Habilidade motora, funções executivas e psicopatologia na infância e adolescência

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mendes, Lorenna Sena Teixeira
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/188905
Resumo: A Habilidade Motora (HM) e as Funções Executivas (FE) são indicadores importantes do desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo. Estes dois domínios do desenvolvimento humano interagem de forma extensa com um terceiro domínio, o desenvolvimento psicossocial, que pode ser acometido pelos transtornos mentais. Estudar a relação que indicadores do desenvolvimento motor e cognitivo apresentam com a psicopatologia na infância e adolescência é importante, porque este estudo pode suscitar pistas sobre a patofisiologia dos transtornos mentais, assim como sugerir novos alvos e intervenções terapêuticas. O objetivo geral desta tese é investigar a associação entre habilidade motora e funções executivas com a psicopatologia na infância e adolescência. O estudo sobre a associação entre indicadores do desenvolvimento motor e cognitivo com aspectos específicos da psicopatologia pode ser dificultado pela presença da alta taxa de comorbidade entre transtornos psiquiátricos e pela “impureza fenotípica” da psicopatologia. Os dois estudos desta tese utilizam dados da Coorte Brasileira de Alto Risco para Transtornos Mentais (Brazilian High Risk Cohort for Mental Disorders) e recorrem a duas abordagens distintas para lidar com a limitação citada. No primeiro estudo, foi utilizada a comparação entre grupos clínicos formados por crianças sem comorbidade psiquiátrica (sem dois diagnósticos psiquiátricos simultâneos), enquanto que, no segundo estudo, foi utilizado um modelo bifatorial capaz de separar aspectos gerais de aspectos específicos de psicopatologia. O primeiro estudo “Fine motor ability and psychiatric disorders in youth” comparou as medidas de habilidade motora fina de 2035 crianças e adolescentes divididos por meio da avaliação psiquiátrica em cinco grupos diagnósticos: um grupo de comparação de desenvolvimento típico (n=1667), um grupo de “transtornos fóbicos” (n=101), um grupo de “transtornos ligados à angústia” (n=82), um grupo “transtorno de déficit de atenção e hiperatividade” (TDAH, n=133) e um grupo “transtorno de oposição e desafio/ transtorno de conduta” (TOD/TC, n=52). O estudo mostrou que o grupo de participantes com TDAH apresentou um desempenho significativamente inferior ao grupo de desenvolvimento típico em todas as dimensões de habilidade motora fina (habilidade motora fina, tempo para completar a tarefa, acurácia, fluência, simetria, precisão e coordenação). Todas as dimensões 8 de TDAH (hiperatividade, desatenção e impulsividade) demonstraram correlações negativas e significativas com as dimensões de habilidade motora fina. As exceções foram as correlações entre a dimensão tempo para conclusão da tarefa com todas as dimensões de TDAH, cujas correlações foram estatisticamente significativas e positivas. Além disso, o grupo TDAH desempenhou as tarefas de forma mais lenta do que o grupo TOD/TC. Não foram encontradas diferenças de média entre a habilidade motora fina e os demais grupos. Nossos resultados indicam que crianças com TDAH apresentam prejuízo em todos os aspectos da habilidade motora fina quando comparados com crianças de desenvolvimento típico, resultado não encontrado nas comparações do grupo de desenvolvimento típico com outros diagnósticos. O segundo artigo “Executive function performance is differentially associated with both general and specific aspects of developmental psychopathology in youth” investigou a associação entre o desempenho em funções executivas de 2511 crianças e seus escores de psicopatologia geral (também conhecido como “fator p”) e de dimensões específicas da psicopatologia do desenvolvimento: medo (fear), “pensamentos angustiantes” (distressful thoughts), “queixas somáticas” (somatic complaints), “baixo humor” (low mood), “baixa motivação/energia” (low motivation/energy), “desatenção/hiperatividade” (inattention/ hyperactivity), “irritabilidade” (temper loss), agressão (aggression), “desobediência” (noncompliance) e “pouca preocupação com os outros” (low concern for others). As Funções Executivas (FE) apresentaram uma associação significativa e negativa com o fator geral de psicopatologia, confirmando que os déficits nas FE são um traço transdiagnóstico nos transtornos mentais. Entretanto, com o modelo bifatorial e após retirar a contribuição do fator geral, as funções executivas ainda apresentaram associações significativas com as dimensões específicas de psicopatologia. Pior desempenho nas funções executivas esteve associada à dimensão medo e à dimensão desatenção/hiperatividade, enquanto que, melhor desempenho nas funções executivas foi associada às dimensões pensamentos angustiantes e baixo humor. Por meio de um modelo bifatorial de FE, observou-se que a associação entre FE e as dimensões gerais e específicas de psicopatologia ocorre devido ao fator geral das funções executivas e não aos fatores específicos. Este estudo evidenciou a importância de modelos de psicopatologia com categorizações mais refinadas que evidenciam associações específicas previamente confundidas com o fator geral de psicopatologia. Portanto, esta tese traz evidências sobre a associação entre déficits na habilidade motora e TDAH assim como evidências sobre a associação entre desempenho nas funções executivas e aspectos gerais e específicos da psicopatologia. Foram utilizados dois métodos de análise (uso de grupos clínicos não-comórbidos e modelo bifatorial) que se mostraram como estratégias interessantes para abordar a impureza fenotípica da psicopatologia na busca por correlatos externos específicos. Por fim, são abordadas as implicações clínicas e fisiopatológicas desses achados. Estes resultados indicam a importância de se investigar a habilidade motora em crianças e adolescentes e sugerem a pertinência de se investigar intervenções que visam desenvolver as funções executivas, uma vez que prejuízos nessas funções estão associados a aspectos gerais e específicos da psicopatologia.
