Hipocalcemia subclínica como fator de risco para outros transtornos do pós-parto em vacas leiteiras : prevalência e incidência

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fiorentin, Eliana Lucia
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/219688
Resumo: O período de transição é caracterizado por alterações nutricionais, metabólicas, hormonais e imunológicas que têm marcado impacto sobre a ocorrência de doenças metabólicas e infecciosas. Vacas com hipocalcemia clínica durante o período de transição têm maior propensão a desenvolver prolapso uterino, mastite clínica, distocia e retenção de placenta. Do mesmo modo, as vacas com hipocalcemia subclínica apresentam maior risco de desenvolver metrite, deslocamento de abomaso e de descarte. O principal objetivo deste trabalho é determinar se a hipocalcemia constitui um fator de risco para a ocorrência de transtornos do pós-parto (hipocalcemia clínica, cetose clínica, cetose subclínica, lipidose hepática, deslocamento de abomaso, mastite clínica, metrite, endometrite clínica, endometrite subclínica, retenção de placenta e distocia) e para diminuição da taxa de concepção ao primeiro serviço em vacas leiteiras. Foram avaliadas 259 vacas da raça Holandesa, provenientes de 9 fazendas comerciais em sistema de produção do tipo semi-confinamento, localizadas na região da Serra Gaúcha, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foram realizadas avaliações clínicas, reprodutivas e metabólicas semanalmente da 1ª até a 6ª semana. A avaliação clínica consistiu na determinação do escore de condição corporal, temperatura retal e registro de transtornos do pós-parto. A avaliação reprodutiva consistiu: (1) no exame do conteúdo vaginal dos animais, feito através do dispositivo Metricheck a fim de diagnosticar metrite (1ª, 2ª e 3ª semana) e endometrite clínicas (4ª, 5ª e 6ª semana), (2) na citologia uterina mediante o uso da Cytobrush com o intuito de diagnosticar endometrite subclínica nos animais que não apresentaram endometrite clínica e (3) na confirmação de gestação por ultrassonografia 30 dias após início da IATF. A avaliação metabólica foi realizada através das análises bioquímicas de beta-hidroxibutirato (BHB), colesterol e aspartato aminotransaminase (AST) por espectrofotometria automatizada e determinação de cálcio iônico pela técnica de eletrodo seletivo. O teste Qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fischer foram utilizados para as comparações de ocorrência dos transtornos do pós-parto avaliado com a calcemia, assim como avaliar as razões de prevalência do desenvolvimento de transtornos pós-parto em animais hipocalcêmicos para variáveis categóricas. Para determinar um ponto de corte próprio deste estudo para os dois grupos, foram realizadas análises ROC (Receiver Operator Characteristic). A prevalência de hipocalcemia subclínica e metrite foram maiores em nosso estudo do que em estudos citados na literatura. A associação de alguns transtornos do pós-parto e alterações de dados clínicos, produtivos e laboratoriais em vacas hipocalcêmicas aumentaram o risco de ocorrência do transtorno em questão. O ponto de corte de cálcio iônico na 1ª semana pós-parto para cetose subclínica em nosso estudo foi de 2,5 mg/dL. Os pontos de corte de cálcio iônico para lipidose hepática e mastite na 1ª semana pós-parto são 2,44 e 2,65 mg/dL, respectivamente, e foram considerados precisos e apresentaram tendência à significância estatística. Os pontos de corte para retenção de placenta, deslocamento de abomaso, metrite e distocia não tiveram significado estatístico, sugerindo que a hipocalcemia não aparenta ser o fator de risco mais importante para determinar a ocorrência destes transtornos. Porém, a chance de animais hipocalcêmicos desenvolverem metrite é maior em vacas com distocia e em vacas primíparas.
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O principal objetivo deste trabalho é determinar se a hipocalcemia constitui um fator de risco para a ocorrência de transtornos do pós-parto (hipocalcemia clínica, cetose clínica, cetose subclínica, lipidose hepática, deslocamento de abomaso, mastite clínica, metrite, endometrite clínica, endometrite subclínica, retenção de placenta e distocia) e para diminuição da taxa de concepção ao primeiro serviço em vacas leiteiras. Foram avaliadas 259 vacas da raça Holandesa, provenientes de 9 fazendas comerciais em sistema de produção do tipo semi-confinamento, localizadas na região da Serra Gaúcha, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foram realizadas avaliações clínicas, reprodutivas e metabólicas semanalmente da 1ª até a 6ª semana. A avaliação clínica consistiu na determinação do escore de condição corporal, temperatura retal e registro de transtornos do pós-parto. A avaliação reprodutiva consistiu: (1) no exame do conteúdo vaginal dos animais, feito através do dispositivo Metricheck a fim de diagnosticar metrite (1ª, 2ª e 3ª semana) e endometrite clínicas (4ª, 5ª e 6ª semana), (2) na citologia uterina mediante o uso da Cytobrush com o intuito de diagnosticar endometrite subclínica nos animais que não apresentaram endometrite clínica e (3) na confirmação de gestação por ultrassonografia 30 dias após início da IATF. A avaliação metabólica foi realizada através das análises bioquímicas de beta-hidroxibutirato (BHB), colesterol e aspartato aminotransaminase (AST) por espectrofotometria automatizada e determinação de cálcio iônico pela técnica de eletrodo seletivo. O teste Qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fischer foram utilizados para as comparações de ocorrência dos transtornos do pós-parto avaliado com a calcemia, assim como avaliar as razões de prevalência do desenvolvimento de transtornos pós-parto em animais hipocalcêmicos para variáveis categóricas. Para determinar