Sobrevida global de pacientes com câncer de ovário tratadas em Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Arenhardt, Martina Parenza
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/279391
Resumo: Introdução: O câncer de ovário é a 8a neoplasia mais incidente nas mulheres brasileiras e apresenta alta mortalidade. Os principais dados sobre a epidemiologia da doença foram obtidos de países de alta renda e pouco se sabe sobre a população acometida no sul do Brasil. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo conduzido para analisar as taxas de sobrevivência de mulheres diagnosticadas com câncer de ovário, utilizando dados provenientes do Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP) de Porto Alegre, a capital do estado do Rio Grande do Sul. A sobrevida global (SG) foi avaliada utilizando o modelo de Kaplan-Meier, enquanto análises de regressão de Cox univariada e multivariada foram empregadas para explorar a associação entre potenciais preditores e SG. Resultados: A idade média foi de 63 anos. A maioria das pacientes foi tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e diagnosticada em estádios avançados da doença, com 75% da amostra classificada nos estádios clínicos (EC) III e IV. Além disso, 41% dos diagnósticos ocorreram em situações de emergência. Embora o tratamento cirúrgico apresente importante impacto no desfecho das pacientes, apenas 66% das pacientes do EC III foram submetidas a cirurgia. A taxa de SG em 5 anos para toda a população foi de 31,1%, havendo notável variação de acordo com o EC ao diagnóstico: 90% para EC I, 54% para EC II, 29% para EC III com intervenção cirúrgica, 8,3% para EC III sem intervenção cirúrgica e 12,5% para EC IV. Além do estadiamento ao diagnóstico, escolaridade menor que 8 anos foi fator de risco para aumento de mortalidade em análise univariada (p=0.04). Entre as pacientes submetidas a quimioterapia adjuvante, 75% iniciaram o tratamento mais de 35 dias após a cirurgia. Testagem genética foi realizada em apenas 18% da população. Conclusão: Os dados de sobrevida das pacientes com câncer de ovário nesta coorte são inferiores quando comparados aos dados de países de alta e aos resultados de ensaios clínicos. O número substancial de diagnósticos em estádios avançados, a grande parcela de pacientes em EC III não submetidos a cirurgia e o tempo prolongado para iniciar o tratamento adjuvante podem ter contribuído para o prognóstico desfavorável observado nos pacientes.
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A maioria das pacientes foi tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e diagnosticada em estádios avançados da doença, com 75% da amostra classificada nos estádios clínicos (EC) III e IV. Além disso, 41% dos diagnósticos ocorreram em situações de emergência. Embora o tratamento cirúrgico apresente importante impacto no desfecho das pacientes, apenas 66% das pacientes do EC III foram submetidas a cirurgia. A taxa de SG em 5 anos para toda a população foi de 31,1%, havendo notável variação de acordo com o EC ao diagnóstico: 90% para EC I, 54% para EC II, 29% para EC III com intervenção cirúrgica, 8,3% para EC III sem intervenção cirúrgica e 12,5% para EC IV. Além do estadiamento ao diagnóstico, escolaridade menor que 8 anos foi fator de risco para aumento de mortalidade em análise univariada (p=0.04). Entre as pacientes submetidas a quimioterapia adjuvante, 75% iniciaram o tratamento mais de 35 dias após a cirurgia. Testagem genética foi realizada em apenas 18% da população. Conclusão: Os dados de sobrevida das pacientes com câncer de ovário nesta coorte são inferiores quando comparados aos dados de países de alta e aos resultados de ensaios clínicos. O número substancial de diagnósticos em estádios avançados, a grande parcela de pacientes em EC III não submetidos a cirurgia e o tempo prolongado para iniciar o tratamento adjuvante podem ter contribuído para o prognóstico desfavorável observado nos pacientes.Background: Ovarian cancer (OC) is the 8th most common neoplasm in Brazilian women and has a high mortality rate. Most epidemiological data on this disease have been collected in high-income countries and little is known about the affected population in southern Brazil. Methods: A retrospective cohort study was conducted to analyze the survival of women diagnosed with ovarian cancer, utilizing a sample from the Population-Based Cancer Registry (PBCR) of Porto Alegre, the capital of Rio Grande do Sul state. The Kaplan-Meier model assessed overall survival (OS), and univariate and multivariate Cox regression analyses were employed to explore the association between potential predictors and OS. Results: The cohort comprised 90 women, with a mean age of 63 years at diagnosis. Most patients received treatment through Brazil's national healthcare system and were diagnosed at an advanced stage of the disease, with 75% of patients in stages III and IV, and 41% of diagnoses occurring in emergency settings. Despite the recognized positive impact on survival, only 66% of stage III patients underwent surgical treatment. The 5-year OS of the entire cohort was 31.1%. Notable discrepancies in OS rates were observed across different clinical stages: 72.7% for stages I and II, 29.2% for stage III with surgical intervention, 8.3% for stage III without surgical intervention, and 12.5% for stage IV. Additionally, 75% of patients began adjuvant treatment 35 days after surgery and only 18% underwent genetic testing. Conclusion: The OS data for patients with ovarian cancer in this cohort are lower compared to data from high-income countries and clinical trial results. The substantial number of diagnoses at advanced stages, the lower rates of surgical treatment, particularly for stage III, and the prolonged time to initiate adjuvant treatment may collectively contribute to the poor prognosis observed in patients.application/pdfporNeoplasias ovarianasSobrevidaEpidemiologiaOvárioPorto Alegre (RS)Ovarian cancerOverall survivalPopulation-based cancer registryCancer surveillanceSobrevida global de pacientes com câncer de ovário tratadas em Porto Alegreinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Ginecologia e ObstetríciaPorto Alegre, BR-RS2024mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001211159.pdf.txt001211159.pdf.txtExtracted Texttext/plain80284http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/279391/2/001211159.pdf.txte98b7e1d8c3e13453d66d046748a2c95MD52ORIGINAL001211159.pdfTexto completoapplication/pdf1219613http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/279391/1/001211159.pdf475f62b9837cfebbdbf8a7fbdd7a06c8MD5110183/2793912024-09-28 06:45:45.126375oai:www.lume.ufrgs.br:10183/279391Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-09-28T09:45:45Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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