Aspectos morfofonológicos do truncamento no português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Heineck, Débora
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/188283
Resumo: O truncamento é um processo não concatenativo de formação de palavras que, diferentemente dos processos de prefixação e sufixação, não se estrutura a partir da adjunção de afixos, mas sim a partir da supressão de segmentos da palavra-matriz. Essa supressão de segmentos que ocorre no truncamento não é, necessariamente, uma supressão de afixos. Por esse motivo, o truncamento não se enquadra em análises formais de processos lineares de formação de palavras e foi considerado por alguns autores como um processo assistemático e idiossincrático. Entretanto, autores como Gonçalves (2004), Araújo (2002), Vilela, Godoy e Silva (2006), Scher (2011, 2016) e Belchor (2009, 2014) propõem análises sistemáticas do truncamento que atestam a regularidade do processo. Grande parte dos autores acreditam que o truncamento é um processo morfoprosódico e, portanto, para buscar sua regularidade é necessário realizar uma análise que integre primitivos morfológicos e primitivos prosódicos, como pé, acento e sílaba. A grande maioria dos trabalhos nessa perspectiva se baseia em teorias que aliam morfologia e fonologia, como a Morfologia Prosódica e a Teoria da Otimidade (e suas subteorias, como, por exemplo, a Teoria da Correspondência). Há ainda análises como a de Scher (2011, 2016) sob a perspectiva da Morfologia Distribuída, que propõe que o truncamento possa ser um processo morfológico, no qual a forma truncada é resultado da derivação de uma raiz. Neste trabalho, realizou-se uma revisão da literatura sobre o processo do truncamento no português brasileiro e, a partir dos trabalhos lidos, levantaram-se dados de truncamento. Esses dados foram organizados em um corpus de acordo com critérios fonológicos e morfológicos tanto da base (palavra-matriz) quanto do produto (forma truncada) do processo. Os dados do corpus serviram de base para a elaboração de um experimento. O experimento consistia em um questionário social e em três exercícios. Nos exercícios, os participantes eram solicitados a produzir truncamentos a partir de algumas palavras do português, identificar as palavras-base de uma lista de formas truncadas e, por fim, propor formas diminutivas para truncamentos. Pretendíamos, com o experimento, identificar possíveis padrões no processo do truncamento, bem como analisar o papel de elementos morfológicos e prosódicos no processo. Como objetivo mais geral, esse trabalho se propõe a investigar e descrever o processo do truncamento, bem como compreender o seu funcionamento e as condições implicadas na sua ocorrência. No âmbito mais restrito, propõe-se a investigar o papel do acento e do número de sílabas da palavra-base na formação dos truncamentos; analisar o comportamento de truncamentos formados a partir de bases compostas e com dois acentos fonológicos; e, por fim, investigar o status da vogal final do truncamento, verificando se ela se aproxima mais de uma vogal temática, de um morfema de gênero ou de um sufixo derivacional. A partir dos resultados do experimento, verificamos que, de um modo geral, os falantes reconhecem as formas truncadas e fazem uso de padrões descritos na literatura para produzir truncamentos a partir de palavras do português. A maior parte dos truncamentos produzidos eram dissílabos, paroxítonos e eram formados a partir das duas primeiras sílabas das palavras. A nossa hipótese de que, nos casos de palavras com prefixos autoacentuados ou compostas por duas raízes eruditas, o truncamento seria formado pelo prefixo ou pela raiz mais à direita da palavra também se confirmou. Verificamos que, de um modo geral, há correspondência da vogal final dos diminutivos com o gênero da palavra, o que parece ser uma evidência de que a relação das formas truncadas testadas com suas palavras-base ainda é transparente para os falantes. Em casos como fotinho e motinho, por outro lado, parece que a base não é mais tão transparente aos falantes, que já reconhecem foto e moto como palavras da língua e, portanto, como palavras femininas terminadas em o, que são muito pouco frequentes na língua. Sendo esse um estudo descritivo do truncamento, reconhecemos que tem limitações. Para aprimorá-lo, seria necessária a coleta de mais dados de truncamento em diferentes fontes. Poderia ser interessante, ainda, realizar entrevistas presenciais e gravadas, de modo a poder investigar com maior precisão o papel do acento no truncamento. Além disso, investigar o papel da frequência lexical no processo do truncamento poderia ser bastante explicativo sobre o funcionamento do processo. Por fim, tendo feita a análise descritiva a que se propôs esse trabalho, abre-se caminho para sua interpretação na esfera explicativa, considerando perspectivas teóricas capazes de dar conta do enquadramento do processo na gramática.