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O estudo sobre a associação entre indicadores do desenvolvimento motor e cognitivo com aspectos específicos da psicopatologia pode ser dificultado pela presença da alta taxa de comorbidade entre transtornos psiquiátricos e pela “impureza fenotípica” da psicopatologia. Os dois estudos desta tese utilizam dados da Coorte Brasileira de Alto Risco para Transtornos Mentais (Brazilian High Risk Cohort for Mental Disorders) e recorrem a duas abordagens distintas para lidar com a limitação citada. No primeiro estudo, foi utilizada a comparação entre grupos clínicos formados por crianças sem comorbidade psiquiátrica (sem dois diagnósticos psiquiátricos simultâneos), enquanto que, no segundo estudo, foi utilizado um modelo bifatorial capaz de separar aspectos gerais de aspectos específicos de psicopatologia. O primeiro estudo “Fine motor ability and psychiatric disorders in youth” comparou as medidas de habilidade motora fina de 2035 crianças e adolescentes divididos por meio da avaliação psiquiátrica em cinco grupos diagnósticos: um grupo de comparação de desenvolvimento típico (n=1667), um grupo de “transtornos fóbicos” (n=101), um grupo de “transtornos ligados à angústia” (n=82), um grupo “transtorno de déficit de atenção e hiperatividade” (TDAH, n=133) e um grupo “transtorno de oposição e desafio/ transtorno de conduta” (TOD/TC, n=52). O estudo mostrou que o grupo de participantes com TDAH apresentou um desempenho significativamente inferior ao grupo de desenvolvimento típico em todas as dimensões de habilidade motora fina (habilidade motora fina, tempo para completar a tarefa, acurácia, fluência, simetria, precisão e coordenação). Todas as dimensões 8 de TDAH (hiperatividade, desatenção e impulsividade) demonstraram correlações negativas e significativas com as dimensões de habilidade motora fina. As exceções foram as correlações entre a dimensão tempo para conclusão da tarefa com todas as dimensões de TDAH, cujas correlações foram estatisticamente significativas e positivas. Além disso, o grupo TDAH desempenhou as tarefas de forma mais lenta do que o grupo TOD/TC. Não foram encontradas diferenças de média entre a habilidade motora fina e os demais grupos. Nossos resultados indicam que crianças com TDAH apresentam prejuízo em todos os aspectos da habilidade motora fina quando comparados com crianças de desenvolvimento típico, resultado não encontrado nas comparações do grupo de desenvolvimento típico com outros diagnósticos. O segundo artigo “Executive function performance is differentially associated with both general and specific aspects of developmental psychopathology in youth” investigou a associação entre o desempenho em funções executivas de 2511 crianças e seus escores de psicopatologia geral (também conhecido como “fator p”) e de dimensões específicas da psicopatologia do desenvolvimento: medo (fear), “pensamentos angustiantes” (distressful thoughts), “queixas somáticas” (somatic complaints), “baixo humor” (low mood), “baixa motivação/energia” (low motivation/energy), “desatenção/hiperatividade” (inattention/ hyperactivity), “irritabilidade” (temper loss), agressão (aggression), “desobediência” (noncompliance) e “pouca preocupação com os outros” (low concern for others). As Funções Executivas (FE) apresentaram uma associação significativa e negativa com o fator geral de psicopatologia, confirmando que os déficits nas FE são um traço transdiagnóstico nos transtornos mentais. Entretanto, com o modelo bifatorial e após retirar a contribuição do fator geral, as funções executivas ainda apresentaram associações significativas com as dimensões específicas de psicopatologia. Pior desempenho nas funções executivas esteve associada à dimensão medo e à dimensão desatenção/hiperatividade, enquanto que, melhor desempenho nas funções executivas foi associada às dimensões pensamentos angustiantes e baixo humor. Por meio de um modelo bifatorial de FE, observou-se que a associação entre FE e as dimensões gerais e específicas de psicopatologia ocorre devido ao fator geral das funções executivas e não aos fatores específicos. Este estudo evidenciou a importância de modelos de psicopatologia com categorizações mais refinadas que evidenciam associações específicas previamente confundidas com o fator geral de psicopatologia. Portanto, esta tese traz evidências sobre a associação entre déficits na habilidade motora e TDAH assim como evidências sobre a associação entre desempenho nas funções executivas e aspectos gerais e específicos da psicopatologia. Foram utilizados dois métodos de análise (uso de grupos clínicos não-comórbidos e modelo bifatorial) que se mostraram como estratégias interessantes para abordar a impureza fenotípica da psicopatologia na busca por correlatos externos específicos. Por fim, são abordadas as implicações clínicas e fisiopatológicas desses achados. Estes resultados indicam a importância de se investigar a habilidade motora em crianças e adolescentes e sugerem a pertinência de