Eucaristia e identidade dos cristãos segundo Justino Mártir
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/200179 |
Resumo: | Tendo em vista a relevância da compreensão da formação e do desenvolvimento do cristianismo contemplando os múltiplos aspectos que compõem o mundo romano, esta pesquisa pretende delimitar contornos específicos desse amplo cenário elegendo um objeto do II século. Dessa forma, tem-se por objetivo principal a compreensão da relação entre o ritual da eucaristia e a identidade dos cristãos a partir da análise dos escritos de Justino Mártir (100-165 d.C.). Por isso, desenvolve-se uma investigação histórico-cultural baseada em uma análise interna e externa dos documentos, empregando uma exegese histórico-crítica que procura compreender a função simbólica e discursiva das elaborações teológicas do autor dentro do seu contexto social. Nascido em Flávia Neápolis, cidade da antiga região da Samaria, Justino era provavelmente filho de pai latino e de um avô com nome grego. Estudou filosofia, mas se converteu ao cristianismo e se colocou em defesa da fé. As Apologias e o Diálogo com Trifão foram escritos aproximadamente entre os anos de 154 e 161 d.C., durante os governos de Antonino Pio e Marco Aurélio. Seus escritos manifestam uma tensão entre a imagem dos cristãos sob as sombras que acobertam suas reuniões transformando-os em alvo da resistência dos “outros” e o teor apologético que procura iluminar o reconhecimento dos fiéis por meio de suas celebrações e pelo exemplo de conduta que mantinham. Em seu discurso o apologista define quem são os “cristãos”, o que eles pensam e de que modo procedem em suas reuniões. Sua perspectiva apresenta tanto oposição às alegações anticristãs detectadas no Império Romano quanto associações e analogias com elementos da cultura greco-romana, com o intuito de estabelecer correlações que visam à aprovação de diversos aspectos da religião cristã pelos de fora. Em grande medida ele recorre a uma hermenêutica bem particular, aplicada aos textos proféticos e a uma comparação de aspectos culturais do mundo greco-romano para defender a fé cristã. Esta pesquisa nos permite compreender que a celebração da eucaristia se desenvolveu dentro de um processo histórico concomitante ao estabelecimento de fronteiras e delimitações entre vários grupos. Este processo envolve apropriação, ressignificação de elementos culturais comuns no mundo greco-ronano e a afirmação de identidades. Desse modo, a eucaristia aparece como uma celebração que distingue os cristãos dos judeus, diferenciando-os também de outros grupos cristãos que não a celebram no mesmo sentido, como os marcionitas, basilidianos e valentinianos. |
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Arzani, AlessandroMarshall, Francisco2019-10-08T03:46:59Z2019http://hdl.handle.net/10183/200179001102443Tendo em vista a relevância da compreensão da formação e do desenvolvimento do cristianismo contemplando os múltiplos aspectos que compõem o mundo romano, esta pesquisa pretende delimitar contornos específicos desse amplo cenário elegendo um objeto do II século. Dessa forma, tem-se por objetivo principal a compreensão da relação entre o ritual da eucaristia e a identidade dos cristãos a partir da análise dos escritos de Justino Mártir (100-165 d.C.). Por isso, desenvolve-se uma investigação histórico-cultural baseada em uma análise interna e externa dos documentos, empregando uma exegese histórico-crítica que procura compreender a função simbólica e discursiva das elaborações teológicas do autor dentro do seu contexto social. Nascido em Flávia Neápolis, cidade da antiga região da Samaria, Justino era provavelmente filho de pai latino e de um avô com nome grego. Estudou filosofia, mas se converteu ao cristianismo e se colocou em defesa da fé. As Apologias e o Diálogo com Trifão foram escritos aproximadamente entre os anos de 154 e 161 d.C., durante os governos de Antonino Pio e Marco Aurélio. Seus escritos manifestam uma tensão entre a imagem dos cristãos sob as sombras que acobertam suas reuniões transformando-os em alvo da resistência dos “outros” e o teor apologético que procura iluminar o reconhecimento dos fiéis por meio de suas celebrações e pelo exemplo de conduta que mantinham. Em seu discurso o apologista define quem são os “cristãos”, o que eles pensam e de que modo procedem em suas reuniões. Sua perspectiva apresenta tanto