Um lugar chamado lar : a trilha de um grupo de 1974 a 1996

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Waléria Fortes de
Data de Publicação: 1996
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/256200
Resumo: Esta pesquisa aborda a história de uma instituição, de um lugar chamado La, Lar Metodista, que vem abrigando, desde 1939, gurus pobres, humildes, filhos de excluídos. É a trilha de uma instituição, de 1974 a 1996, vista a partir das relações de tempo, de espaço e de interações pessoais, as quais são básicas ao processo educativo. Estaria ela entre as ''instituições totais'' (Goffman, 1961) que aprisionam inúmeras existências humanas? Teria se conservado como instituição fechada aos intercâmbios com o mundo? Concedendo ''o direito à palavra" (Marra, 1991, p. 115) aos que tinham vivido no Lar, reconstruiu-se a história deste lugar, enquanto "instituição total'' e "disciplinar'' (Foucault, 1986). Seguiu-se as trilhas dos que ali haviam vivido, sofrido, lutado e sonhado. Ao persegui-las, encontrou-se ao mesmo tempo a trajetória deste lugar, o Lar. Todavia, não foi achado um único Lar, mas distintos Lares, diferentes lugares, reconstruídos, ao longo dos anos. Havia um Internato, uma Casa-Lar e um Lar, assim denominado pelos guris este lugar reconstruído no decorrer dos anos oitenta. Na década de setenta, era tipicamente uma “instituição total”, com o espaço fechado sobre si mesmo, o tempo controlado de maneira estrita e as relações pessoais essencialmente autoritárias. A partir da metade da década de oitenta, esta instituição começava a se abrir ao exterior, ou seja, o espaço fechado veio a se transformar de tal maneira que, no final desta década, era um espaço de intercâmbio com a comunidade. Aliado a este elemento de uma nova pedagogia que estava sendo implantada, havia um outro o qual era o tempo. Ele passou, então, a ser planejado e utilizado parcialmente pelos educandos. Essa pedagogia, construída ao longo da década de oitenta, também era alicerçada nas relações pessoais que deixaram de ser autoritárias e se tornaram dialogais. Dando à palavra aos educandos, esta instituição renovou-se e transformou-se enquanto ''instituição total'' e “disciplinar”. O diálogo foi o elemento central dessa pedagogia. Todavia, esta renovação não aconteceu apenas por intermédio diálogo, O jogo e o lúdico desempenharam um papel fundamental na restruturação da vida coletiva, na mudança desta ''instituição disciplinar''. Através de uma educação lúdica, as regras, anteriormente impostas passaram a ser construídas com a participação dos educandos. Pelas regras, agora vividas com prazer, houve uma liberação da palavra. Com a palavra, os guris desta instituição deixaram de ser objetos da educação e tornaram-se sujeitos. Eis a mudança que ocorreu ao longo da última década. Esta instituição, assim, vem mostrar que é viável a construção de um espaço coletivo onde o particular venha a se manifestar, um espaço de subjetividade. Os que vêm habitando este Lar, o Lar Metodista, afirmam não apenas com palavras, mas com suas ações, que é possível criar um lugar onde os gurus pobres não sejam apenas abrigados, mas essencialmente respeitados e valorizados.