se investigar intervenções que visam desenvolver as funções executivas, uma vez que prejuízos nessas funções estão associados a aspectos gerais e específicos da psicopatologia.Motor Ability (MA) and Executive Functions (EF) are important indicators of the neuropsychomotor and cognitive development. These two domains from human development interact extensively with a third domain, psychosocial development, which may be affected by mental disorders. Studying the association that MA and EF present with psychopathology in childhood and adolescence is important because it may engender clues about the pathophysiology of mental disorders, just as it can suggest new treatment targets and interventions. The general objective of this thesis is to investigate the relation MA and EF may have with psychopathology in childhood and adolescence. The investigation of the association between these two indicators of motor and cognitive development with specific aspects of psychopathology may be hindered by the presence of a high comorbidity rate among psychiatric disorders and by the “phenotypic impurity” of psychopathohlogy. The two studies described on this thesis use data from the Brazilian High Risk Cohort for Mental Disorders and employ two different approaches to handle the presented limitation. On the first study, a comparison among clinical groups formed by children without psychiatric comorbidity (without two simultaneous psychiatric disorders) was used, while on the second study a bifactor model able to separate general from specific aspects of psychopathology was used. The first study “Fine motor ability and psychiatric disorders in youth” compared the measures of fine motor ability of 2035 children and adolescents separated by a psychiatric assessment into five clinical groups: a Typical Development Comparison (TDC) group (n=1667), a phobic disorders group (n=101), a distress disorders group (n=82), an Attention Deficit Hyperactivity disorder group (n=133), and an Oppositional Defiant Disorder/ Conduct Disorder group (n=52). The study showed that the ADHD group presented a worse performance when compared to the TDC group in all motor ability dimensions (fine motor ability, time to complete the task, accuracy, fluency, symmetry, precision, and coordination). All ADHD dimensions (hyperactivity, inattention, and impulsivity) exhibited significant and negative correlations with all dimensions of motor ability. The exceptions were the correlations of time to complete the task dimension with all ADHD dimensions, which were 11 statistically significant and positive. Moreover, the ADHD group performed the motor tasks more slowly than the Oppositional Defiant Disorder/ Conduct Disorder group. Our results indicate that children with ADHD present impairments in all aspects of fine motor ability when compared to typical developing subjects, a result not found in the comparisons of TDC with other clinical groups. The second article “Executive function performance is differentially associated with both general and specific aspects of developmental psychopathology in youth” investigated the association between the executive function performance of 2511 children and their scores on general psychopathology (also known as the “p factor”) and on specific dimensions of developmental psychopathology: fear, distressful thoughts, somatic complaints, low mood, low motivation/energy, inattention/ hyperactivity, temper loss, aggression, noncompliance, and low concern for others. The Executive Functions (EF) presented a significant and negative association with the general psychopathology factor, confirming that EF deficits are transdiagnostic traits across mental disorders. However, with the bifactor model and after accounting for the contribution of the general psychopathology factor, the executive functions still presented significant associations with specific psychopathology dimensions. Worse performance in the executive functions was associated with fear and inattention- hyperactivity, while better performance in the executive functions was associated with distressful thoughts and low mood. By using an executive function bifactor model, we found that the associations between EF and psychopathology dimensions are due to the general executive function factor and not to the specific EF factors. This study highlighted the importance of psychopathology models with fine-grained divisions that show specific associations previously mistaken for the general psychopathology factor. Therefore, this thesis brings evidence about the association between impairment in motor ability and ADHD and evidence about the association between EF performance and general and specific aspects of psychopathology. We employed two methods of analysis (non-overlapping clinical groups and bifactor models) that have been demonstrated to be interesting strategies to approach the phenotypic impurity of psychopathology on the search for specific psychopathology correlates. Finally, the clinical and