Estudo da composição química e atividades biológicas do óleo volátil de espécies de Nectandra Rol. ex Rottb. e Schinus lentiscifolius Marchand

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Danielli, Letícia Jacobi
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: eng
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/235111
Resumo: Os óleos voláteis e seus compostos isolados têm sido alvo de investigações relacionadas à capacidade de eliminar microrganismos patogênicos, considerando-se que sua função de proteção do vegetal contra o ataque de patógenos é um indicativo de que tais substâncias podem ser potencialmente terapêuticas. Em virtude da limitada terapia antifúngica disponível, associada ao desenvolvimento de resistência e níveis elevados de toxicidade, o emprego de tal classe de metabólitos secundários é investigado tanto na prevenção quanto no tratamento de processos infecciosos. O estudo das atividades biológicas de um óleo volátil está relacionado ainda ao entendimento das alterações na composição química ocasionadas por mudanças sazonais como tentativa de reconhecer fases do desenvolvimento do vegetal potencialmente ativas. Tendo em vista a importância da identificação de novas substâncias com atividade antifúngica a fim de proporcionar alternativas terapêuticas efetivas, este estudo determinou a composição química e as atividades antifúngica, antioxidante e antiquimiotáxica de óleos voláteis de Nectandra megapotamica, Nectandra lanceolata e Schinus lentiscifolius obtidos por hidrodestilação. Além disso, o mecanismo de ação antifúngico dos mesmos foi investigado e a variação da composição química sazonal do óleo volátil de N. megapotamica e sua relação com as atividades biológicas foi determinada. Quimicamente, ambos os óleos apresentaram predominância da fração sesquiterpênica, com os compostos biciclogermacreno (33,4%), β-cariofileno (32,5%) e γ-eudesmol (12,8%) identificados como majoritários respectivamente para as amostras de N. megapotamica, N. lanceolata e S. lentiscifolius. Atividade seletiva frente a dermatófitos foi evidenciada para os óleos de todas as espécies, sendo a membrana fúngica o provável alvo de ação. Especificamente para S. lentiscifolius há ainda o envolvimento da parede celular, indicado pela presença de dano em estruturas hifais, observadas por microscopia eletrônica, bem como resultado positivo para o ensaio de ergosterol. Através da técnica de checkerboard avaliou-se a combinação dos óleos voláteis e antifúngicos comerciais – terbinafina e ciclopirox – frente a isolados dos gêneros Microsporum e Trichophyton. Resumidamente, a combinação de N. lanceolata e ciclopirox apresentou interações 14 sinérgicas e aditivas para grande parte dos isolados (75%), enquanto que para S. lentiscifolius sinergismo foi observado principalmente em associação à terbinafina. Este efeito é devido, provavelmente, à ação das substâncias em alvos distintos da célula fúngica. Em relação à atividade antiquimiotáxica, os óleos de ambas as espécies inibiram significativamente a migração leucocitária, com percentual de atividade de até 95%. O efeito na quimiotaxia dos leucócitos está diretamente relacionado à ação da substância na fase inicial do processo inflamatório. Além das atividades mencionadas, o óleo de S. lentiscifolius apresentou efeito inibitório na formação de biofilme por M. canis, principal agente causador de tinea capitis. A capacidade de formação de biofilme por este microrganismo foi relatada pela primeira vez e caracterizada pela presença de regiões compactas de matriz extracelular polissacarídica, compatível com biofilme maduro. Em relação ao óleo de N. megapotamica, o estudo de variabilidade da composição química indicou forte influência da fração monoterpênica, principalmente limoneno, α- e β-pineno na bioatividade do óleo. Em suma, os resultados indicam que os óleos voláteis testados atuam de forma a sensibilizar a célula fúngica à ação do agente antifúngico resultando em melhora no efeito e redução da concentração ativa do fármaco, minimizando, consequentemente, os efeitos adversos relacionados. Além disso, apresentam a vantagem de um efeito anti-inflamatório associado, reduzindo sintomas e acelerando o processo de cura.
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