um ponto de corte próprio deste estudo para os dois grupos, foram realizadas análises ROC (Receiver Operator Characteristic). A prevalência de hipocalcemia subclínica e metrite foram maiores em nosso estudo do que em estudos citados na literatura. A associação de alguns transtornos do pós-parto e alterações de dados clínicos, produtivos e laboratoriais em vacas hipocalcêmicas aumentaram o risco de ocorrência do transtorno em questão. O ponto de corte de cálcio iônico na 1ª semana pós-parto para cetose subclínica em nosso estudo foi de 2,5 mg/dL. Os pontos de corte de cálcio iônico para lipidose hepática e mastite na 1ª semana pós-parto são 2,44 e 2,65 mg/dL, respectivamente, e foram considerados precisos e apresentaram tendência à significância estatística. Os pontos de corte para retenção de placenta, deslocamento de abomaso, metrite e distocia não tiveram significado estatístico, sugerindo que a hipocalcemia não aparenta ser o fator de risco mais importante para determinar a ocorrência destes transtornos. Porém, a chance de animais hipocalcêmicos desenvolverem metrite é maior em vacas com distocia e em vacas primíparas.The transition period is characterized by nutritional, metabolic, hormonal and immunological changes that have marked impact on the incidence of metabolic and infectious diseases. Cows with clinical hypocalcemia during the transitional period are more likely to develop uterine prolapse, clinical mastitis, dystocia and retained placenta. Likewise, cows with subclinical hypocalcemia are at increased risk of developing metritis, abomasal displacement and discard. The main objective of this work is to determine if hypocalcemia constitute a risk factor for the occurrence of postpartum disorders (clinical hypocalcaemia, clinical ketosis, subclinical ketosis, liver lipidosis, abomasal displacement, clinical mastitis, metritis, clinical endometritis, subclinical endometritis, placenta retention and dystocia) and to decrease the conception rate at the first service in dairy cows. 259 Holstein cows were evaluated, from 9 commercial farms in a semi-confinement production system, located in the Serra Gaúcha region, in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Clinical, reproductive and metabolic assessments will be carried out weekly from the 1st to the 6th week. The clinical evaluation consisted of determining the body condition score, rectal temperature and recording postpartum disorders. The reproductive evaluation consisted of (1) the examination of the vaginal content were done through the Metricheck device in order to diagnose metritis (1st, 2nd and 3rd week) and clinical endometritis (4th, 5th and 6th week); (2) in cytology uterine using the Cytobrush in order to diagnose subclinical endometritis in animals that did not present clinical endometritis; and (3) to confirm pregnancy by ultrasound 30 days after IATF initiation. The metabolic evaluation was carried out through biochemical analyzes of beta-hydroxybutyrate (BHB), cholesterol and aspartate aminotransaminase (AST) by automated spectrophotometry and determination of ionic calcium by the selective electrode technique. Pearson's Chi-square test or Fischer's exact test were used to compare the occurrence of postpartum disorders assessed with calcemia, as well as to assess the proportion ratios of the development of postpartum disorders in hypocalcemic animals to categorical variables. To determine a cutoff point of this study for both groups, ROC (Receiver Operator Characteristic) analyzes were performed. The prevalence of subclinical hypocalcemia and metritis was higher in our study than in studies cited in the literature. The prevalence of postpartum disorders between the 1st and 6th postpartum weeks of hypocalcemic and normocalcemic dairy cows did not show statistical difference. However, the association of some postpartum disorders and changes in clinical, productive and laboratory data in hypocalcemic cows increased the risk of occurrence of the disorder in question. The cut-off point for ionic calcium in the 1st postpartum week for subclinical ketosis in our study was 2.5 mg/dL. The cut-off points for ionic calcium for hepatic lipidosis and mastitis in the first postpartum week are 2.44 and 2.65 mg/dL, respectively, and were considered accurate and showed a tendency to statistical significance. The cutoff points for retained placenta, displacement of the abomasum, metritis and dystocia had no statistical significance, suggesting that hypocalcemia does not appear to be the most important risk factor for determining the occurrence of these disorders. However, the chance of hypocalcemic animals developing metritis is greater in cows with dystocia and in primiparous cows.application/pdfporHipocalcemiaTranstornos puerperaisVacas leiteirasPeríodo peripartoFatores de riscoPrevalênciaMetabolic diseasesTransition periodDairy cowsHipocalcemia subclínica como fator de risco para outros transtornos do pós-parto em vacas leiteiras : prevalência e incidênciainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de VeterináriaPrograma de Pós-Graduação em Ciências VeterináriasPorto Alegre, BR-RS2020doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001123666.pdf.txt001123666.pdf.txtExtracted Texttext/plain131748http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/219688/2/001123666.pdf.txtdd049618c3908709b26303c95533f53eMD52ORIGINAL001123666.pdfTexto completoapplication/pdf1423087http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/219688/1/001123666.pdf5301eda4e143c9ca3073276f179435d4MD5110183/2196882021-05-07 04:49:26.425271oai:www.lume.ufrgs.br:10183/219688Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-05-07T07:49:26Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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