Comportamentos de movimento em adultos brasileiros e sua associação com doença hepática gordurosa

• Autor(a) principal: Santos, Danilo de Paula
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/268190
• topic: Figado gorduroso; Atividade motora; Sono; Epidemiologia; Adulto; Idoso; Prevalência; Comportamento sedentário; Estudos longitudinais; Brasil; Physical activity; Sedentary behavior; Sleep; Steatotic liver disease

Objetivos Qual a distribuição dos comportamentos de movimento e da inatividade física em adultos e idosos brasileiros? Esta distribuição está associada à prevalência de doença hepática gordurosa? Esta tese descreve, em adultos e idosos no estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), 1- a distribuição do tempo nos comportamentos de movimento nas 24 horas e níveis de atividade física geral conforme idade e sexo; a prevalência de inatividade física avaliada objetivamente além de sua associação com fatores sociodemográficos; 2- avalia a relação entre comportamentos de movimento e doença hepática gordurosa individualmente e em conjunto; investiga se estas associações sofrem modificação de efeito conforme idade, sexo, e duração do sono em adultos e idosos no estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) Métodos Foram utilizados dados da onda 3 do ELSA-Brasil (2017-2019), uma coorte ocupacional que avalia periodicamente funcionários de instituições públicas de ensino e pesquisa em seis capitais brasileiras. Os participantes utilizaram um acelerômetro Actigrah wGT3X-BT na cintura por 7 dias e preencheram um diário de sono. Foram analisados dados de participantes elegíveis que obtiveram dados válidos de acelerometria, com informações completas de variáveis de ajuste e para adjudicação dos desfechos. A partir da acelerometria e dados do diário de sono, descreveu-se o volume médio de aceleração e a duração média dos comportamentos de movimento (atividade física moderada e vigorosa - AFMV, atividade física leve - AFL, comportamento sedentário - CS e sono) conforme idade e sexo. Estimou-se também a prevalência de inatividade física (<150 minutos semanais de AFMV) conforme idade, sexo e fatores sociodemográficos (escolaridade, renda, raça/cor e status de aposentadoria) e foram calculadas razões de prevalência (RP) com modelos de Poisson. Para o estudo da associação entre comportamentos de movimento e doença hepática gordurosa foram identificados casos prevalentes de esteatose hepática com o Fatty Liver Index, com valores ≥60. Os participantes foram avaliados para presença de diabetes do tipo 2, sobrepeso e disfunções metabólicas, e classificados conforme presença de Doença esteatótica hepática associada a disfunção metabólica (em inglês, MASLD). Foram utilizados modelos de Poisson robustos restritos para estimar razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%), além de splines cúbicos restritos para avaliação forma funcional da relação entre comportamentos de movimento e presença de DHG. Para avaliação de possíveis efeitos de substituições entre comportamentos foi utilizada e transformação composicional e predição isotemporal. Os resultados foram estratificados por adesão às recomendações de sono (<7 horas e mais ≥7 horas por dia) e foi avaliada interação com idade e sexo. Resultados 9578 participantes apresentaram dados de acelerometria válidos, exclusões foram realizadas conforme ausência de covariáveis. No estudo 1 a amostra foi de 9279 participantes. A atividade geral foi mais alta em homens (11.82 mili-g, IC 95%11.7; 11.93) do que em mulheres (10.69 mg, IC 95% 10.6; 10.77) e reduziu com a idade – mulheres (-0.12mg/ano, IC 95% -0.13; -0.11) e homens (-0.16 mg/ano, IC 95% -0.17; -0.14). A distribuição do tempo nos comportamentos de movimento variou com o sexo e idade. No geral 14.4%(IC 95%13.7; 15.1) dos participantes eram inativos, com prevalência mais alta entre mulheres (16.4%, IC 95%15.4; 17.4 X 12.2%, IC 95%11; 13). A prevalência foi mais elevada entre os mais velhos, sem diferenças entre os sexos a partir de idade ≥80 anos. A aposentadoria associou-se a prevalência aumentada de inatividade – mulheres (RP 1.64 IC95% 1.38; 1.96) homens (RP 1.55 IC95% 1.21; 1.97). No estudo 2 foram analisados dados de 8569 participantes, dos quais 3764 (43.9%) tinham DEH. Maior atividade física geral se associou a menor prevalência de DEH, independentemente da duração do sono, de idade e do sexo (aumento de 1mg/dia: <7 horas/dia de sono 0,96 [IC95% 0,95 a 0,98], ≥7 horas/dia de sono RP 0,96 [IC95% 0,95 a 0,97]). Houve redução linear na prevalência de DEH conforme aumento nos níveis de AFMV (aumento de 30 minutos/dia <7h/dia de sono RP 0,85 [IC95% 0,79; 0,92], ≥ 7h/dia de sono RP 0,83 [IC95% 0,78; 0,87], e realocação de qualquer quantidade de tempo para AFMV foi inversamente associada a DEH. Conclusão Mulheres, idosos e aposentados apresentaram perfil menos ativo e com maior risco de eventos adversos à saúde. A atividade física geral e a AFMV associaram-se com menor prevalência de DEH, sendo a segunda independente do comportamento substituído, idade, sexo e da duração do sono.