physiopathological implications of these findings are explored. These results indicate the importance of investigating motor ability in children and adolescents and suggest the pertinence of investigating interventions aimed to improve executive function, since impairments in EF are associated with general and specific aspects of psychopathology.application/pdfporDestreza motoraFunção executivaAnálise fatorialPsicopatologiaCriançaAdolescenteMotor abilityExecutive functionsSpecific factorsGeneral factorBifactor modelPsychopathology structureConfirmatory factor analysisHabilidade motora, funções executivas e psicopatologia na infância e adolescênciainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do ComportamentoPorto Alegre, BR-RS2018doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001073399.pdf.txt001073399.pdf.txtExtracted Texttext/plain237677http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/188905/2/001073399.pdf.txt94b6658ccaa413de4ea35e791b75c188MD52ORIGINAL001073399.pdfTexto completoapplication/pdf3224556http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/188905/1/001073399.pdf4590b82f5af89beed55ce7fd126ebdefMD5110183/1889052022-07-28 04:45:20.505916oai:www.lume.ufrgs.br:10183/188905Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-07-28T07:45:20Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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O estudo sobre a associação entre indicadores do desenvolvimento motor e cognitivo com aspectos específicos da psicopatologia pode ser dificultado pela presença da alta taxa de comorbidade entre transtornos psiquiátricos e pela “impureza fenotípica” da psicopatologia. Os dois estudos desta tese utilizam dados da Coorte Brasileira de Alto Risco para Transtornos Mentais (Brazilian High Risk Cohort for Mental Disorders) e recorrem a duas abordagens distintas para lidar com a limitação citada. No primeiro estudo, foi utilizada a comparação entre grupos clínicos formados por crianças sem comorbidade psiquiátrica (sem dois diagnósticos psiquiátricos simultâneos), enquanto que, no segundo estudo, foi utilizado um modelo bifatorial capaz de separar aspectos gerais de aspectos específicos de psicopatologia. 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Todas as dimensões 8 de TDAH (hiperatividade, desatenção e impulsividade) demonstraram correlações negativas e significativas com as dimensões de habilidade motora fina. As exceções foram as correlações entre a dimensão tempo para conclusão da tarefa com todas as dimensões de TDAH, cujas correlações foram estatisticamente significativas e positivas. Além disso, o grupo TDAH desempenhou as tarefas de forma mais lenta do que o grupo TOD/TC. Não foram encontradas diferenças de média entre a habilidade motora fina e os demais grupos. Nossos resultados indicam que crianças com TDAH apresentam prejuízo em todos os aspectos da habilidade motora fina quando comparados com crianças de desenvolvimento típico, resultado não encontrado nas comparações do grupo de desenvolvimento típico com outros diagnósticos. O segundo artigo “Executive function performance is differentially associated with both general and specific aspects of developmental psychopathology in youth” investigou a associação entre o desempenho em funções executivas de 2511 crianças e seus escores de psicopatologia geral (também conhecido como “fator p”) e de dimensões específicas da psicopatologia do desenvolvimento: medo (fear), “pensamentos angustiantes” (distressful thoughts), “queixas somáticas” (somatic complaints), “baixo humor” (low mood), “baixa motivação/energia” (low motivation/energy), “desatenção/hiperatividade” (inattention/ hyperactivity), “irritabilidade” (temper loss), agressão (aggression), “desobediência” (noncompliance) e “pouca preocupação com os outros” (low concern for others). As Funções Executivas (FE) apresentaram uma associação significativa e negativa com o fator geral de psicopatologia, confirmando que os déficits nas FE são um traço transdiagnóstico nos transtornos mentais. 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Portanto, esta tese traz evidências sobre a associação entre déficits na habilidade motora e TDAH assim como evidências sobre a associação entre desempenho nas funções executivas e aspectos gerais e específicos da psicopatologia. Foram utilizados dois métodos de análise (uso de grupos clínicos não-comórbidos e modelo bifatorial) que se mostraram como estratégias interessantes para abordar a impureza fenotípica da psicopatologia na busca por correlatos externos específicos. Por fim, são abordadas as implicações clínicas e fisiopatológicas desses achados. Estes resultados indicam a importância de se investigar a habilidade motora em crianças e adolescentes e sugerem a pertinência de se investigar intervenções que visam desenvolver as funções executivas, uma vez que prejuízos nessas funções estão associados a aspectos gerais e específicos da psicopatologia.
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