O ensino de Geografia no contexto das escolas de fronteira: transpassar os limites curriculares
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/214642 |
Resumo: | Esta tese se situa no campo do ensino de Geografia e dos estudos fronteiriços, compreendendo como cenário de pesquisa as cidades-gêmeas de Santana do Livramento, no Brasil, e Rivera, no Uruguai. O trabalho parte do pressuposto de que a fronteira é diferente dos demais territórios que constituem os Estados nacionais, parecendo haver uma densidade maior de particularidades que se refletem em muitas outras geografias. Defende a necessidade de propostas para a construção de um currículo diversificado, integrativo, ligado à vida, que contemple o lugar e as suas especificidades, concebido a partir das infinitas relações que mantém com o mundo globalizado. Com essa leitura, o estudo procura responder quais sentidos os currículos pensados para a Geografia devem atribuir à fronteira para dar conta desse espaço e de suas singularidades. Para tanto, o trabalho está ancorado na Epistemologia da Complexidade, através de fundamentos da pesquisa qualitativa. O movimento investigativo toma como ponto de partida os estudos fronteiriços, passando ao exame das origens que marcam a formação daquelas cidades e da área que em torno delas se constituiu. Evidencia a fronteira como conceito geográfico, implicada nas dinâmicas de um meio técnico-científico-informacional, e, dialogicamente, como espaço vivido, carregado de subjetividades e laços socioespaciais. Examina a proposição dos currículos no Brasil e no Uruguai, sob as perspectivas política e pedagógica, para, então, discutir o ensino de Geografia. Nesse sentido, relaciona os conceitos estruturantes da Geografia às competências e habilidades que se utilizam desses conceitos para articular a aplicabilidade do conhecimento. Em congruência com a teoria, o corpus empírico advém da análise de documentos e de diálogos empreendidos com alunos e professores da Educação Básica, habitantes de Rivera e de Santana do Livramento. Das narrativas dos estudantes emergem geografias imaginárias, pautadas em suas experiências, repletas de saberes locais. Nesses saberes, revelam a dimensão instrumental do limite político que se converte, em si mesmo, numa estratégia de vivência cotidiana, incorporando uma dimensão cultural e simbólica que estabelece um lugar marcado por sua condição fronteiriça, formado pela soma indissolúvel de sistemas de objetos e sistemas de ações. Desse modo, às especificidades da vida local correspondem habilidades por eles construídas em diversos campos, que permitem que esses sujeitos, em suas práticas espaciais, se comuniquem, se relacionem, estudem, consumam e convivam com as diferenças impostas pelas respectivas esferas político-administrativas. Mediante essas territorialidades, que transgridem a linha divisória, a fronteira é interpretada por esses estudantes como uma totalidade, como um lugar social vivido e redimensionado em seus aspectos simbólicos e imaginários, representado por interações baseadas na cidadania, na (bi)nacionalidade, no trânsito diário e nas necessidades da comunidade local. Entretanto, os depoimentos dos professores indicam que a geografia da vida cotidiana parece estar ausente da Geografia escolar, principalmente nas instituições situadas do lado brasileiro. Nestas, encontra-se currículos homogeneizados, baseados em conteúdos reproduzidos dos livros didáticos, insinuando não haver espaço para projetos e atividades que contemplem as questões locais. Em contrapartida, observa-se que a Geografia empregada nas escolas de Rivera tende a ser mais qualificada, didática e epistemologicamente, quando comparada a de Santana do Livramento. Diante dessa realidade, a pesquisa propõe caminhos para outros currículos, pensados sob o viés das espacialidades, demandando uma prática escolar geográfica que estimule o respeito ao diverso e contribua para uma aprendizagem mais significativa, permitindo aos alunos uma leitura do mundo a partir do lugar que (re)constroem |
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Klausberger, Marcos IrineuCastrogiovanni, Antônio Carlos2020-11-05T04:06:59Z2020http://hdl.handle.net/10183/214642001119216Esta tese se situa no campo do ensino de Geografia e dos estudos fronteiriços, compreendendo como cenário de pesquisa as cidades-gêmeas de Santana do Livramento, no Brasil, e Rivera, no Uruguai. O trabalho parte do pressuposto de que a fronteira é diferente dos demais territórios que constituem os Estados nacionais, parecendo haver uma densidade maior de particularidades que se refletem em muitas outras geografias. Defende a necessidade de propostas para a construção de um currículo diversificado, integrativo, ligado à vida, que contemple o lugar e as suas especificidades, concebido a partir das infinitas relações que mantém com o mundo globalizado. Com essa leitura, o estudo procura responder quais sentidos os currículos pensados para a Geografia devem atribuir à fronteira para dar conta desse espaço e de suas singularidades. Para tanto, o trabalho está ancorado na Epistemologia da Complexidade, através de fundamentos da pesquisa qualitativa. O movimento investigativo toma como ponto de partida os estudos fronteiriços, passando ao exame das origens que marcam a formação daquelas cidades e da área que em torno delas se constituiu. Evidencia a fronteira como conceito geográfico, implicada nas dinâmicas de um meio técnico-científico-informacional, e, dialogicamente, como espaço vivido, carregado de subjetividades e laços socioespaciais. Examina a proposição dos currículos no Brasil e no Uruguai, sob as perspectivas política e