo |
contributor_str_mv |
Merlo, Alvaro Roberto Crespo |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Saúde do trabalhador Saúde mental Sofrimento Risco Setor privado Segurança Satisfação no trabalho Serviços terceirizados Resistência |
topic |
Saúde do trabalhador Saúde mental Sofrimento Risco Setor privado Segurança Satisfação no trabalho Serviços terceirizados Resistência Cash/valuables-in-transit professionals Pleasure and suffering at work Psychodynamics of work Mental health and work Workers’ health |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Cash/valuables-in-transit professionals Pleasure and suffering at work Psychodynamics of work Mental health and work Workers’ health |
description |
A presente pesquisa é um estudo exploratório que surgiu com o propósito de investigar as vivências de prazer e sofrimento apresentadas por profissionais de transporte de valores que atuam no setor de vigilância privada no estado do Rio Grande do Sul (RS). O interesse pela pesquisa desenvolvida e a escolha por esta categoria de profissionais em específico se deu pelo reconhecimento desse público de trabalhadores como um campo que merece ser explorado cientificamente, já que as publicações sobre prazer e sofrimento desses profissionais se demonstram relativamente escassas. Entretanto, a categoria ganha notoriedade quando é noticiada pela mídia em decorrência dos atos de violência sofridos pelos trabalhadores em assaltos a carros-fortes, evidenciando os inúmeros riscos que esses profissionais enfrentam dentro dessa atividade laboral. Para lidar com os riscos e a sobrecarga de trabalho, os trabalhadores irão se apoiar em estratégias defensivas e de resistência, criadas para permanência na organização de trabalho. Desse modo, este estudo de natureza qualitativa teve como objetivo compreender a dinâmica prazer-sofrimento no trabalho de profissionais de transporte de valores, bem como entender os impactos da organização de trabalho na saúde destes trabalhadores e o uso de estratégias defensivas e de resistência para lidar com o sofrimento. Com base nestes aspectos apresentados, a pesquisa foi construída através dos pressupostos teóricos e metodológicos da Psicodinâmica do Trabalho stricto sensu, a partir de uma adaptação, sendo composta pela pré-pesquisa, pela pesquisa propriamente dita e pela validação e refutação dos resultados. Os instrumentos utilizados para o levantamento das informações foram entrevistas semi-estruturadas individuais e coletivas, buscando-se encontrar na fala dos profissionais de transporte de valores aspectos semelhantes, atendo-se às demandas do coletivo. A pesquisa foi composta por 11 entrevistas, sendo 10 entrevistas individuais e 1 entrevista coletiva, totalizando a participação de 17 homens profissionais de transporte de valores. A Psicodinâmica do Trabalho também fundamentou a interpretação e análise desse material, buscando-se entender quais recursos de mediação do sofrimento o trabalhador cria para suportar a carga psíquica no trabalho, e identificando os possíveis riscos à sua saúde mental. A partir dos resultados apreendidos durante as entrevistas, foi possível analisar os atravessamentos da organização de trabalho na produção de prazer-sofrimento no trabalho em transporte de valores. Além disso, comprovou-se que a falta de visibilidade e investimentos atribuídos à saúde dos trabalhadores levará à busca por estratégias defensivas e de resistência para lidar com as adversidades do trabalho. No entanto, essas estratégias, quando enfraquecidas, não conseguirão impedir os impactos advindos da organização do trabalho, que irão interferir na vida e na saúde desses profissionais. |
publishDate |
2020 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2020 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2021-09-22T04:23:25Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/229978 |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
001124179 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/229978 |
identifier_str_mv |
001124179 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/229978/2/001124179.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/229978/1/001124179.pdf |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
624bf1c785c41954056a8c0882ea5914 e97365772f857d3c342d3b0869b5ad7b |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br |
_version_ |
1810085564408397824 |