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Grande parte dos autores acreditam que o truncamento é um processo morfoprosódico e, portanto, para buscar sua regularidade é necessário realizar uma análise que integre primitivos morfológicos e primitivos prosódicos, como pé, acento e sílaba. A grande maioria dos trabalhos nessa perspectiva se baseia em teorias que aliam morfologia e fonologia, como a Morfologia Prosódica e a Teoria da Otimidade (e suas subteorias, como, por exemplo, a Teoria da Correspondência). Há ainda análises como a de Scher (2011, 2016) sob a perspectiva da Morfologia Distribuída, que propõe que o truncamento possa ser um processo morfológico, no qual a forma truncada é resultado da derivação de uma raiz. Neste trabalho, realizou-se uma revisão da literatura sobre o processo do truncamento no português brasileiro e, a partir dos trabalhos lidos, levantaram-se dados de truncamento. Esses dados foram organizados em um corpus de acordo com critérios fonológicos e morfológicos tanto da base (palavra-matriz) quanto do produto (forma truncada) do processo. Os dados do corpus serviram de base para a elaboração de um experimento. O experimento consistia em um questionário social e em três exercícios. Nos exercícios, os participantes eram solicitados a produzir truncamentos a partir de algumas palavras do português, identificar as palavras-base de uma lista de formas truncadas e, por fim, propor formas diminutivas para truncamentos. Pretendíamos, com o experimento, identificar possíveis padrões no processo do truncamento, bem como analisar o papel de elementos morfológicos e prosódicos no processo. Como objetivo mais geral, esse trabalho se propõe a investigar e descrever o processo do truncamento, bem como compreender o seu funcionamento e as condições implicadas na sua ocorrência. No âmbito mais restrito, propõe-se a investigar o papel do acento e do número de sílabas da palavra-base na formação dos truncamentos; analisar o comportamento de truncamentos formados a partir de bases compostas e com dois acentos fonológicos; e, por fim, investigar o status da vogal final do truncamento, verificando se ela se aproxima mais de uma vogal temática, de um morfema de gênero ou de um sufixo derivacional. A partir dos resultados do experimento, verificamos que, de um modo geral, os falantes reconhecem as formas truncadas e fazem uso de padrões descritos na literatura para produzir truncamentos a partir de palavras do português. A maior parte dos truncamentos produzidos eram dissílabos, paroxítonos e eram formados a partir das duas primeiras sílabas das palavras. A nossa hipótese de que, nos casos de palavras com prefixos autoacentuados ou compostas por duas raízes eruditas, o truncamento seria formado pelo prefixo ou pela raiz mais à direita da palavra também se confirmou. Verificamos que, de um modo geral, há correspondência da vogal final dos diminutivos com o gênero da palavra, o que parece ser uma evidência de que a relação das formas truncadas testadas com suas palavras-base ainda é transparente para os falantes. Em casos como fotinho e motinho, por outro lado, parece que a base não é mais tão transparente aos falantes, que já reconhecem foto e moto como palavras da língua e, portanto, como palavras femininas terminadas em o, que são muito pouco frequentes na língua. Sendo esse um estudo descritivo do truncamento, reconhecemos que tem limitações. Para aprimorá-lo, seria necessária a coleta de mais dados de truncamento em diferentes fontes. Poderia ser interessante, ainda, realizar entrevistas presenciais e gravadas, de modo a poder investigar com maior precisão o papel do acento no truncamento. Além disso, investigar o papel da frequência lexical no processo do truncamento poderia ser bastante explicativo sobre o funcionamento do processo. Por fim, tendo feita a análise descritiva a que se propôs esse trabalho, abre-se caminho para sua interpretação na esfera explicativa, considerando perspectivas teóricas capazes de dar conta do enquadramento do processo na gramática.Truncation is a non-concatenative word-formation process that, differently from prefixation and suffixation, is not structured by affix adjunction but by deletion of segments from the base. This deletion of segments on truncation process is not, necessarily, a deletion of affixes. Because of that, truncation does not fit in formal analyses of linear word-formation processes and it was considered by some authors as an unsystematic and idiosyncratic process. However, authors such as Gonçalves (2004), Araújo (2002), Vilela, Godoy e Silva (2006), Scher (2011, 2016) and Belchor (2009, 2014) propose systematic analyses of truncation that attest the regularity of the process. Most authors believe that