Representação do feminino em uma escritura desautorizada : Celeste, de Maria Benedita Câmara Bormann e O perdão, de Andradina Andrade de Oliveira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Salete Rosa Pezzi dos
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/12756
Resumo: A historiografia literária brasileira, em especial, a do século XIX e início do século XX, foi construída a partir de textos literários canônicos, vale dizer, textos de autoria masculina, o que resultou na invisibilidade da produção feminina da época. No século XX, a partir dos anos 80, fazendo coro com o que já ocorria em outros países, desenvolveram-se, no Brasil, estudos que focalizam questões referentes às diferenças de gênero e ao lugar que ocupa a mulher na sociedade, fomentando pesquisas que remetem às discussões sobre a mulher escritora, o cânone literário e as produções colocadas à sua margem. Nessa linha, esta tese destaca duas escritoras sul-rio-grandenses, Maria Benedita Câmara Bormann, com a obra Celeste (1893), e Andradina América Andrade de Oliveira, com a obra O perdão (1910), as quais não lograram um espaço em histórias da literatura brasileira. A investigação desse corpus examina a inserção dessas escritoras no contexto dos processos histórico-cultural de seu tempo, analisa o espaço do universo ficcional através das representações de gênero e do corpo feminino e das relações entre sujeito feminino e ideologia patriarcal bem como pontua posicionamentos de valor, inscritos na instância discursivo-textual, como forma de verificar como as obras dialogam com o seu tempo. A análise é pautada na apropriação de aportes da teoria feminista, como noções normativas de gênero, como aparato de poder e lugar de manutenção da ideologia patriarcal, e busca identificar como se dá sua construção, reprodução ou subversão nos textos, além de destacar as intervenções que ocorrem na ideologia que os fundamenta. Este estudo insere-se na área de Literatura Comparada pelo viés da interdisciplinaridade, o que possibilita o diálogo com outros campos do conhecimento como a psicanálise, a sociologia e a história. Foi possível evidenciar que o script narrativo de Celeste e O perdão desenha-se na contramão do cânone naturalista, na medida em que não subscreve o discurso perpassado pelo cientificismo, que reduz o sujeito feminino a um corpo histérico. O discurso narrativo das obras preserva a natureza humana das personagens, pois se distancia do estereótipo inscrito no modelo naturalista e evidencia o ponto de vista da narração feminina.
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Nessa linha, esta tese destaca duas escritoras sul-rio-grandenses, Maria Benedita Câmara Bormann, com a obra Celeste (1893), e Andradina América Andrade de Oliveira, com a obra O perdão (1910), as quais não lograram um espaço em histórias da literatura brasileira. A investigação desse corpus examina a inserção dessas escritoras no contexto dos processos histórico-cultural de seu tempo, analisa o espaço do universo ficcional através das representações de gênero e do corpo feminino e das relações entre sujeito feminino e ideologia patriarcal bem como pontua posicionamentos de valor, inscritos na instância discursivo-textual, como forma de verificar como as obras dialogam com o seu tempo. A análise é pautada na apropriação de aportes da teoria feminista, como noções normativas de gênero, como aparato de poder e lugar de manutenção da ideologia patriarcal, e busca identificar como se dá sua construção, reprodução ou subversão nos textos, além de destacar as intervenções que ocorrem na ideologia que os fundamenta. Este estudo insere-se na área de Literatura Comparada pelo viés da interdisciplinaridade, o que possibilita o diálogo com outros campos do conhecimento como a psicanálise, a sociologia e a história. Foi possível evidenciar que o script narrativo de Celeste e O perdão desenha-se na contramão do cânone naturalista, na medida em que não subscreve o discurso perpassado pelo cientificismo, que reduz o sujeito feminino a um corpo histérico. O discurso narrativo das obras preserva a natureza humana das personagens, pois se distancia do estereótipo inscrito no modelo naturalista e evidencia o ponto de vista da narração feminina.Brazilian literary historiography has been constructed, so far, on texts considered canonical, written by male writers, which has meant an invisibility of the production of female writers, particularly of the XIX and beginning of the XX centuries. In the last century, from the year of 1980 onwards, gender studies began to develop in Brazil, bringing into focus questions related to gender differences and women`s place in society, promoting nationwide researches about woman writers and discussions on the literary cannon and criteria of value judgements. In this context, this thesis approaches two forgotten gaúcha writers and two of their novels, Maria Benedita Câmara Bormann, with Celeste (1893), and Andradina América Andrade de Oliveira, with O Perdão (1910). The investigation of this corpus examines the insertion of these women writers in the historical-cultural context of their time, analyzes the space of the fictional universe through the representations of gender, female body, and the relations between female subject and patriarchal ideology and also examines plot and narration as a way to verify how the works enter into a dialogue with the deological formation of fin de siècle. The analysis is based on the appropriation of analytical categories from feminist theory such as gender as norm and critique within the context of power relation and patriarchal ideology in the light of which the reading of the novels illustrates the degree to which the texts construct, reproduce, and subvert norms of gender and intervene in the mandatory social arrangements in their time. This study defines itself within the area of comparative literature not only in terms of its methodology but also by means of an interdisciplinary focus. The study shows how the narrative designs of Celeste and O perdão intervene in the current naturalist form as they do not subscribe the discourse of scientificism that reduced the female subject to a hysterical body. The narrative discourse preserves the human qualities of the female subjects and highlight a female narrative voice.application/pdfporLiteratura comparadaBormann, Maria Benedita, 1853-1895Oliveira, Andradina América Andrade de, 1878-1935Mulheres na literaturaLiteratura sul-rio-grandenseRepresentação do feminino em uma escritura desautorizada : Celeste, de Maria Benedita Câmara Bormann e O perdão, de Andradina Andrade de Oliveirainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2007doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000632521.pdf000632521.pdfTexto completoapplication/pdf1083790http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12756/1/000632521.pdf0d7e1f705483c1c0a4b81264e06a92ccMD51TEXT000632521.pdf.txt000632521.pdf.txtExtracted Texttext/plain569923http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12756/2/000632521.pdf.txtd56292a6115c8d73cf4c24bd5696c9aaMD52THUMBNAIL000632521.pdf.jpg000632521.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1057http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/12756/3/000632521.pdf.jpga4786f214c1314ca53b2f11dbf8b8fdeMD5310183/127562019-10-12 03:53:20.462335oai:www.lume.ufrgs.br:10183/12756Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-10-12T06:53:20Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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