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Todavia, não foi achado um único Lar, mas distintos Lares, diferentes lugares, reconstruídos, ao longo dos anos. Havia um Internato, uma Casa-Lar e um Lar, assim denominado pelos guris este lugar reconstruído no decorrer dos anos oitenta. Na década de setenta, era tipicamente uma “instituição total”, com o espaço fechado sobre si mesmo, o tempo controlado de maneira estrita e as relações pessoais essencialmente autoritárias. A partir da metade da década de oitenta, esta instituição começava a se abrir ao exterior, ou seja, o espaço fechado veio a se transformar de tal maneira que, no final desta década, era um espaço de intercâmbio com a comunidade. Aliado a este elemento de uma nova pedagogia que estava sendo implantada, havia um outro o qual era o tempo. Ele passou, então, a ser planejado e utilizado parcialmente pelos educandos. Essa pedagogia, construída ao longo da década de oitenta, também era alicerçada nas relações pessoais que deixaram de ser autoritárias e se tornaram dialogais. Dando à palavra aos educandos, esta instituição renovou-se e transformou-se enquanto ''instituição total'' e “disciplinar”. O diálogo foi o elemento central dessa pedagogia. Todavia, esta renovação não aconteceu apenas por intermédio diálogo, O jogo e o lúdico desempenharam um papel fundamental na restruturação da vida coletiva, na mudança desta ''instituição disciplinar''. Através de uma educação lúdica, as regras, anteriormente impostas passaram a ser construídas com a participação dos educandos. Pelas regras, agora vividas com prazer, houve uma liberação da palavra. Com a palavra, os guris desta instituição deixaram de ser objetos da educação e tornaram-se sujeitos. Eis a mudança que ocorreu ao longo da última década. Esta instituição, assim, vem mostrar que é viável a construção de um espaço coletivo onde o particular venha a se manifestar, um espaço de subjetividade. Os que vêm habitando este Lar, o Lar Metodista, afirmam não apenas com palavras, mas com suas ações, que é possível criar um lugar onde os gurus pobres não sejam apenas abrigados, mas essencialmente respeitados e valorizados.This research tells the history of one institution, of a placa called Home, Methodist Home, that has been sheltering, since 1939, poor boys, humble, excluded'sons (Assman, 1994a). It's the path of one institution, from 1974 to 1996, starting from time, space and personal relationships, that are basic to the education process. Would be it among the ''total institution'' (Goffman, 1961) that capture countless human existente? Would this institution be preserved itself kept as isolated to the world's exchange? This plane history was constructed, as "total" (Goffman, 1961) and ''disciplinarian institution" (Foucault, 1986) with the “right to speak” (Marre, 1991) of those people who had lived in the Methodist Home. It followed the paths of those who had lived, suffered, fought and dreamed there. In this process we've found, at he same time, the path of that place, the Home. However, we found different places reconstructed through years, there was a boarding house, a ''casa-lar'' and a home, that has been called by the boys in the 80's. In the 70's it was typically a ''total institution", working in an isolated space, controled time and personal relationships essencially authoritarian . Since the middle of 80's, the institution began to open itself to the outside, in other words, the isolated space was changed unto a new space of exchange with the community. Besides tais element of a new pedagogy that was being introduced, there was another one that was time. So, it passed to be planned and used partially by the students. Tais pedagogy, constructed during the 80's, also was built in the personal relationships that return to be dialogical. It wasn't authoritarian anymore. Giving the chance to the students to speak, this institution renovated and changed as "total" and ''disciplinarian" institution. The dialogue was the main element of tais pedagogy. However, this renovation didn't happen just because of the dialogue. Games and recreation carried out an extraordinary role in the reconstruction of the collective life, in the change of this ''disciplinarian" institution. Through recreation, the rules, that in the past were imposed, began to be constructed with the participation of the students. So, through constructed rules there was a speech liberation. Through speech, the boys of this institution became subject and they weren't object anymore. This is the main change that has occurred in the last decade. This institution shows us that it's possible to construct a collective place where the individual can express itself. in a space of subjectivy. Those people that have been living in the Methodist Home: affirm not only words but by actions that there is the possibility of creating a place where poor boys are not only receiving shelter but are respected and valorized.application/pdfporEducação de desprivilegiados sociaisInstituições de ensinoHistória da educaçãoAssistência socialUm lugar chamado lar : a trilha de um grupo de 1974 a 1996info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoPorto Alegre, BR-RS1996mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000189514.pdf.txt000189514.pdf.txtExtracted Texttext/plain331839http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/256200/2/000189514.pdf.txteb2c79d74490e7bee61bd22a6afefdb7MD52ORIGINAL000189514.pdfTexto completoapplication/pdf20577781http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/256200/1/000189514.pdf7d511d817d4656a2ce80da1516739420MD5110183/2562002023-03-23 03:24:54.262263oai:www.lume.ufrgs.br:10183/256200Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-03-23T06:24:54Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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