truncation is a morphoprosodic process e, therefore, to seek its regularity it is necessary to make an analysis that integrates morphological and prosodic primitives, such as foot, stress and syllable. Most studies on this perspective are based on theories that combine morphology and phonology, such as Prosodic Morphology and Optimality Theory (and its subtheories, such as Correspondence Theory). On the other hand, Scher (2011, 2016) makes an analysis from the Distributed Morphology perspective and suggests that truncation might be a morphological process, in which the truncated form is a result of a root derivation. In this study, we made a literature review of the truncation process in Brazilian Portuguese e, from the studies we read, truncation data were collected. These data were organized in a corpus according to phonological and morphological criteria from both the base (base-word) and the product of the process (truncated form). The corpus data were used as the basis for the elaboration of an experiment. The experiment consisted of a social questionnaire and three exercises. In the exercises, the participants must produce truncations of words from Portuguese, identify the base of truncated forms and, finally, suggest diminutive forms to truncated words. We intend, with the experiment, to identify possible patterns on truncation process, as well as to investigate the role of morphological and prosodic elements in the process. As a general objective, this study aims to investigate and to describe truncation process, as well as to understand its operation and the conditions involved in its occurrence. In a more restricted scope, the study aims to investigate the role of word stress and of the number of syllables of the base-word in formation of truncated words; to analyze the behavior of truncated words formed from composed bases and bases with two phonological words; and, finally, to investigate the status of final vowel of truncated words, verifying whether it is more similar to a thematic vowel, a gender morpheme or a derivational suffix. From the experiment results, we attest that, in general, speakers recognize truncated forms and they use patterns that were described in literature to produce truncated forms from Portuguese words. The majority of truncated words produced in the experiment were dissyllabic, paroxytone and were formed from the two first syllables of the word. Our hypothesis that, in cases of words with autostressed suffixes or composed by two erudite roots, the truncated word would be formed by the prefix or the rightmost root was confirmed. We attest that, in general, there is correspondence between the final vowel of truncated words and the word gender, which seems to be an evidence that the relation between the truncated forms and its base-words is still transparent to the speakers. On the other hand, in cases like fotinho and motinho, it seems that the base is no longer transparent to the speakers, who recognize foto and moto as Portuguese words e, therefore, as feminine words that end in o, which are infrequent in the language. Being this a descriptive study of truncation, we recognize its limitations. To enhance it, collecting more truncation data in different sources would be necessary. It could also be interesting conducting face-to-face and recorded interviews, in order to do a more accurate investigation of the role of stress in the truncation process. Furthermore, investigating the role of lexical frequency in truncation process could be quite explanatory about the operation of the process. Finally, the descriptive analysis proposed by this study opens the way to an interpretation in the explanatory sphere, considering theoretical perspectives capable of framing the process in grammar.application/pdfporMorfofonologiaLíngua portuguesa (Brasil)Flexão (Língua portuguesa)VogalFormação de palavrasLinguagem e línguasTruncationMorphophonologyWord-formation in PortugueseNon-concatenative processesAspectos morfofonológicos do truncamento no português brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2018mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001082932.pdf.txt001082932.pdf.txtExtracted Texttext/plain233535http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/188283/2/001082932.pdf.txt94dda98acab930eb6480ff6b89fb59e2MD52ORIGINAL001082932.pdfTexto completoapplication/pdf1095306http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/188283/1/001082932.pdf3364a2dfdf0e483fe6f2230e948a19deMD5110183/1882832019-03-09 02:35:51.090211oai:www.lume.ufrgs.br:10183/188283Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-03-09T05:35:51Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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