oposição às alegações anticristãs detectadas no Império Romano quanto associações e analogias com elementos da cultura greco-romana, com o intuito de estabelecer correlações que visam à aprovação de diversos aspectos da religião cristã pelos de fora. Em grande medida ele recorre a uma hermenêutica bem particular, aplicada aos textos proféticos e a uma comparação de aspectos culturais do mundo greco-romano para defender a fé cristã. Esta pesquisa nos permite compreender que a celebração da eucaristia se desenvolveu dentro de um processo histórico concomitante ao estabelecimento de fronteiras e delimitações entre vários grupos. Este processo envolve apropriação, ressignificação de elementos culturais comuns no mundo greco-ronano e a afirmação de identidades. Desse modo, a eucaristia aparece como uma celebração que distingue os cristãos dos judeus, diferenciando-os também de outros grupos cristãos que não a celebram no mesmo sentido, como os marcionitas, basilidianos e valentinianos.Taking into consideration the understanding’s relevance of the formation and development of Christianity contemplating the multiple aspects that form the Roman world, this research intends to delimit specific contours of this broad scenario choosing an object of the II century. In this way, the main objective is to understand the relationship between the Eucharist’s ritual and the identity of Christians, based on the analysis of the writings of Justin Martyr (100-165 AD). Therefore, a historical-cultural investigation is developed based on an internal and external examination of the documents, employing a historical-critical exegesis that seeks to understand the symbolic and discursive function of the author's theological elaborations within his social context. Born in Flavia Neapolis, an old city in the region of Samaria, Justin was probably the son of a Latin father and a grandfather with a Greek name. He studied philosophy but converted to Christianity. The Apologies and Dialogue with Trypho were written approximately between the years of 154 and 161 AD, during the governments of Antonino Pio and Marcus Aurelius. Their writings express a tension between the image of Christians upon the shadows that cover their meetings turning them into the target of the resistance of the "others" and the apologetic content that seeks to illuminate the recognition of the believers through their celebrations and the example of conduct that maintained. In his discourse, the apologist defines who the "Christians" are, what they think and how they proceed in their meetings. His perspective presents as much opposition to the anti-Christian claims detected in the Roman Empire as to associations and analogies with elements of Greco-Roman culture in order to establish correlations that aim to approve various aspects of the Christian religion by outsiders. Considerably he uses a very particular hermeneutic applied to the prophetic texts and comparison of cultural aspects of Greco-Roman world to defend the Christian faith. This research allows us to understand that the Eucharist’s celebration was developed within a concomitant historical process of establishment of borders and boundaries between various groups. Thus, the Eucharist appears as a celebration that distinguishes Christians from Jews, differentiating them also from other Christian groups that do not celebrate it in the same direction as the Marcionites, Basilidians, and Valentinians.application/pdfporJustino, santo, ca. 100-165Império romanoHistoria do cristianismoEucaristiaJustin MartyrRoman EmpireHistory of ChristianityEucharistEucaristia e identidade dos cristãos segundo Justino Mártirinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em HistóriaPorto Alegre, BR-RS2019doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001102443.pdf.txt001102443.pdf.txtExtracted Texttext/plain732156http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/200179/2/001102443.pdf.txtb8983ccdf4bd0418fc8ad2456de1fe28MD52ORIGINAL001102443.pdfTexto completoapplication/pdf5214143http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/200179/1/001102443.pdfab95ff6859cce28f76a544397daeb71aMD5110183/2001792019-10-09 03:47:25.343478oai:www.lume.ufrgs.br:10183/200179Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-10-09T06:47:25Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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