Sintomas persistentes e insegurança alimentar e nutricional no pós-covid-19 crítico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Schröeder, Natália
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/258794
Resumo: Parcela considerável da população tem apresentado manifestações de saúde que duram semanas até meses após a fase aguda da COVID-19, conhecidas como sintomas persistentes ou Covid longa. Concomitante a isso, a perda do emprego e renda e o agravamento da situação de insegurança alimentar e nutricional no Brasil e no mundo, são determinantes sociais da saúde que devem ser investigados. O objetivo foi estudar a relação entre sintomas persistentes e a insegurança alimentar e nutricional no pós-COVID-19 crítico. Trata-se de um estudo observacional, analítico, com uma amostra de 248 adultos que estiveram internados no Centro de Terapia Intensiva (CTI) COVID-19 de um hospital público de referência localizado no sul do Brasil entre 01/01/2021 e 31/12/2021. Sintomas persistentes e situação alimentar e nutricional foram investigados de forma remota, por meio de ligação telefônica, 3 meses após a alta hospitalar. A insegurança alimentar e nutricional foi medida pela EBIA (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar). Regressão de Poisson foi utilizada para estimar as razões de prevalência e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). A prevalência de sintomas persistentes na amostra foi de 73.4% e de insegurança alimentar e nutricional 50.0%. Os sintomas persistentes foram mais frequentes entre indivíduos do sexo feminino, que estavam afastados do trabalho pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no momento da entrevista e em situação de insegurança alimentar e nutricional (IAN). Os sintomas persistentes mais referidos pelos participantes foram cansaço (57%), queda de cabelo (21%), falta de ar (18.5%), dor no corpo/dor nas articulações (17.7%), perda de olfato e/ou paladar (11.3%), perda de mobilidade e/ou limitações funcionais (8.9%) e problemas de memória (8.5%). A insegurança alimentar e nutricional foi mais frequente entre mulheres, no grupo com menor grau de escolaridade, menor renda mensal per capita, desempregados e que receberam o auxílio financeiro do governo durante a pandemia. Verificou-se uma associação significativa entre perda de mobilidade/limitações funcionais e insegurança alimentar e nutricional no pós- COVID-19 crítico (RP = 4.46; IC95%:1.50-13.30). Este estudo revelou alta prevalência de sintomas persistentes e de insegurança alimentar e nutricional entre indivíduos no pós-COVID-19 crítico. A insegurança alimentar e nutricional mostrou-se um importante fator associado à perda de mobilidade/limitações funcionais nestes indivíduos, o que caracteriza uma sindemia. Neste contexto, ações e políticas públicas intersetoriais em alimentação, nutrição e saúde devem ser formuladas e implementadas para atender às demandas dessa população.
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