pedagógica, para, então, discutir o ensino de Geografia. Nesse sentido, relaciona os conceitos estruturantes da Geografia às competências e habilidades que se utilizam desses conceitos para articular a aplicabilidade do conhecimento. Em congruência com a teoria, o corpus empírico advém da análise de documentos e de diálogos empreendidos com alunos e professores da Educação Básica, habitantes de Rivera e de Santana do Livramento. Das narrativas dos estudantes emergem geografias imaginárias, pautadas em suas experiências, repletas de saberes locais. Nesses saberes, revelam a dimensão instrumental do limite político que se converte, em si mesmo, numa estratégia de vivência cotidiana, incorporando uma dimensão cultural e simbólica que estabelece um lugar marcado por sua condição fronteiriça, formado pela soma indissolúvel de sistemas de objetos e sistemas de ações. Desse modo, às especificidades da vida local correspondem habilidades por eles construídas em diversos campos, que permitem que esses sujeitos, em suas práticas espaciais, se comuniquem, se relacionem, estudem, consumam e convivam com as diferenças impostas pelas respectivas esferas político-administrativas. Mediante essas territorialidades, que transgridem a linha divisória, a fronteira é interpretada por esses estudantes como uma totalidade, como um lugar social vivido e redimensionado em seus aspectos simbólicos e imaginários, representado por interações baseadas na cidadania, na (bi)nacionalidade, no trânsito diário e nas necessidades da comunidade local. Entretanto, os depoimentos dos professores indicam que a geografia da vida cotidiana parece estar ausente da Geografia escolar, principalmente nas instituições situadas do lado brasileiro. Nestas, encontra-se currículos homogeneizados, baseados em conteúdos reproduzidos dos livros didáticos, insinuando não haver espaço para projetos e atividades que contemplem as questões locais. Em contrapartida, observa-se que a Geografia empregada nas escolas de Rivera tende a ser mais qualificada, didática e epistemologicamente, quando comparada a de Santana do Livramento. Diante dessa realidade, a pesquisa propõe caminhos para outros currículos, pensados sob o viés das espacialidades, demandando uma prática escolar geográfica que estimule o respeito ao diverso e contribua para uma aprendizagem mais significativa, permitindo aos alunos uma leitura do mundo a partir do lugar que (re)constroemThis thesis is located in the field of Geography teaching and border studies, comprising the twin cities of Santana do Livramento, in Brazil, and Rivera, in Uruguay, as a research scenario. The work starts from the assumption that the frontier is different from the other territories that constitute the national states, and there seems to be a greater density of particularities that are reflected in many other geographies. It defends the need for proposals for the construction of a diversified, integrative curriculum, linked to life, that contemplates the place and its specificities, conceived from the infinite relations that they maintain with the globalized world. With this reading, the study seeks to answer which the meanings of the curricula thought for Geography must attribute to the frontier to account for this space and its singularities. Therefore, the work is anchored in the Epistemology of Complexity, through the foundations of qualitative research. The investigative movement takes border studies as its starting point, passing the examination of the origins that mark the formation of those cities and the area around them that has been constituted. Evidence the frontier as a geographical concept, implied in the dynamics of a medium technical-scientific-informational, and, dialogically, as a lived space, full of subjectivities and socio-spatial ties. It examines the proposition of the curricula in Brazil and Uruguay, from a political and pedagogical perspective, to, then, discuss the teaching of Geography. In this sense, it relates the structuring concepts of Geography to the competences and skillsthat use these concepts to articulate the applicability of knowledge. In congruence with the theory, the empirical corpus comes from the analysis of documents and dialogues undertaken with students and teachers of Basic Education, inhabitants of Rivera and Santana do Livramento. Imaginary geographiesemerge from the students' narratives, based on their experiences, full of local knowledge. In this knowledge, they reveal the instrumental dimension of the political limit that becomes, in itself, a strategy of daily living, incorporating a cultural and symbolic dimension that establishes a place marked by its border condition, formed by the indissoluble sum of systems of objects and systems of actions. In this way, the specificities of local life correspond to skills built by them in different fields, which allow these subjects, in their spatial practices, to communicate, relate, studying, consuming, and living with the differences imposed by the respective political-administrative spheres. Through these territorialities, which transgress the dividing line, the border is interpreted by these students as a totality, as a social place lived and resized in its symbolic and imaginary aspects, represented by interactions based on citizenship, (bi)nationality, in daily traffic, and the needs of the local community. However, teachers' testimonies indicate that thegeography of everyday lifeseems to be absent in school Geography, especially in institutions located on the Brazilian side. In these, homogenized curricula are found, based on content reproduced from textbooks, implying that there is no space for projects and activities that address local issues. On the other hand, it is observed that the Geography used in the schools of Rivera tends to be more qualified, didactic and epistemologically, when compared to that of Santana do Livramento. In face of this reality, the research proposes ways for other curricula, thought by the bias of spatiality, demanding a geographic school practice that encourages respect for the diverse and contributes to a more meaningful learning, allowing students a reading of the world from the place that they (re) build.Esta tesis se ubica en el campo de la enseñanza de la Geografía y los estudios fronterizos, comprendiendo las ciudades gemelas de Santana do Livramento, en Brasil, y Rivera, en Uruguay, como escenario de investigación. El trabajo parte de la presuposiciónde que la frontera es diferente a los demás territorios que constituyen los estados nacionales, y parece haber una mayor densidad de particularidades que se reflejan en muchas otras geografías. Defiende la necesidad de propuestas para la construcción de uncurrículo diversificado, integrador, ligado a la vida, que contemple el lugar y sus especificidades, concebido a partir de las infinitas relaciones que mantiene con el mundo globalizado. Con esta lectura, el estudio busca responder qué significados deben atribuir a la frontera los currículos pensados para Geografía para dar cuenta de este espacio y sus singularidades. Para eso, el trabajo se ancla en la Epistemología de la Complejidad, a través de los fundamentos de la investigación cualitativa. El movimiento investigador toma como punto de partida los estudios fronterizos, examinando los orígenes que marcan la formación de esas ciudades y su entorno. Muestra la frontera como un concepto geográfico, involucrado en la dinámica de un medio técnico-científico-informativo y, dialógicamente, como un espacio vivido, lleno de subjetividades y vínculos socioespaciales. Examina la propuesta de currículos en Brasil y Uruguay, desde una perspectiva política y pedagógica, para luego discutir la enseñanza de la Geografía. En este sentido, relaciona los conceptos estructurantes de la Geografía con las competencias y habilidades que utilizan estos conceptos para articular la aplicabilidad del conocimiento. En línea con la teoría, el corpus empírico proviene del análisis de documentos y diálogos realizados con estudiantes y profesores de Educación Básica, habitantes de Rivera y Santana do Livramento. Geografías imaginariasemergen de las narrativas de los estudiantes, basadas en sus experiencias, llenas de conocimiento local. En este conocimiento, revelan la dimensión instrumental del límite político que se convierte, en sí mismo, en una estrategia de la vida cotidiana, incorporando una dimensión cultural y simbólica que establece un lugar marcado por su condición de frontera, formado por la suma indisoluble de sistemas de objetos y sistemas de acciones. De esta manera, las especificidades de la vida local corresponden a habilidades construidas por ellos en diferentes campos, que permiten a estos sujetos, en sus prácticas espaciales, comunicarse, relacionarse, estudiar, consumir y convivir con las diferencias impuestas por las respectivas esferas político-administrativas. A través de estas territorialidades, que traspasan la línea divisoria, la frontera es interpretada por estos estudiantes como una totalidad, como un lugar social vivido y redimensionado en sus aspectos simbólicos e imaginarios, representado por interacciones basadas en la ciudadanía, la (bi)nacionalidad, el tránsito y las necesidades de la comunidad local. Sinembargo, los testimonios de los profesores indican que la geografía de la vidacotidianaparece estar ausente de la Geografía escolar, especialmente en las instituciones ubicadas en el lado brasileño. En estos se encuentran currículos homogeneizados, basados en contenidos reproducidos de libros didácticos, lo que implica que no hay espacio para proyectos y actividades que aborden temas locales. Por otro lado, se observa que la Geografía utilizada en las escuelas de Rivera tiende a ser más calificada, didáctica y epistemológicamente, en comparación con la de Santana do Livramento. Ante esta realidad, la investigación propone caminospara otros currículos, pensados desde la perspectiva de la espacialidad, exigiendo una práctica escolar geográfica que fomente el respeto por lo diverso y contribuya a un aprendizaje más significativo, permitiendo a los estudiantes leer el mundo desde el lugar en el que (re) construyenapplication/pdfporEnsino de geografiaGeografia escolarSantana do Livramento (RS)Rivera (Uruguai)FronteirasTeaching of GeographyCurriculumComplexityBorder studiesSantana do Livramento-RiveraEnseñanza de GeografíaPlan de estudiosComplejidadEstudios fronterizosSantana do Livramento-RiveraO ensino de Geografia no contexto das escolas de fronteira: transpassar os limites curricularesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de GeociênciasPrograma de Pós-Graduação em GeografiaPorto Alegre, BR-RS2020.doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001119216.pdf.txt001119216.pdf.txtExtracted Texttext/plain1297780http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/214642/2/001119216.pdf.txtcb1f79b3667f4a734fed05b7637b5794MD52ORIGINAL001119216.pdfTexto completoapplication/pdf12204487http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/214642/1/001119216.pdf3d0d8c44e63e1655178630d0e6d066f1MD5110183/2146422020-11-06 05:09:22.990923oai:www.lume.ufrgs.br:10183/214642Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-11-06T07:09:22Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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